terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Narrador-observador

Inicio mais um risco neste lugar já um tantão rabiscado. E como é divertido, prazeroso este ato, mesmo que não faça o menor sentido nessas postagens blogásticas. Apenas procuro mesclar estados de humor e espírito, e estes vêm desordenados, - aproximadamente como sou -, preencher a folha gasta.

No início predominava majestosamente o pronome "eu" , agora contemplo minha nova fase de enxergar outras pessoas sob gestos, emoções e ações inusitados. Por surgirem de fatos cotidianos não significa que não sejam fora do comum. Engraçado como apaguei várias observações antes como se elas fossem da menor importância. Estiveram sempre visíveis a mim, a qualquer outra pessoa.

É enaltecedor assumirmos com frequência a condição de narrador-observador. É como se estivéssemos contando histórias de vários gêneros simultaneamente, como se descobríssemos a forma de legendar as tão complexas emoções humanas. É realmente enriquecedor perceber em fatos simples e realísticos situações fantasiosas e tão curiosas envolvendo pessoas.

Portanto, pretendo continuar me arriscando como narradora-observadora. Essa história, espero, terá sempre continuidade; infindável com fins de mentirinha em cada parágrafo final.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Desconcertante meio sócio-familiar

Há momentos em que você pede pra não estar em determinado lugar não determinado por você, já que outra pessoa se encarregou disso, uma pessoa bem familiar, aliás.
Há momentos em que você pede para não existir e/ou daria tudo para se transformar num desses bichinhos que se escondem em baixo da terra.

É duro ligar essas conclusões à ideia de estar reunido por pura coerção a um monte de seres não identificados com a incrível habilidade de se multiplicarem a cada segundo. Às vezes me pergunto se esses indivíduos supostamente familiares são penetras ou sou eu que ando um tanto afastada de pessoas próximas a mim perante a árvore genealógica. Com resignação, concluo que a segunda opção é a mais adequada para o caso. Atribuo grande parte da culpa a terceiros, mas também admito que não me arrisco à aproximação diante do distanciamento geográfico e sociográfico.


Quando em momentos desconcertantes, de início, adere-se à postura padrão do agradável e simpático sorriso colgate. Aí, você finge que está super à vontade diante de tanta gente que não convive há 11 meses, desde a última festinha “em família”. Claro que a simulação de se sentir em casa, como dizem, está na cara para quem quiser ver que não passa de uma fachada. A partir do momento em que você tenta puxar assunto, dizendo: “- Nossa, que calor. Esse clima hein”, você já se denunciou; e o único conforto é que você ao menos tentou sair da enrascada.

De certo, não há nada mais constrangedor ao redor de uma mesa com pessoas do que o silêncio, considerando a hipótese de que não ocorrerá nenhum barraco por parte de outra pessoa supostamente da família.

E nomes, por que temos que ter nomes próprios? Pró-prios! Mais que carência patética essa invenção de termos nomes para chamá-los de nossos. É assustador como algo tão mínimo quanto um nome possa causar tanto desconforto quando, confusamente, não o chamamos ou não o pronunciamos corretamente; ou quando numa situação sociável você apresenta alguém que você tem o nome na ponta da língua, mas o bendito teima em se restringir a ficar somente na língua e não sair verbalmente. Para evitar tais embaraços, simplesmente não deveríamos dar nomes aos próximos bebês que estiverem para nascer, talvez imagens simbólicas que fizessem as pessoas associarem de imediato à pessoa em questão: - moranguinha, como está?, a alguém muito meiga. Ou: “- E aí, onnda?!, ao surfista.


Essa época festiva de fim de ano é mesmo muito cruel ao nos colocar em apuros sociológicos. E continuo resmungando e concluindo que há desconcertantes momentos que não deveriam ocupar o espaço-tempo desse mundinho.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Olhar da janela urbana

Constantemente, meus olhos atentos registram imagens através da janela urbana. A miséria é tanta que não posso me manter imune.

É imensurável o número de gente que circula naquele semáforo da avenida, e posso deduzir que a maioria não se deixa seduzir pela imagem que fotografei dia desses; ela instantaneamente revelou-se em mim por meio de sentimentos.

O sujeito que ocupa essa imagem está sentado tão desajeitadamente, mais parecendo que alguém o jogou ali por desprezo. Se você passar por lá, verá - caso se permita enxergar - um velhinho no canteiro central, próximo à faixa de pedestre. Ao seu lado, sua companheira: uma cadeira de rodas tão fragilizada quanto seu proprietário; pressinto ser ela incapaz de sustentar a dor que sobrevive no vazio dos olhos do homem.

Os olhos, parte de mais destaque a ocupar o segundo plano de uma dentre as milhares de cenas soturnas da cidade ou do campo.

Na circunstância, permiti que eles ocupassem o primeiro plano. Concentrei-me em buscar o que aqueles olhos sombrios (embora de cor clara) estavam mirando e não encontrei. Pensei que eles poderiam ser cegos por vontade própria de seu dono, e até agora permanece a dúvida.

Analisando mais um ângulo da imagem, posso visualizar a mão esquerda da personificação da exclusão social. A mão permeada de sinais da velhice não está estendida pedindo trocado; parece estar conformada descansando muito quieta sobre o chão.

E minha mente sob efeitos de relâmpagos me mostrou diversas cenas que contrastavam com o momento. Eu podia ver imagens do luxo cômodo de poucos. Poucos encarcerados e invisíveis atrás dos vidros fumês de seus veículos.

Foi então que, olhando através da janela, deixei que a forte emoção cuidasse de desaguar a misericórdia, - que disputava com o coração o cantinho apertado do meu peito-. Foi o contato mais próximo que já tive com aquele e aquilo que considero Divino.

domingo, 20 de dezembro de 2009

"- Olha a á-gua e o salgado!...Olha a á-gua ..."

Devo insistir em relatar fatos curiosos ocorridos nas circunstâncias em que estou como carga humana transportável.

Como moro absurdamente longe dos lugares mais requisitados, passo a maior parte do tempo dentro de um veículo e quase a mesma duração esperando por ele.

E é à espera dele, do querido e raro ônibus, - independente da linha a qual ele pertence, sempre terá essa qualidade única de jóia rara e o hábito de se fazer de difícil quando mais se precisa dele -, que costumo ouvir o fascinante aviso persuasivo, se me permitem a ironia:


"OLHA A ÁGUA... E O SALGADO,
OLHA A ÁGUA... E O SALGADO,
OLHA A Á-GUA E O SALGADO,
OLHA A Á-GUA E O SALGADO...
"

A vendedora ambulante de cabelos longos e negros parece não se cansar. Queria eu ter tamanha obstinação. Ela está sempre a passos lentos de um lado para outro, pronunciando o mesmo imperativo com vago jeito de slogan:

"OLHA A ÁGUA... E O SALGADO,
OLHA A ÁGUA... E O SALGADO,
OLHA A Á-GUA E O SALGADO..."

Eu e as pessoas da parada somos capazes de calcular corretamente o intervalo entre uma frase e outra: Olha a água e o salgado! - [3 segundos] - Olha a água e o salgado! - [3 segundos] -; e assim se segue.

Sempre que ouço o slogan, fico imaginando a tal combinação entre água e salgado e logo me dá aquela azia em pensamento. Sábia é a química ao afirmar que água e óleo não se misturam.

Certa vez, aproveitei uma oportunidade para esclarecer uma dúvida e, fingindo estar interessada no salgado, perguntei também:
-Pra beber, você só tem água mesmo, então?!

Sim. O anúncio repetidamente irritante para olharmos para a água, que é apenas água, e o salgado, que é apenas salgado - visto que nossa vendedora poupa adjetivos aos simplórios produtos- é baseado em informação verídica. Ela realmente só vende água e salgado. Até perguntei por que não vender refrigerante também, e olha que curioso: ninguém sente falta dele. Disse ela que já tentou investir no refri e não deu certo.

A maioria dos clientes se veem levados até a vendedora para comprar só uma simples garrafinha d'água mesmo. Vai ver o calor estonteante do local faz as pessoas negarem a existência do salgado e terem a certeza saudável de que H2O é insubstituível.

Os salgadinhos, tadinhos, ficam confinados em saquinhos plásticos, se sentindo uns velhos abandonados num asilo. Se estivessem bem acompanhados, duvido que seriam desprezados.

Acho que a mulher do olha a á-gua e o salgado deveria desistir deles ou então criar uma nova categoria de casadinhos não-doces: cerveja bem gelada + salgadinhos de recheios irresistivelmente bem temperados.

Então, vai uma água e um salgado aí?!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Comércio rosinha cruel.

O comércio quer me ver pelas costas, com toda a força da expressão. O comércio deve querer cravar uma linda faca reluzente covardemente nas minhas costas, sem que eu tenha qualquer chance de defesa. Se você acha esse comentário exagero de mente insana, peço que se situe na situação em que me encontro.

Dia desses estava eu numa sala de mulheres (qualquer sala em que só contém mulheres), e tirei a conclusão de que ser do sexo feminino seja a minha única semelhança com elas. E será que sou mesmo mulher? Mas que dúvida estúpida, sou mulher e tenho uma sensibilidade cor de rosa. Mas será que o fato de não me atrair muito por produtos rosinhas nega essas evidências biológicas?

Vou dar continuidade à descrição da situação que gerou todas essas crises existenciais.

Uma das mulheres entrou na sala exultando. Afinal, ela poderia enfim mostrar a novidade tirando-a da sacola. Eram sandálias, dessas rasteiras com um toque glamouroso de pedrinhas brilhantes. Deu um sorriso descomunal ao informar o valor super em conta e de imediato calçou um dos pares; acho que se pudesse, ela usaria os dois ao mesmo tempo.

E, falando em sandália, logo uma segunda mulher se manisfestou desabafando toda sua preocupação quanto à festa que a aguardava. Ela precisava de conselho se determinada sandália combinava com a roupa que pretendia ir. E, sinceramente, não sei que obsessão é essa de querer combinar tudo. Talvez isso exista desde o princípio do Universo. A Eva devia se perguntar se a pessoa dela realmente combinava com Adão. Caso ela julgasse que não, estaríamos perdidos, não teríamos a chance de existir hoje.

Certamente você deve imaginar que não só essas duas mulheres interrompiam o silêncio do recinto. Outra mulher criou um novo assunto. Tratava-se de seus relatos de experiências cirúrgicas anteriores e da próxima a se realizar. Por curiosidade consegui estabelecer contato, procurando entender por que as pessoas se submetem ao tira daqui coloca acolá das cirurgias plásticas. Obviamente que os motivos são infinitos, mas a razão maior não é novidade pra ninguém: ter a beleza inspirada das bonecas Barbies.

Continuei sustentando o contato apenas com interjeições comuns, como hum, ah, sério?. E cometi o terrível erro de fazer breves perguntas, o que só alongou ainda mais as falas da interlocutora, fazendo do diálogo algo chatissimamente maçante, embora tenha eu extraído parte interessante.

Quando o assunto pareceu calar, voltei ao que fazia antes: somente observar. Então, olho para o lado e vejo a consumidora feliz tirar fotos com todo cuidado para os enquadramentos das mais novas sandálias saírem perfeitos. Imaginei ela postando no twitpic para as outras mulheres ficarem por dentro da nova aquisição. Olha, não é linda? E aí daria-se a sequência de todo aquele blá blá blá novamente.

Você que se deu ao trabalho de ler até aqui deve estar pensando: Essa garota deve ter alguma anomalia! Vai dizer que você também nunca ficou alegre e satisfeita com uma compra?. Devo responder que sim, mas não, quando o produto é rosinha. Desse tipo compro raramente, e sempre em último caso, a tal ponto da sandália ou vestido quase implorarem pedindo que eu os deixe viver seus últimos dias no recanto do guarda-roupas mórbidas ou caridosamente sob o poder dos mais necessitados.

É por isso que tenho toda essa convicção de que o comércio de produtos rosados quer me apunhalar pelas costas. Ouço até uma voz rouca e voraz me chantageando:

-COMPRE ISSO AGORA MESMO OU VOCÊ SERÁ FEIOSA POR TODA A ETERNIDADE!

Ele não só ameaça, como também debocha de mim ao ofertar produtos com curtíssimos prazos de vida. Oh, céus, já sinto até a pontada da faca entrando na minha pele não melecada por milagrosos hidratantes.

Risco alheio - Marisa Monte

O Bonde do Dom
Marisa Monte

Composição: Arnaldo Antunes / Carlinhos Brown / Marisa Monte

Novo dia
Sigo pensando em você
Fico tão leve que não levo padecer
Trabalho em samba e não posso reclamar
Vivo cantando só para te tocar

Todo dia
Vivo pensando em casar
Juntar as rimas como um pobre popular
Subir na vida com você em meu altar
Sigo tocando só para te cantar

É o bonde do dom que me leva
Os anjos que me carregam
Os automóveis que me cercam
Os santos que me projetam
Nas asas do bem desse mundo
Carregam um quintal lá no fundo
A água do mar me bebe
A sede de ti prossegue
A sede de ti...

Obrigada, amor.

E quando o que é triste resolve me abordar novamente quase me sequestrando, sem a menor chance de minha devolução a quem tanto gosta de mim, o que se chama amor fala em voz suave ao mesmo tempo forte.

Como por intermédio de um milagre, ele me traz de volta sem deixar rastros para o sequestrador.

Obrigada, amor.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os Jesuítas dos terminais

É realmente inspiradora essa vida de passageira de ônibus. Se você ler de vez em quando este blog meio 'grog' já deve ter observado que a maioria dos temas que extraio para destilá-los aqui vem dessas experiências cotidianas dos terminais de ônibus de Fortaleza - CE.

Já comentei que Riscos em Rascunhos está mais para "Diário de uma passageira contente". Sim, contente. Afinal, temos a séria tendência de rir de tudo, até dos problemas mais esdrúxulos.

Jaz logo abaixo uma observação que venho cozinhando há tempos dentro da minha panelinha que ferve sempre ao pensar:

" - Jesuuuus está voltando". Grita o profeta que migra pelos terminais de ônibus da cidade.

Logo ali, na fila em forma de serpente (dessas de jogo de celular), ele voltou. Não ele Jesus, como diz o profeta do terminal, mas ele: o jesuíta.

Sabe aquela velha história do processo de catequisação dos índios contada onde foi um dia o seu colégio? Pois é, a verdade é que essa velha história está mais viva do que nunca, tão viva que você pode respirá-la. Até você que nem lembra qual a última vez que passou por um terminal de ônibus na vida. Isso porque eles têm o poder da onipresença.

Tenho quase certeza que em toda parte eles estão com suas bíblias bem preservadas em volta de couro preto, isso sem esquecer do cheiroso e arrumadinho marketing pessoal. Os jesuítas de hoje não precisam de vestimentas sagradas, basta uma gravatinha e calça social. Eles têm como missão propagar a fé.

Não pense, internauta-leitor, que eu venho aqui para criticá-los; acho isso bonito, sério. Não generalizo. Isso é bonito porque , ao contrário de muita embalagem humana oca se anunciando por aí, eles acreditam em algo. Eles creem, e creem com tanta força que, ingenuamente esquecem de dar um alívio pros nossos tímpanos; estes um tanto sensíveis e já desgastados pela ação dos mp3 (música preferida móvel elevada ao cubo) e dos paredões de som dos vizinhos malcriados.

Resolvi teimar em ver o lado bom dos fatos, de modo que agora tenho certeza que nem todas essas figuras contemporâneas querem tirar proveito de tudo ou de toda sua boa vontade. E termina aqui mais um relato dessa talvez eterna passageira de ônibus.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Por que não redes?

No sufoco do transporte hoje ocorreu-me uma imaginação relaxante:

Por que não, ao invés de rígidas cadeiras ou pequeno espaço do chão para colocar o pé, redes! Por que não redes? Imagine só você pegando o busão do dia, subir, passar a roleta, tirar do bolso ou da bolsa uma rede de bolso. Aí você montaria em lugar disponível e ficaria ali, cochilando na matina a caminho do trabalho.

Entrariam dois novos produtos no mercado: rede de bolso e transporte público adaptado para os viajantes chegarem tranquilamente aos seus destinos sob o embalo da rede. Abriria-se vaga para profissional que teria como função avisar que a parada de cada passageiro está próxima.

E alguém tenta apagar o balão da minha imaginação sentenciando: "A ideia da rede é legal, mas diminuiria muito a capacidade de lotação dos ônibus". Então, despreocupo-me pensando que não custa nada fantasiar só o lado bom e vantajoso das ideias mirabolantes.

Humm, seria bem confortante e divertido. O veículo lá naquela inércia tola, sua rede batendo na do vizinho e você dizendo quase sonhando: Bom dia! Desculpa aí.

Seria uma brincadeira de navegantes no mar revolto.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Que está mesmo para cair.


Não sei se é paranóia, essa criatura a ocupar o conturbado espaço de minha massa cerebral pensante. Essa coisa chamada iminência, repleta de qualidade de iminente, última palavra essa que o nosso ilustríssimo dicionário explica em pouca e esclarecedora expressão: "que está mesmo para cair". Oh não, algo vai 'realmente mesmo' cair e não se sabe de qual direção ou dimensão.

Se a velhinha vai tropeçar na escada, se alguém vai pisar no meu dedo machucado, se esse planeta vai parar assustadoramente estático. E por que tudo isso é absolutamente incessante? As sinapses, as mazelas, os passantes.

Poderia listar aqui milhões de coisas que estão quase para acontecer que não podemos prever. Seremos pegos de surpresa, como um assaltante de banco pegando carona do policial incorrupto.

E a minha querida iminente está sempre martelando na minha cabeça, se propagando em ecos surdos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Uma vozsinha aqui.


Que bom essa minha necessidade de transporte público. Sempre tenho boas vivências e observações a fazer no interior dos ônibus. Ontem mesmo pude contemplar uma projeção do que sempre pensei ser.

Caminhando por meio de passos apreensivos até o meio do ônibus, pude ouvir aquela vozinha de menina cantarolando canções de sonhos. O repertório era extenso e durou quase a viagem inteira.

A menina cantava em alto e bom som, sem medo de qualquer recriminação dos adultos que a cercavam. Estes sim, ao contrário do que se pensa, não se sentiram incomodados pela "rádio" da menina.

O repertório era assim: começava com aquelas canções comuns de natal, e depois partia para aquelas cantadas no 'jardim 1' em formação de filinhas no estilo trenzinho da alegria. Foi assim até que a vozinha sofreu uma interrupção abrupta e a pequena cantora disse em tom tranquilizador:

- Calma, gente. Em 10 minutos a rádio volta com novas canções. Humm...Olha só, mal completou 1 minuto e já lembrei de mais músicas pra vocês.

E assim o som da vozsinha logo voltou a viajar pelo vento que vinha pela janela. Não me engano, tenho por mim que o ar da noite esperava ansiosamente por novas melodias pueris, quase sendo capaz de atravessar o vidro.

Ao mesmo tempo que essa situação singela me fazia esboçar um sorriso cheio de esperança e paz, logo me recordei de meu antigo costume: de cantar no chuveiro, no espelho, num cantinho só meu, em que ninguém pudesse adentrar de surpresa.

Acho que abri mão de muitas coisas que fazem eu me sentir viva: cantar, dançar, sonhar, imaginar. Hoje, me refugio dentro de histórias clássicas que me trazem a magia da infância esquecida. E essa tem sido a minha forma de ver o essencial com o coração( ideia sábia de O PEQUENO PRÍNCIPE).

Esquecendo agora um pouco de mim, volto a me lembrar da vozinha. Tive tanta vontade de pedir um autógrafo pra menininha na hora da descida do ônibus; mais uma vontade, vinda direto do pedacinho pulsante de mim, que sufoquei.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Risco alheio - O Pequeno Príncipe

"As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo
amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua
voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas? "Mas
perguntam:
"Qual é sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa?
Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos
às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas
no telhado. . . " elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso
dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"
Assim, se a gente lhes disser: "A prova de que o principezinho existia é que ele era
encantador, que ele ria, e que ele queria um carneiro. Quando alguém quer um carneiro, é
porque existe" elas darão de ombros e nos chamarão de criança! Mas se dissermos: "O
planeta de onde ele vinha é o asteróide B 612" ficarão inteiramente convencidas, e não
amolarão com perguntas. Elas são assim mesmo.
É preciso não lhes querer mal por isso. As crianças devem ser muito indulgentes
com as pessoas grandes.
Mas nós, nós que compreendemos a vida, nós não ligamos aos números !
...
Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci."

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Passamos rápido.


Costumam dizer que a vida passa rápido, mas nesses últimos anos tenho notado que não é ela que vai embora sem aviso, são as pessoas. Surgem, ressurgem, desaparecem como uma mágica sem truques.

Dessas pessoas, muitas te marcam, tanto pelas suas qualidades quanto pelos seus defeitos. E por mais que a tendência maior seja uniformizar, tornar as semelhanças tão evidentes a ponto de só visualizarmos coisas, expressões, formas parecidas, essas pessoas que já passaram ou que ainda vão cruzar nosso caminho são únicas e só elas por si mesmas.

Cansei de tentar encontrar definições para o que diabos é vida.
Não precisamos alcançar isso que se chama vida, ela que se esforce para acompanhar esse nosso ritmo frenético. Uma hora somos assim, outra já não somos, nem pensamos como antigamente.

E diante de nós, a vida se vê desafiada.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O pior dos pesadelos


Devoro minúsculas partículas de mim, como se o gesto pudesse me contentar com tão pouco, como se essa tentativa vã pudesse dissipar essa ansiedade que aqui se instala. A inércia me incomoda e mesmo assim me submeto como se fizesse mesmo parte de mim,algo que abomino.

E só eu posso me tirar daqui, onde até seres inanimados me vigiam, apenas esperando uma imaginação fértil de minha mente para se revelarem na penumbra,fantasmagóricos. Eles são indiscutivelmente reais, exatamente como são em meu pior pesadelo: o da autoanálise.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Risco alheio - Anjos e Demônios

" O crescimento científico é exponencial. Alimenta-se de si mesmo como um vírus. Cada novo avanço abre caminho para outros novos avanços. A humanidade levou milhares de anos para evoluir da roda para o carro. E apenas décadas do carro para o espaço. Atualmente, calculamos por semana o progresso cintífico. Estamos girando fora de controle. O abismo entre nós se aprofunda sem parar e, à medida que a religião vai ficando para trás, as pessoas se vêem em um vazio espiritual. Imploramos pelo sentido das coisas. E, acreditem, imploramos de fato. Vemos OVNIs, frequentamos médiuns, buscamos contato com os espíritos, experiências extracorpóreas, uso do poder mental - todas essas ideias excêntricas têm um verniz científico, mas não descaradamente irracionais. São o grito desesperado da alma moderna, solitária e atormentada, deformada por seu próprio esclarecimento e por sua incapacidade de aceitar que haja sentido em qualquer coisa que seja estranha à tecnologia."


Pags 315 e 316 - Cap.94
Anjos e Demônios - Dan Brown

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Patologia

Eu preciso me tratar, falo sério. Estou, assim como você, inserida nessa sociedade louca contemporânea instantânea. Tenho pressa, muita pressa, e tenho por mim que minha doença não é só essa.

Temos fortes tendências a criar problemas dos mais obscuros recantos da mente. Uma pena que isso se reflita no físico, e então o cansaço é inevitável. A insanidade, meu amigo, é a única coisa certa nessa vida, além da morte, claro.

Acredito veementemente que os chamados loucos são menos pirados que a gente que se diz "normal". Eles não são mascarados, estão ali pra todo mundo ver e julgar. Não entendo de onde vem esse medo de ser julgado, quer dizer, acho que entendo, afinal, é muita pressão por todos os lados. Acabamos presos num labirinto feito ratos. Todo dia um experimento diferente, pra ver se a gente resiste à violência, ao estresse, ao bombardeio mediático.

A doença fica crônica e aí vem os exemplos de superação da novela das nove, a mensagem está clara: conforme-se, indivíduo, com suas desgraças!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Floratta in Lilac de presente (1 novembro)


Certa vez, eu vi o céu ficar lilás, quase rosa. Aquela visão foi a mais linda que meus olhos já puderam ver. Aquele cheirinho de brisa, o toque mais acariciador que já senti.

O cheirinho bom daquele fim de tarde batizei como o cheiro de pôr-do-sol. E por ter sido um dos momentos mais marcantes que já vivi, quero dividí-lo com você.

Um presente feito da essência do Sol poente, e, principalmente, da essência de meus sentimentos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mais familiar


Um dia você será mais doce,
mais suave do que uma linda canção
Eu vou estar aqui pra ver você mudar

Você será menos tensa,
de paz mais intensa
Sei que um dia vou chegar pra conversar,
suas palavras vão me acolher de um jeito particular

Você será mais amiga,
me parecerá mais familiar
Por enquanto, deixe como estar
Calo o que eu pensar,
fujo de suas tempestades
espero o tempo te mostrar que é bom mudar

E um dia você vai me parecer mais familiar

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Anestesia geral


inconsciência reversível
imobilidade
analgesia
bloqueio dos reflexos autonômicos
hipnose

É assim que a maioria de nós anda,apáticos no desânimo, anestesiados, completamente imóveis. O que vivemos, para nós, não vale a pena. Não é nada do que sonhamos; e, no entanto, permanecemos estáticos, fazendo as mesmas coisas de sempre. E não há quase nada que nos desperte. Sonâmbulos,fazemos quase tudo ligados no automático. E bem que eu queria não fazer parte dessa maioria.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Risco alheio_Green eyes (Coldplay)

Honey you are a rock
Upon which I stand
And I come here to talk
I hope you understand

CHORUS

The green eyes
Yeah the spotlight
Shines upon you
How could
Anybody
Deny you?

I came here with a load
And it feels so much lighter
Now I've met you
And honey you should know
That I could never go on
Without you
Green eyes


Honey you are the sea
Upon which I float
And I came here to talk
I think you should know

CHORUS

The green eyes
You're the one that
I wanted to find
Anyone who
Tried to deny you
Must be out of their mind

'Cause I came here with a load
And it feels so much lighter
Since I've met you
And honey you should know
That I could never go on
Without you

Green eyes
Green eyes ohohohoh
Ohohohoh
Ohohohoh
Ohohohoh

Honey you are a rock
Upon which I stand...

sábado, 26 de setembro de 2009

No império do tempo

A vida prossegue e eu tenho que acompanhar o ritmo.
Mas, queria me manter aqui, quietinha, vendo tudo passar lentamente.
Sem exigências, sem me subordinar ao império do tempo.

Não quero nada, e queria poder não querer absolutamente nada.
Parece que tem uma voz ecoando dentro de todos: "Sonhe, sonhe, queira isso, queira aquilo, corra atrás!"
Será que alguém pode simplesmente não querer?

Não quero nada, talvez no nada eu encontre pequenas coisas, minúsculas coisas essenciais numa vida inteira, como uma gota de chuva, transparente e verdadeira ao distorcer o que lhes apresentam como verdades absolutas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Cadê ela?

Ora, vejamos, a moça que escrevia aqui sumiu novamente!
O que ela anda pensando, o que ela anda fazendo?


Talvez não planejando nada para os próximos anos
Talvez jogada no lixo que não tem lixo, só gente
Talvez concursada fazendo a mesma coisa todo dia

Talvez perdida em infinitas incertezas.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Como dias e noites

Como os dias e as noites,
eu vou e volto,passo rápido
Assim como o vento, que às vezes sopra sem força
E assim como a tempestade, chego na vida dos outros sem aviso

Algumas vezes você me verá sombria, assim, como quando as nuvens cobrem a Lua.
Certas vezes, me verá impaciente,fazendo tic-tac.s com o pé direito,à espera - na fila da felicidade

Se a calmaria me alcançar, é porque uma catástrofe já desabou sobre mim,
Se ver lágrimas deslizarem em mim, não descarte a possibilidade de serem feitas de alegria

Como dias e noites,me repito - torcendo para que me venha uma nova estação.
Como dias e noites,
vou e volto,
Sempre volto.

domingo, 16 de agosto de 2009

A menina que dança com as estrelas

Ela resolveu não ser estrela
Prefere arriscar passos em performance esquisita
Ela preferiu não alongar seus braços de elástico
Ela visitou aquele universo,
sem sequer desgrudar os pés de seu mundo muito menino
Ela ensinou o ritmo da emoção
àqueles pedacinhos de luzes da imensidão

Ela é essa menina que dança com as estrelas.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os Reis Preguiçosos!


Reis Preguiçosos. Bem, de preguiçosos eles não tinham nada, pude apreciar o espetáculo, aliás, os espetáculos. Uma verdadeira e inovadora procissão dos amantes de artes cênicas.

Amei, amamos tudo aquilo: personagens transcendentais, imagens surrealistas, e todas aquelas pessoas felizes da vida, pois puderam estar de volta ao mundo da fantasia sem pagar um centavo pra isso, de certo que a maioria se sentiu tentado a comprar uma lembrança em forma de cd e blusa.

Nem me recordo da última vez que assisti a um espetáculo circense, se bem que circense não é a melhor definição para a companhia francesa que deu um pulo em Fortaleza dia desses; Fortaleza não, mais parecia que estávamos em outra época em um país desconhecido, com uma magia incontestável.

Reis Preguiçosos. Reis que exibiam encantos adormecidos em nossa alma.

Queríamos que o tempo parasse ali.
Queríamos viver só do imaginário que nossa criatividade, por alguns instantes desperta, nos permite.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Leve




Vem, nos leve, Leveza. De leve nos sequestre pra esse lugar,diferente daqui, do que já vi. Onde a gente pode respirar,sem medo de aspirar escuridão,onde cada folhinha, mesmo seca e desbotada, é essencial para compor o cenário surpreendente.

Leveza, você tem de nos levar para lá. Lá onde a gente também pode ser seco e desbotado.

sábado, 1 de agosto de 2009

A mulher dos churros


Churros tão doces são, principalmente aqueles da vendedora da esquina. Dizem que são os melhores da cidade, e a preços também adocicados. A mulher dos churros vende churros que de tão deliciosos se tornam meigos, dando até dó de devorá-los com toda nossa gula - necessidade voraz a tudo que nos proporcione um tantinho de alegria, passageira, mas alegria.

Naquele tímido ponto de venda, a vida, como sempre, apresenta seus contrastes. A mulher dos churros parece tão amarga, tão sofrida, e apresenta uma face exausta, impossibilitada de esboçar sequer um meio sorriso. Parece não responder a nenhum estímulo, inanimada.

Distraída,esqueço de entregar a moeda, ela fica ali parada esperando, e então sorrio um sorriso desconsertado já fazendo a troca, e ela, bem, ela não demonstra qualquer reação, nem mesmo de indignação momentânea pelo esquecimento.

Mulher amarga dos churros muito doces,até mais.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Fones de escape


Olhe ao seu redor. Quantas pessoas com fones grudados nas orelhas? Vejo daqui um rapaz tocando numa bateria imaginária; a moça mexendo no seu minúsculo mp3, parece atônita procurando a canção que embala sua vida.

É, a música sempre foi um refúgio. Levamos os fones aos ouvidos e ficamos ali, estáticos ou balançando o pé preferido ao ritmo favorito do playlist infinito.

Desligamo-nos do mundo, de olhos fechados, audição afiada. Desligamo-nos imersos no que realmente toca para nós, em nós.

Risco alheio - Na voz de Zélia Duncan


Álbum: Pelo sabor do gesto

TELHADOS DE PARIS
Nei Lisboa

Venta, ali se vê
Aonde o arvoredo inventa um balé
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoa, sem nada
Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
Que mora ao lado, mas parece outro país
Que me estranha, mas não sabe se é feliz
E não entende quando eu grito
Eu tenho os olhos doidos, já vi
Meus olhos doidos são doidos por ti
O tempo se foi
Há tempos que eu já desisti
Dos planos daquele assalto
De versos retos, corretos
E o resto de paixão, reguei
Vai servir pra nós
E o doce da loucura é seu, é meu
Pra usar a sós

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Se faz sentido

Nada pra dizer. Hoje é um dia assim, nada pra falar, pra cantar, pra fantasiar. O cotidiano tem essas coisas. Tão vazio e simples, tão imenso e demorado, custa até a acreditar que estamos inseridos nele. Custa estar aqui, custa muito.

Nesse mundo gigante, que às vezes parece pequeno; a Terra gira em tempo imperceptível, mas alguns percebem. Parece que estamos andando realmente em círculos, sempre saindo da mesma linha de chegada e voltando para a mesma de partida.

Se isso faz sentido, nem sei.

terça-feira, 21 de julho de 2009

De onde vem, linda menina?


De onde vem essa apatia,linda menina? Seus olhos não falam como antes. As maças de seu rostinho perderam o rubro de morango. E agora é assim, indiferente. É tão evidente que para você nada mais importa, o que fizeram com você? E aquele jeito angelical que fazia qualquer um pensar estar além da terra? E aquelas suas artimanhas para chamar atenção? Agora, a linha que te mantém aqui parece tão tênue.

E o que mais me intriga: você saiu dizendo que ia brincar com a amiguinha na casa da vizinha; saiu com uma boneca de plástico nos braços, e agora carrega uma boneca vívida, exatamente como você era.

Risco alheio- letra



Adriana Calcanhotto ou partimpim sempre nos leva a uma fantástica viagem pelo mundo imaginário. Trabalhos encantadores! Abaixo, letra de música de seu trabalho de 2005: Ser de sagitário.

Ser de sagitário
Péricles Cavalcanti


Você metade gente
e metade cavalo
Durante o fim do ano
cruza o planetário

Cavalga elegância
Cabeça em pé de guerra mansa
Nas mãos arco e flecha
Meu coração
Aguarda e acompanha
seu itinerário
Até o fim do ano
ser de sagitário

Você metade gente
e metade cavalo


© Editora Copyrights
BRBMG0400009
teclados, regência das crianças e berra-boi: Sacha Amback
berra-boi, moringa e vassourinha: Marcelo Costa
violão e berra-boi: Celso Fonseca
baixo acústico: Jorge Helder
coro crianças: Flora Diegues
coro crianças: Luiza Mayall
guitarra: Pedro Sá
coro crianças: Dayan Israel
coro crianças: Gabriel Haddad
coro crianças: Isaac Dahora
coro crianças: Matheus Haddad
coro crianças: Nana Terra
coro crianças: Naiara Terra
coro crianças: Pedro Rubin
clarinete: Dirceu Leitte

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Quando, amigo.

Quando faltar inspiração, amigo.
Quando bater aquela solidão, amigo.
Quando quiser compartilhar, amigo.
Quando não quiser ver o tempo passar, amigo.
Quando precisar do famoso ombro amigo, amigo.
Quando pensar em rir pra não chorar, amigo.
Quando sonhar sem sentido, amigo.
Quando tentar alcançar, amigo.
Quando achar tudo isso bla bla blá, amigo.
Quando pensar em não mais ficar, amigo.
Quando o mundo desabar, amigo.
Quando o quando não permanecer, amigo.
Quando entristecer, amigo.
Quando, quando, quando,
para todo e qualquer momento, amigos.

A todos meus amigos.

sábado, 18 de julho de 2009

Cuca leve


Foram-se os longos fios quebradiços. Cuca mais leve que pluma. A consciência agora respira. Como é bom livrar-se de cabelos longos, e mudar, começando pela caixola. Talvez agora eu tenha mais memória.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Tempestuoso espetáculo


O céu chora, e tudo é tão de repente

O tempo triste é anunciado pelo cinza

A ventania dramatiza a mudança

O frio, sem piedade, atiça nossos poros

Os pêlos são espinhos, como os da rosa

Tudo que é belo uma hora revela sua face enfurecida

A rotina dá lugar a um espetáculo

O relâmpago fotografa, as cortinas de nuvem são abertas

E o céu passa a verter lágrimas, o clímax vem ao som de trovão

O espetáculo tempestuoso desperta atenção da plateia,
que agora assiste à encenação verídica da qual fez parte da criação

A plateia somos nós, mais atuantes dessa teatral realidade,
do que os próprios atores sobre o palco, escrevemos o roteiro

A natureza é lágrima,
o céu soluça,
e nós engolimos nosso próprio choro.

Risco alheio - Frei Joe

Este livro me surpreende; mais um trechinho interessante:

" - O mundo idolatra um certo tipo de novidade. As pessoas sempre falam de um carro novo, uma bebida nova, uma nova p-p-peça teatral ou de uma casa nova, mas essas coisas não são, de fato, novas, são? Começam a ficar velhas no momento em que adquirimos. A novidade não está nas coisas. A novidade está em nós. Aquilo que é realmente novo é novo para sempre: o ser humano. Cada manhã da nossa vida, cada noite, cada momento é novo. Jamais vivemos aquele momento antes e jamais o viveremos de novo. Neste sentido, o novo é também o eterno."

(Pág 330 - Frei Joe- o homem que salvou minha alma, Tony Hendra).


Lembrei de uma disciplina da faculdade: Teorias de comunicação. Falava exatamente sobre a ideia do novo superficial que a indústria cultural cria. Assim, as pessoas tornam-se consumistas ao extremo. O que era novo ontem, já não é hoje; daí a necessidade de estar sempre comprando 'lançamentos' para se sentir aceito em certo grupo social e aceito a si mesmo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Paródias - Novo post !


Lançando um novo estilo de post: paródias. Abaixo, paródia da música "Fugiu com a novela" de Vanessa da Mata.

Fugiu com o playstation

Eu perdi o meu amor para um jogo de novo
Desde esse playstation eu me desiludi
O meu coração
Palpita aparte poupando-me de um pouco de sonhos
Depois desse game over

E aquela atenção que antes eu ganhava
Se repartiu ao meio
Homem jogando
Ligado em outro game concentrado
Trocou o nosso caso que tava no tom

Eu vivia com ele
Ele me esperava
Quando eu pedia fogo ele não negava
Se eu tivesse com ele, ele achava bom

Eu perdi o meu amor para um jogo de novo
Desde esse playstation eu me desiludi
O meu coração
Palpita aparte poupando-me de um pouco de sonhos
Depois desse game over

Nos finais de semana ele me namorava
Cozinhava miojo, me alisava
Eu brigava gritava ele gargalhava
Metia a mão oleosa no controle e ele perdoava

A vida era boa eu reclamava
Agora joga longe, não sei mais nada
Fugiu do meu sábado com o playstation.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Elaine, prazer/desprazer em conhecê-la.

Mais expressiva através da escrita que com palavras dispersas no ar. Falo pouco, e quando muito,sem pensar.

Impaciente inata, às vezes bruta, às vezes meiga.

Namoro há 2 anos o homem da minha vida. Penso em casar, e filhos? No momento, a ideia é repulsiva, mas às vezes me flagro olhando com encantamento para uma criança.

Não gosto quando RH’s fazem a célebre pergunta: Como se imagina daqui há 5 anos? Porque o que a gente planeja hoje pode mudar amanhã ou depois de amanhã. Porque se a gente muda com o tempo, os planos passam a ser outros.

Adoro quando pergunto ou me perguntam - Como você tá?, realmente querendo saber como o outro está, e não só para criar o contato rápido: - Oi, tudo bem?. Adoro quando respondem com sorriso no rosto, e quando com lágrimas,não sei consolar, acho que basta ouvir e apoiar.

Não tolero ver gente arremessando lixo pela janela de ônibus, e fico num conflito quase psicótico quando ouço uma torneira pingando;só viverei em paz quando todos se conscientizarem do crime que é desperdiçar água e outros recursos.

Não tenho religião, mas acredito numa força envolvente, não superior e tão imperfeita quanto nós; posso sentí-la no verde dos jardins e em certas canções.

Tenho rinite alérgica e não faço tratamento; como a ponta dos meus dedos até que não sobre nenhum centímetro de unha; tenho pavor a ginecologista, mas me obrigo a visitá-la. Por mim, morreria sem saber a causa, e quando morrer, quero que doem meus órgãos.

Tenho uma família pequena, literalmente. Minha mãe me diz que me meti numa enrascada ao escolher publicidade para profissão. Meu pai quer que eu passe em concurso.

Sou a filha que as mães consumistas não querem ter; não acho nem um pouco agradável ficar horas num salão, nem batendo pernas de vitrine em vitrine.

Ouço rock alternativo (meu irmão me apresentou ao estilo, antes ele ouvia rock pesado, fui baixar o volume e ele me empurrou, quebrei o dedo midinho do pé, torci pelo Brasil na Copa de 98 com perna engessada) e vou a shows com uma frequência ainda não ideal. Ouço, também, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Marisa Monte e Adriana Calcanhotto. Faço da música minha terapia, libertando o que sou pelas cordas vocais e pelos poros. Adoro dançar, danço rock. Acredite, dá pra dançar rock; também não danço com a frequência que desejo.

Quando mais jovem, fazia expressões caras e bocas no espelho, com belas performances melodramáticas. De vez em quando canto para o meu mp3 e gravo. Já compus até uma música bobinha pro namorado. Sempre gostei de cantar, já participei de festival de música no meu antigo colégio.

Tenho um blog, no qual despejo algumas coisas que penso, muitos textos bobos, outros carregados de emoção ou crítica irônica.

Tenho poucos amigos e dificuldade para fazer novas amizades, portanto, me esforço para estar mais presente na vida de quem é amigo.

Nunca me apontaram um revólver, mas já para o meu pai. Vivenciei recentemente uma batida quando estava de co-pilota no fusca da minha amiga; fomos também surpreendidas por uma estranha crise de riso na rua tumultuada.

Reclamo muito quando quero; não gosto de falar em 1ª pessoa, porque me parece egoísta. Meu namorado às vezes fala que tudo tem que ser do meu jeito. Atualmente, venho procurando anular esse jeito.

Sonho um dia ter a magnífica habilidade e imaginação para escrever livros.
Sonho também em multiplicar os livros da minha tímida biblioteca, onde os romances e contos ficam espremidos num reduzido espaço do meu armário corroído pelos cupins.

Sinto claustrofobia ao notar que estou restringindo minha vida ao limite Fortaleza-CE. Será deprimente me despedir do mundo sem nunca tê-lo conhecido por inteiro.

Não preciso que meus pais digam: - Juízo, filha. Acho até que já tenho cabeça no lugar demais.
Sou exigente comigo e não perdôo meus erros. Tenho sempre o ato reflexivo de revisar o que ando sendo.

Choro em partes emocionantes de livro ou filmes. Sou impulsionada por sentimentos.

Sou pequena, sou grande; correta e errada, centrada e psicótica; sou agradável e insuportável e ainda muitas outras coisas que virei a ser.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Risco alheio - Trecho - Frei Joe

"Para minha surpresa a solidão da escrita foi uma experiência sublime, após tantos anos de coautoria. A brancura ártica da página, que eu tanto receara, derretia-se como o gelo na primavera. Escrever era andar por novos campos, uma nova infância de descoberta, uma sombra verde e nova para novos pensamentos verdes"

Pag. 287 de Frei Joe - o homem que salvou minha alma.(Tony Hendra)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Diálogo Divino-musical


A música é o Criador. É uma das diversas formas de estabelecer conexão com Ele. Nada de wi-fi, ou rede. Nada de celular ( já sonhei que ligava pro além e uma voz feminina lenta e tristemente afirmava algo que não gosto nem de lembrar).
Impressionante como há tanta musicalidade num dialogar. Uma conversa simples e acariciada por uma emoção que não se sabe explicar.

Eu e Ele já nos comunicamos via beija-flor,via céu constelado, mas assim, nessa mistura de notas harmoniosas, ao som de Arnaldo Antunes, nunca. Posto aqui a letra divina, Contato imediato, talvez você, leitor, sinta mais ou menos o contexto em que estava eu mergulhada.

“Peço por favor
Se alguém de longe me escutar
Que venha aqui pra me buscar
Me leve para passear

No seu disco voador
Como um enorme carrossel
Atravessando o azul do céu
Até pousar no meu quintal

Se o pensamento duvidar
Todos os meus poros vão dizer
Estou pronto para embarcar
Sem me preocupar e sem temer

Vem me levar
Para um lugar
Longe daqui
Livre para navegar
No espaço sideral
Porque sei que sou

Semelhante de você
Diferente de você
Passageiro de você
À espera de você

No seu balão de são joão
Que caia bem na minha mão
Ou numa pipa de papel
Me leve para além do céu

Se o coração disparar
Quando eu levantar os pés do chão
A imensidão vai me abraçar
E acalmar a minha pulsação

Longe de mim
Solto no ar
Dentro do amor
Livre para navegar
Indo para onde for
O seu disco voador”

A partir daquela noite, em que dormi e chorei embalada nessa linda canção - como um bebê adormecendo numa canção de niná-, fiz dela minha oração. Muito mais cheia de significados e verdades que a mera repetição de Aves marias, Pai nossos e tantas outras rezas.

domingo, 5 de julho de 2009

Desperta

Ando fragilizada, talvez nem fraca, mas o tempo todo desperta. Sim, desperta. Parece que meus sentidos ganharam novo chão, aguçada percepção. E é a música e a obervação atenta de tudo que me circunda, que me servem como ponte.

Atravesso sem nunca pensar em voltar pra ponta oposta. Sinto-me bem, sinto livremente sem receio de parecer louca. Porque se estamos aqui, alguma explicação tem. Tenho a tendência de me afundar cada vez mais em mim, parece egoísta, mas não. Reflito, penso muito sobre meus erros cometidos, minhas ações comedidas.

Isso é bom, é altruísta na medida em que me preparo para receber bem o mundo e as pessoas. Porque se me contesto, torno-me alguém melhor do que tenho sido. Se exijo mais de mim mesma, exijo menos da vida. Se torno-me aceitável a mim mesma, direi mais sins a todo pedido de alguém querido.

Tenho sido cada vez mais eu.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Gastos e desgostos


É, cidadão, veja a vida como está. Gastos e desgostos; você nem sabe onde está em meio a um mar de números e notas, caindo como âncoras direto da sua planilha no Excel ou da agenda para as profundidades do seu caos financeiro.

E não ouse errar no cálculo: gastos < salário, pois nesse universo de contas a pagar você não pode se desencontrar. É tanta gente necessitando; na fila um menino a implorar “-Não tem 10 centavos não, tio?”, no shopping a mocinha a gastar sem precisar.

Essas coisas são assim, matemática disciplina complicada quando não se resolve os problemas certos na hora certa, no banco certo. Já na canção canta Zeca Baleiro “Vou botar minha’lma à venda”, talvez seja a solução dessa questão.

Nos tempos de colégio era tão fácil encontrar resposta exata na matemática descomplicada; agora o contexto é outro, sem a pitada de imaginação pueril tudo perdeu o gosto e cor, as preocupações não são mais tolas, deixou de ser - com que roupa eu vou? pra ser - com que grana vou bancar nosso bem-estar?

Abandono a calculadora, só por um instante pra respirar e abrandar a velhice precoce a me atormentar.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ele


São muitos os seguidores, quase todos confessam serem viciados, também pudera, ele é mesmo a personificação da delícia. Muitos até tentam ter autocontrole, mas é quase uma droga, agonia de bêbado em abstinência.

Os olhos com as órbitas num estranho rebuliço, só de avistá-lo em cor branca, negra, ou mesmo as duas juntas.
O nariz fazendo uma dancinha de tanto furtar o irresistível do ar,e os buraquinhos lado a lado insistindo em ficar só no inspirar.
As mãos e lábios ansiosos para experimentar o doce toque, como uma menina sonhando com o primeiro beijo.
As orelhas de abano estremecendo, - quase desenhando no ar o trajeto do voo da borboleta-, ao saber que daqui a pouco apreciará o som crocante do croc croc vindo diretamente da boca.
E as papilas gustativas então; parecem de longe sentir o gosto gostoso inconfundível.

Não faz sentido viver sem ele.
Chocóolatras sempre serão chocóolatras.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Risco alheio - trecho de "Frei Joe".


" Os anos 50 chegavam ao fim, fazendo grande alarde. A Grã-Bretanha estava quebrada, mas despontavam indicações de um novo sistema que faria com que achássemos que precisávamos de bens materiais dos quais, na verdade, não precisávamos, a despeito de termos ou não condições financeiras para adquiri-los. Tudo parecia muito empolgante. E o que era ainda mais empolgante, a economia voltada para adolescentes começava a decolar, por meio de roupas, cosméticos, filmes, música. Os produtos destinados a tal segmento, de modo geral, eram importados dos Estados Unidos, ou, se produzidos na Grã-Bretanha, eram concebidos e vendidos segundo modelos norte-americanos. Pela primeira vez, abriu-se um abismo entre as gerações, permitindo aos novos especialistas em marketing, formados no estilo norte-americano, pôr em prática, com clareza, a primeira tentativa de manipulação de consumidores, em âmbito nacional.

...

Mais significativo era o fato de eu me ver fascinado com o processo pelo qual artigos eram vendidos, com a publicidade e o marketing, - especialmente na televisão-, atividades que pareciam ao mesmo tempo moralmente perniciosas e brilhantes, em termos de criatividade. Pedi a orientação de Frei Joe acerca de bens materiais.

...


A análise feita pelo frade da natureza da propriedade privada era muito mais sagaz.O verdadeiro alvo do especialista em marketing, afinal, é o eu. O eu é o início e o fim da venda.'Este produto vai fazer o seu eu avançar no mundo.' 'Quanto mais você possuir excelentes produtos como este,mais poderoso será o seu eu'. E, obviamente, mais barreiras você terá estabelecido ao contato aberto e direto com o outro. Comprar até ficar exausto e amar verdadeiramente talvez sejam práticas excludentes.

Frei Joe enfatizou que sua análise não propunha que fosse errado possuir bens, tampouco condenava a satisfação derivada da posse de bens. O que remetia ao velho princípio: contemptus mundi não significava desprezo pelo mundo, mas distanceamento do mundo.

- Tudo depende de como os b-b-bens são encarados, meu caro, e as satisfações por eles geradas; é preciso ser capaz de abrir mão dos bens, sem qualquer arrependimento."


TONY HENDRA, Frei Joe - O homem que salvou minha alma- pags: 166, 168 e 169.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Férias é isso!


Férias é sinônimo de tudo de bom; ah vai, custa nada uma frase otimista de vez em quando. Férias traz a imagem das crianças felizes e saltitantes saindo com alergia crônica do portão da escola.

Férias é infância, todas as meninices parecem que foram ontem.
Férias para muitos é praia, para alguns é cama.
Para outros é folga, para muitos plantão, já que as dívidas e os impostos não tiram férias.

Férias da escola, do trabalho, e olha que maluco: férias de você.
Já imaginou? Você de férias de você, no mínimo, estranho:
- Olha Eu, não dá mais. Vai passear por aí, toma teu rumo que eu sei do meu.
Seria quase dá um tempo pro seu eu. Seria interessante, só assim não concentraria tanto estresse numa carne humana só.

Falando em carne, por que todo mundo pensa logo em churrasco quando lembra da palavra férias? Por que envolver os pobres e indefesos animais? Porco, vaca, da galinha gente correndo atrás. É; para esses férias é o último suspiro, e ainda sem direito a um último pedido.

- Oh, não, todo sangue derramado em vão, por que vocês não cuidaram bem do churrasco?
Sempre acontece, a galera que estava de olho no churrasco caiu de boca na cerveja estupidamente gelada.

Férias, férias. Valorize quem as tem.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Planejando nosso tempo


Em que tempo você vive? Vive de flashbacks, de um presente inconsequente, de projeções míopes do futuro? Juro pra você, não sei bem, assim claramente em que tempo a gente vive.

Nosso tempo tem isso de ser confuso, às vezes essencialmente presente, muitas vezes esfacelado em resquícios do passado, e o futuro, sabe-se lá, embaraçado.

A gente tem isso de procurar tecer fios que nem se sabe de onde vêm. Acho que falta a gente parar pra pensar, pra reformular. A gente se perde em pensamentos que não deveriam ganhar tanta importância. E esse é meu erro, nosso erro.

Se a gente vive de erros, e a biografia só conta tropeços, vai ver haja acerto sobre alguma rasura das linhas desse nosso texto, guiando-se pela lógica de que se tem erro, tem acerto.

Planejar é alinhar tudo que se imagina pro desenrolar do seu tempo, tão fácil de definir, mas tão difícil de prosseguir. Se a gente consegue pontuar objetivos, temos logo que traçar estratégias, se a gente pensa estrategicamente, então, no já, já tem que ter a tática.

Mas talvez não seja tão complicado assim planejar; se a gente se organizar, dá pra viver nosso tempo sem cronometrar, dá pra ir além da demarcação dos ponteiros, dos pontilhados do círculo perfeito.

Se estiver tudo ainda imperfeito, então é hora de começar a entender o que é mesmo planejar. Vamos nos planejar, se for preciso nos renovar, a gente não pode é parar no tempo, porque este é como você dirigindo um veículo, você é que está no comando. No comando do seu tempo, não há destino, este uma invenção pra conformar quem não tem poder de decisão sobre a própria vida.

Então, vamos pôr em planos nosso tempo, seja ele qual for.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Império do riso


Olha só, a vida provando ser um grande circo. Montemos logo esse picadeiro. Drástico, insensato? Note, a vida é um espetáculo, novela mexicana, colegial em gincana. Palhaçada só. Veja, a ruga na testa cedeu lugar pros buraquinhos da bochecha. Ninguém liga pra crise, só pra crise de riso.

A existência rindo, rimos juntos, um tanto cômica. E até quando a morte quase alcança a vida, a gente ri, sem saber do quê, sem saber pra quê. Se a vida é prova viva do império do riso, leve mais nada à sério, não é querendo bancar uma de livro de autoajuda, é que é tão simples, por que complicar tudo?

O que dizer?


Você vem me dizer

Que não faz mais sentido

sem ânimo, sem empolgação

Fico assim, sem saber



O que dizer?

O que ser?



Se é preciso trazer,

Esperança de viver

Digo, veja como anda ,

se é a vida que escolheu

Eu não sei dizer,



mas é bom ouvir

que não tem nada a ver

não é nada entre nós

é a sua forma de viver



O que dizer?

Como dizer?



Mas é triste pra mim também, meu bem

Ouvir você se autodenominar um nada

Teimo em dizer, você é Tudo



E se meu amor não basta,

não preenche esse vazio dentro de você,

Então aconselho, sem jeito,

Procure conversar com outro alguém,

Não sei muito sobre a vida,

aprendendo agora, junto a você.





O que dizer?

O que ser?



Se é preciso trazer,

Esperança de viver

Digo, veja como anda ,

se é o caminho que escolheu

Eu não sei bem o que dizer

Só sei que amo você.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Ela - Homenagem


Ela é dona de uma felicidade que transborda, ela contagia.
Ela é um tanto menina muleca mulher, que sabe ser ela, ela é só ela.

Ela é simples divertida palhaça, mesmo sem o adereço no nariz, ela é alegria.
Ela mesmo distante se faz presente, sempre a gente lembra, ela é marcante.

Ela é simpatia, 'miss' quando diz que tal coisa comprou nos Estados Unidos, mas ela não se importa com essas coisas de grana, ela por si só já é valiosa.

Ela diz que tudo é dela, todos os amigos, ela é amiga querida.
Ela é ela e só ela, Ela é Yanne.

Vem me acordar: letra pra virar melodia.




Dormência de sensação
Vem me acordar
Preciso ser feita de emoção
Preciso acordada sonhar


Eu quero tanto sentir
Você bem mais perto de mim
Todo dia,
eu devo insistir

Eu sei, a gente tem que trabalhar,
Mas me deixe pisar nessa nuvem
De ter, verter você no despertar

Vem fazer parte do meu dia a dia
E traz nosso café da manhã nessa cama
Vem destruir minha rotina

Esse sono que impede
minhas células de continuar
o fluxo inexorável da vida
Vem me acordar

Passa no liquidificador o que desagrada em mim em você e joga fora
Traz o café, serve o sol dessa manhã no pão
o vapor da xícara em forma de coração
Troca o suco por um energético
Vem banir tanta preguiça

Vem me acordar,
Faz o que eu disse,
Que eu vou deixar essa letra
no seu lado da nossa cama,
mais tarde ela vira música.

Vem e desperta o acorde mudo
Afina essas cordas,
Faço a letra, que vai virar canção
Me presenteia com você na melodia,
Mas primeiro vem e me acorda.

domingo, 14 de junho de 2009

Preciso dizer.


Amo, dificil é eu desamar.
Amo loucamente cada um.
Sentimento bom,amar o mundo e, se possível, todos que o habitam.

Minha alegria é espalhar eu te amos por aí,assim, sem ser só por dizer.
Minha necessidade é de abraçar forte, de verdade.
Ter só amigos, aprender o que o divino ensinou.

Meu contentamento não está em ser descontente, muitas vezes sou deprimente, mas não é porque quero ou porque me faço de vítima da vida; é que infelizmente essa é minha tendência, talvez minha essência.

Então, eu preciso dizer eu te amo a todo instante. Hoje, nem parece tão usual, e por que é tão difícil dizer? Confesso, queria fazer disso minha oração de cada dia.

E quando me vem a vontade, tão intensa e verdadeira que precisa ser expressa de qualquer forma, em palavras, em fala, aí sim, me sinto completamente feliz.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Namoro lembra.




Namoro lembra beijo, que lembra química, que lembra enzima.

Namoro lembra mãos dadas, que lembra cumplicidade, que lembra mais que amizade.

Namoro lembra poema, que lembra verso apaixonado, que lembra ficar sem palavras.

Namoro lembra namorar, que lembra verbo, que lembra conjugar só o verbo amar.

Namoro lembra briga boba, que lembra discutir a relação, que, no final de tudo, lembra amasso.

Namoro lembra abraço, que lembra envolvimento, que lembra não desgrudar daquela pessoa.

Namoro lembra você sempre se lembrar de quem ama, até em momentos inoportunos.

Namoro, para alguns, lembra até falha de memória do aniversário de namoro, mas que ninguém esquece a sensação de mais de 5 sentidos, isso ninguém esquece.

Namoro, para os mais românticos, lembra buquê de flores, que lembra perfume, que lembra o charmoso cheirinho no pescoço de quem se ama.

Namoro, para os menos tradicionais, lembra lingerie, que lembra mordida na maça, que lembra um pecado gostoso de cometer.

Namoro lembra isso tudo e o que mais vier à sua cabeça, depois de ter passado pelo coração, claro.

terça-feira, 9 de junho de 2009

ELA os levou




Eles foram. Ela os levou. Para longe, para perto, nada é certo, apenas a conclusão de que Eles foram. Ainda, ainda bem, não vivi tal experiência de perda. Mas imagino, a ausência deve rasgar o peito, e talvez nunca cicatrize. E se quem perdeu sorri, por dentro é só lágrima. A dor por quem já não está, e o consolo de saber que ainda são, conjugar as ações Deles nunca no passado. Eles foram, quem sobreviveu ficou. E se esses últimos acreditam em paraíso, melhor.

Onde Ela os conduziu, vai saber. Talvez Eles, os ausentes, continuem ao seu lado. Então, a idéia de purgatório está aniquilada, pois esse lugar perto de quem ficou é moradia natural Deles, nem paraíso, nem inferno.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Risco alheio


Eu tentei mas...quero ver você mudar
Respeitar quem...pare de se controlar
Eu menti sim...ser alguém cansa demais
Eu já não sei me dizer não

Complicado sim revoltado não
Indecente sim eu hoje eu sei mas
Me deixa mudar
Diferente sim indiferente não
Conformado sim leve demais
Me deixa voltar

Eu voltei mas...quero estar em seu lugar
Mimado eu sei...achei algo pra comprar
Eu menti sim...ela nunca vai te amar
Eu já não sei lhe dizer não

Vem você dizer que tudo tem que ter um fim
Eu nem sei por onde começar
Vem você me convencer que eu só penso em mim
Talvez sim talvez sim

Venha me salvar vem me carregar
Ausente eu sei que
Nada vai mudar nada vai mudar
Não mente não mente

Leve Demais - MopTop

sábado, 6 de junho de 2009

Peixinho, pobrezinho!




Peixinho, pobrezinho, virou artigo de decoração de interiores. Tadinho; não pode nadar nas grandes profundidades oceânicas, nem se aventurar exibindo suas flexíveis nadadeiras para uma peixinha.

Peixinho, bichinho, quer tanto ser peixinho de verdade. Uma pena ter nascido tão belo e colorido. Agora é meramente parte da sala de estar da dondoca, que só pensa em exibir sua linda moradia de causar inveja; ou parte de um consultório odontológico, sendo peça unicamente de distração para o paciente dentuço.

É, peixinho; ao menos você tem o final feliz da história do "Procurando Nemo", se é que isso lhe serve de consolo.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Mulher de verdade.




Inteligente é a mulher que sabe o que quer; sabe o que é melhor para ela e para o mundo. E não é exagero dizer que mulher assim é capaz de tudo; ela não apenas se preocupa em combinar a bolsa com o sapato ou com a tonalidade da roupa, está preocupada em ser exemplar em tudo que se dedica a fazer, na faculdade ou no trabalho, na amizade ou no amor.

Mulher moderna e criativa, que faz tudo estar a favor dela, dos outros e da natureza. Utiliza o conhecimento adquirido por vivências próprias, ou através de qualquer outro meio, como ferramenta para conquistar o sonho de mudar o mundo em poucas horas.

Seja num simples gesto de mexer no cabelo, seja na tomada de decisões importantes, elas nos encantam de maneira avassaladora e até nos contagiam com tanta energia de vida. Mulher de raciocínio rápido capaz de projetar o futuro e planejá-lo do melhor jeito.

Mulher cheia de ideias para realizar o inimaginável
é mulher de verdade.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ponto inicial



Se basta um ponto inicial para dar impulso a uma vida de realizações, aqui estou eu, completamente ao dispor(x) Ao dispor, se precisar dar a vida quem sabe, contanto que eu possa dizer que tenho uma profissão digna, merecida às habilidades que tenho(x)E que possa dizer: - sim, valeu a pena estudar tanto, principalmente no 3º ano( é certo que não teve o resultado que esperava, mas até que fez sentido, passei na FIC e conheci gente interessante)(x)

Estou aqui, sentada e não praticando exercícios físicos, de frente para o PC, o tão amigo e companheiro PC, sempre à minha frente em todos os estágios por quais passei, foram três: D&E, blume e phd)(x)

É assim, estou ao dispor para o que der e vier (que venham os protótipos de briefings)(x) Ao dispor pra trazer algo novo inovador(x) Afinal, inovação é a palavra que está na moda, acredito que só na teoria (x)

Enfim, estou aqui, a diferença é que agora não sou mais chamada, nem tratada como “estagiária”(x) Que venham as conquistas, que venha o amadurecimento ( sempre dá pra ficar menos verde)(x)

Perdoe-me se houver algum erro ortográfico aqui, é que fui ali revisar texto, depois reviso esse(x)

(x) - ( sem ponto final de propósito. Afinal, nada de dar fim ao que se começa com tanto ímpeto e força)

domingo, 31 de maio de 2009

Cores em você



É início de verão
As cores naturalmente fazem parte da estação
A criatividade de ser você é o clima
Então, pegue o pincel
pra deixar mais azul o céu
Afinal, em qualquer época do ano
Não deve faltar harmonia


Da tela branca surge a cor rosada das maças
do rosto feminino, quase ainda de menina
Cores que falam, que vêm de dentro
Na sutileza dos gestos ou na expressão de alegria
Matizes emanam de você


Cor vibrante
Colorida e viva
E foi essa cor que pincelamos
Ao descobrirmos cores em você.
Aproveite o clima
Aprecie Cores em você!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Borracha na sua história


E se pudéssemos apagar capítulos passados de nossa história?

Se pudéssemos fazer isso, simplesmente rasgando em pedacinhos minúsculos aquela folha de papel desenhada com frases que, agora, não fazem mais sentido?

Algo escrito e vivido por você mesmo, reduzido a fragmentos dançantes ao ritmo do vento. Talvez não valesse tanto à pena. Vai ver realmente cada capítulo, mesmo os mais breves influenciam numa vida inteira.

domingo, 10 de maio de 2009

10 de maio - Dia das mães


Mesmo que nos amem de um jeito um tanto sinistro,
Embora nos roguem as maiores pragas quando tomadas pela raiva,
Mesmo que fiquem horas ditando sermões, aqueles que você filho não ouve por estar tapando os ouvidos ou simplesmente ouvindo música no seu mp3 em volume máximo,
Embora um tanto excêntricas ou recatadas demais a ponto de bater de frente com suas convicções moderninhas,
E mesmo, mesmo que pareça difícil reconhecer que por trás de tudo isso, o amor é profundo e palpitante entre mãe e filho,
o dia das mães, não comercialmente falando, pede um momento de trégua entre os embates mãe- filho, pede um abraço apertado e longo seguido de um beijo na face macia daquela a quem denominamos mãe, mamãe ou mãinha ou seja lá qual for o apelido carinhoso.

sábado, 9 de maio de 2009

Risco alheio - Trecho


"...
- Mackenzie, eu não sou masculino nem feminina, ainda que os dois gêneros derivem da minha natureza. Se eu escolho aparecer para você como homem ou mulher, é porque o amo. Para mim, aparecer como mulher e sugerir que você me chame de papai é simplesmente para ajudá-lo a não sucumbir tão facilmente aos seus condicionamentos religiosos.
Ela se inclinou como se quisesse compartilhar um segredo.

- Se eu me revelasse a você como uma figura muito grande, branca e com aparência de avô com uma barba comprida, simplesmente reforçaria esses esteriótipos.

Mack quase riu alto, ironizando, mas, em vez disso, concentrou-se no que ela acabara de dizer e recuperou a compostura. Acreditava, pelo menos no coração, que Deus era um espírito, nem masculino nem feminino, mas, apesar disso, sentia-se embaraçado ao admitir que todas as suas concepções visuais de Deus eram muito brancas e muito masculinas."

Cap 6 / Pág 83-84
A Cabana - Willian P. Young

sábado, 25 de abril de 2009

Pode ser que um dia


Pode ser que um dia eu possa ser bem maior,
gigante em sabedoria e espiritualidade,
mas por enquanto é só essa melancolia que aprisiona
Pode ser que um dia eu seja menos egoísta e até mais bonita
Pode ser que um dia eu tenha mais amigos
e mais gente que me admire, mas, por enquanto,
eu vou vivendo assim, na incerteza,
porque além do meu futuro, meu presente e até meu passado são imprevisíveis
Pode ser que um dia eu seja um grande ícone, símbolo de vigor e sapiência
Mas por enquanto é só vontade adormecida, pensamento suicida
Pode ser que um dia eu tenha posses, mas, no momento, sou indiferente à riqueza.
Pode ser que um dia o dia seja mais ensolarado, de uma esperança ofuscante
Pode ser, eu ser.

sábado, 28 de março de 2009

Letra e melodia


Como é bom te amar

Sei que às vezes pode me faltar
ânimo e coragem pra continuar
na vida

Mas a tristeza não pode comigo,
porque agora eu tenho você comigo
Como é bom, como é bom te amar.

Amar você me renovar
Chorar: emoção de amar
que bom te amar

Como é bom, como é bom
Quando o pensamento
a todo momento
com você está

laia lalaia la
tiurubiru

Se me faltar mantimento
você pode até ser meu alimento
Juro, juro é impossível
seguir estrada sem você
como é bom, como é bom
te amar

O quanto sonhei,
o quanto esperei
o quanto chorei, hey,hey

Agora, a gente tem sentido,
mesmo que o mundo
continue sem sentido

que bom te amar,
você me deu todo sentido
você me fez sentir
cada sentido.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Risco alheio

Fui levantar não achei
Um bom motivo pra acordar
Está tudo bem não não há
Com o que se preocupar
É que me encontrei com o nada
E acho que meu lugar é aqui

Pra que pular se não sei
O que quero alcançar
Pra que vencer se não sei
Quem eu quero derrotar
Eu vou descansar um instante
Até eu reencontrar meu fim

Eu não vou mais correr
Não vou mais correr
Vou ficar parado com você, meu bem
Eu não vou mais correr
Nada é pra valer
Vou ficar parado com você, meu bem

Fui levantar não achei
Um bom motivo pra acordar
Está tudo bem não não há
Com o que se preocupar
É que me encontrei com o nada
E acho que meu lugar é aqui

Pra que cavar se não sei
O que quero encontrar
Pra que correr se não sei
Bem onde quero chegar
Eu vou desligar um instante
Até eu reencontrar meu fim

Eu não vou mais correr
Não vou mais correr
Vou ficar parado com você, meu bem
Eu não vou mais correr
Nada é pra valer
Vou ficar parado com você

Não vou tentar
Não vou insistir
Não vou lutar
Já me rendi
Meu desapego, é meu sossego, meu botequim

Eu não vou mais correr
Não vou mais correr
Vou ficar parado com você, meu bem
Eu não vou mais correr
Nada é pra valer
Vou ficar parado com você, meu bem

Desapego - MopTop