quarta-feira, 29 de julho de 2009

Fones de escape


Olhe ao seu redor. Quantas pessoas com fones grudados nas orelhas? Vejo daqui um rapaz tocando numa bateria imaginária; a moça mexendo no seu minúsculo mp3, parece atônita procurando a canção que embala sua vida.

É, a música sempre foi um refúgio. Levamos os fones aos ouvidos e ficamos ali, estáticos ou balançando o pé preferido ao ritmo favorito do playlist infinito.

Desligamo-nos do mundo, de olhos fechados, audição afiada. Desligamo-nos imersos no que realmente toca para nós, em nós.

Risco alheio - Na voz de Zélia Duncan


Álbum: Pelo sabor do gesto

TELHADOS DE PARIS
Nei Lisboa

Venta, ali se vê
Aonde o arvoredo inventa um balé
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoa, sem nada
Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
Que mora ao lado, mas parece outro país
Que me estranha, mas não sabe se é feliz
E não entende quando eu grito
Eu tenho os olhos doidos, já vi
Meus olhos doidos são doidos por ti
O tempo se foi
Há tempos que eu já desisti
Dos planos daquele assalto
De versos retos, corretos
E o resto de paixão, reguei
Vai servir pra nós
E o doce da loucura é seu, é meu
Pra usar a sós

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Se faz sentido

Nada pra dizer. Hoje é um dia assim, nada pra falar, pra cantar, pra fantasiar. O cotidiano tem essas coisas. Tão vazio e simples, tão imenso e demorado, custa até a acreditar que estamos inseridos nele. Custa estar aqui, custa muito.

Nesse mundo gigante, que às vezes parece pequeno; a Terra gira em tempo imperceptível, mas alguns percebem. Parece que estamos andando realmente em círculos, sempre saindo da mesma linha de chegada e voltando para a mesma de partida.

Se isso faz sentido, nem sei.

terça-feira, 21 de julho de 2009

De onde vem, linda menina?


De onde vem essa apatia,linda menina? Seus olhos não falam como antes. As maças de seu rostinho perderam o rubro de morango. E agora é assim, indiferente. É tão evidente que para você nada mais importa, o que fizeram com você? E aquele jeito angelical que fazia qualquer um pensar estar além da terra? E aquelas suas artimanhas para chamar atenção? Agora, a linha que te mantém aqui parece tão tênue.

E o que mais me intriga: você saiu dizendo que ia brincar com a amiguinha na casa da vizinha; saiu com uma boneca de plástico nos braços, e agora carrega uma boneca vívida, exatamente como você era.

Risco alheio- letra



Adriana Calcanhotto ou partimpim sempre nos leva a uma fantástica viagem pelo mundo imaginário. Trabalhos encantadores! Abaixo, letra de música de seu trabalho de 2005: Ser de sagitário.

Ser de sagitário
Péricles Cavalcanti


Você metade gente
e metade cavalo
Durante o fim do ano
cruza o planetário

Cavalga elegância
Cabeça em pé de guerra mansa
Nas mãos arco e flecha
Meu coração
Aguarda e acompanha
seu itinerário
Até o fim do ano
ser de sagitário

Você metade gente
e metade cavalo


© Editora Copyrights
BRBMG0400009
teclados, regência das crianças e berra-boi: Sacha Amback
berra-boi, moringa e vassourinha: Marcelo Costa
violão e berra-boi: Celso Fonseca
baixo acústico: Jorge Helder
coro crianças: Flora Diegues
coro crianças: Luiza Mayall
guitarra: Pedro Sá
coro crianças: Dayan Israel
coro crianças: Gabriel Haddad
coro crianças: Isaac Dahora
coro crianças: Matheus Haddad
coro crianças: Nana Terra
coro crianças: Naiara Terra
coro crianças: Pedro Rubin
clarinete: Dirceu Leitte

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Quando, amigo.

Quando faltar inspiração, amigo.
Quando bater aquela solidão, amigo.
Quando quiser compartilhar, amigo.
Quando não quiser ver o tempo passar, amigo.
Quando precisar do famoso ombro amigo, amigo.
Quando pensar em rir pra não chorar, amigo.
Quando sonhar sem sentido, amigo.
Quando tentar alcançar, amigo.
Quando achar tudo isso bla bla blá, amigo.
Quando pensar em não mais ficar, amigo.
Quando o mundo desabar, amigo.
Quando o quando não permanecer, amigo.
Quando entristecer, amigo.
Quando, quando, quando,
para todo e qualquer momento, amigos.

A todos meus amigos.

sábado, 18 de julho de 2009

Cuca leve


Foram-se os longos fios quebradiços. Cuca mais leve que pluma. A consciência agora respira. Como é bom livrar-se de cabelos longos, e mudar, começando pela caixola. Talvez agora eu tenha mais memória.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Tempestuoso espetáculo


O céu chora, e tudo é tão de repente

O tempo triste é anunciado pelo cinza

A ventania dramatiza a mudança

O frio, sem piedade, atiça nossos poros

Os pêlos são espinhos, como os da rosa

Tudo que é belo uma hora revela sua face enfurecida

A rotina dá lugar a um espetáculo

O relâmpago fotografa, as cortinas de nuvem são abertas

E o céu passa a verter lágrimas, o clímax vem ao som de trovão

O espetáculo tempestuoso desperta atenção da plateia,
que agora assiste à encenação verídica da qual fez parte da criação

A plateia somos nós, mais atuantes dessa teatral realidade,
do que os próprios atores sobre o palco, escrevemos o roteiro

A natureza é lágrima,
o céu soluça,
e nós engolimos nosso próprio choro.

Risco alheio - Frei Joe

Este livro me surpreende; mais um trechinho interessante:

" - O mundo idolatra um certo tipo de novidade. As pessoas sempre falam de um carro novo, uma bebida nova, uma nova p-p-peça teatral ou de uma casa nova, mas essas coisas não são, de fato, novas, são? Começam a ficar velhas no momento em que adquirimos. A novidade não está nas coisas. A novidade está em nós. Aquilo que é realmente novo é novo para sempre: o ser humano. Cada manhã da nossa vida, cada noite, cada momento é novo. Jamais vivemos aquele momento antes e jamais o viveremos de novo. Neste sentido, o novo é também o eterno."

(Pág 330 - Frei Joe- o homem que salvou minha alma, Tony Hendra).


Lembrei de uma disciplina da faculdade: Teorias de comunicação. Falava exatamente sobre a ideia do novo superficial que a indústria cultural cria. Assim, as pessoas tornam-se consumistas ao extremo. O que era novo ontem, já não é hoje; daí a necessidade de estar sempre comprando 'lançamentos' para se sentir aceito em certo grupo social e aceito a si mesmo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Paródias - Novo post !


Lançando um novo estilo de post: paródias. Abaixo, paródia da música "Fugiu com a novela" de Vanessa da Mata.

Fugiu com o playstation

Eu perdi o meu amor para um jogo de novo
Desde esse playstation eu me desiludi
O meu coração
Palpita aparte poupando-me de um pouco de sonhos
Depois desse game over

E aquela atenção que antes eu ganhava
Se repartiu ao meio
Homem jogando
Ligado em outro game concentrado
Trocou o nosso caso que tava no tom

Eu vivia com ele
Ele me esperava
Quando eu pedia fogo ele não negava
Se eu tivesse com ele, ele achava bom

Eu perdi o meu amor para um jogo de novo
Desde esse playstation eu me desiludi
O meu coração
Palpita aparte poupando-me de um pouco de sonhos
Depois desse game over

Nos finais de semana ele me namorava
Cozinhava miojo, me alisava
Eu brigava gritava ele gargalhava
Metia a mão oleosa no controle e ele perdoava

A vida era boa eu reclamava
Agora joga longe, não sei mais nada
Fugiu do meu sábado com o playstation.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Elaine, prazer/desprazer em conhecê-la.

Mais expressiva através da escrita que com palavras dispersas no ar. Falo pouco, e quando muito,sem pensar.

Impaciente inata, às vezes bruta, às vezes meiga.

Namoro há 2 anos o homem da minha vida. Penso em casar, e filhos? No momento, a ideia é repulsiva, mas às vezes me flagro olhando com encantamento para uma criança.

Não gosto quando RH’s fazem a célebre pergunta: Como se imagina daqui há 5 anos? Porque o que a gente planeja hoje pode mudar amanhã ou depois de amanhã. Porque se a gente muda com o tempo, os planos passam a ser outros.

Adoro quando pergunto ou me perguntam - Como você tá?, realmente querendo saber como o outro está, e não só para criar o contato rápido: - Oi, tudo bem?. Adoro quando respondem com sorriso no rosto, e quando com lágrimas,não sei consolar, acho que basta ouvir e apoiar.

Não tolero ver gente arremessando lixo pela janela de ônibus, e fico num conflito quase psicótico quando ouço uma torneira pingando;só viverei em paz quando todos se conscientizarem do crime que é desperdiçar água e outros recursos.

Não tenho religião, mas acredito numa força envolvente, não superior e tão imperfeita quanto nós; posso sentí-la no verde dos jardins e em certas canções.

Tenho rinite alérgica e não faço tratamento; como a ponta dos meus dedos até que não sobre nenhum centímetro de unha; tenho pavor a ginecologista, mas me obrigo a visitá-la. Por mim, morreria sem saber a causa, e quando morrer, quero que doem meus órgãos.

Tenho uma família pequena, literalmente. Minha mãe me diz que me meti numa enrascada ao escolher publicidade para profissão. Meu pai quer que eu passe em concurso.

Sou a filha que as mães consumistas não querem ter; não acho nem um pouco agradável ficar horas num salão, nem batendo pernas de vitrine em vitrine.

Ouço rock alternativo (meu irmão me apresentou ao estilo, antes ele ouvia rock pesado, fui baixar o volume e ele me empurrou, quebrei o dedo midinho do pé, torci pelo Brasil na Copa de 98 com perna engessada) e vou a shows com uma frequência ainda não ideal. Ouço, também, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Marisa Monte e Adriana Calcanhotto. Faço da música minha terapia, libertando o que sou pelas cordas vocais e pelos poros. Adoro dançar, danço rock. Acredite, dá pra dançar rock; também não danço com a frequência que desejo.

Quando mais jovem, fazia expressões caras e bocas no espelho, com belas performances melodramáticas. De vez em quando canto para o meu mp3 e gravo. Já compus até uma música bobinha pro namorado. Sempre gostei de cantar, já participei de festival de música no meu antigo colégio.

Tenho um blog, no qual despejo algumas coisas que penso, muitos textos bobos, outros carregados de emoção ou crítica irônica.

Tenho poucos amigos e dificuldade para fazer novas amizades, portanto, me esforço para estar mais presente na vida de quem é amigo.

Nunca me apontaram um revólver, mas já para o meu pai. Vivenciei recentemente uma batida quando estava de co-pilota no fusca da minha amiga; fomos também surpreendidas por uma estranha crise de riso na rua tumultuada.

Reclamo muito quando quero; não gosto de falar em 1ª pessoa, porque me parece egoísta. Meu namorado às vezes fala que tudo tem que ser do meu jeito. Atualmente, venho procurando anular esse jeito.

Sonho um dia ter a magnífica habilidade e imaginação para escrever livros.
Sonho também em multiplicar os livros da minha tímida biblioteca, onde os romances e contos ficam espremidos num reduzido espaço do meu armário corroído pelos cupins.

Sinto claustrofobia ao notar que estou restringindo minha vida ao limite Fortaleza-CE. Será deprimente me despedir do mundo sem nunca tê-lo conhecido por inteiro.

Não preciso que meus pais digam: - Juízo, filha. Acho até que já tenho cabeça no lugar demais.
Sou exigente comigo e não perdôo meus erros. Tenho sempre o ato reflexivo de revisar o que ando sendo.

Choro em partes emocionantes de livro ou filmes. Sou impulsionada por sentimentos.

Sou pequena, sou grande; correta e errada, centrada e psicótica; sou agradável e insuportável e ainda muitas outras coisas que virei a ser.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Risco alheio - Trecho - Frei Joe

"Para minha surpresa a solidão da escrita foi uma experiência sublime, após tantos anos de coautoria. A brancura ártica da página, que eu tanto receara, derretia-se como o gelo na primavera. Escrever era andar por novos campos, uma nova infância de descoberta, uma sombra verde e nova para novos pensamentos verdes"

Pag. 287 de Frei Joe - o homem que salvou minha alma.(Tony Hendra)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Diálogo Divino-musical


A música é o Criador. É uma das diversas formas de estabelecer conexão com Ele. Nada de wi-fi, ou rede. Nada de celular ( já sonhei que ligava pro além e uma voz feminina lenta e tristemente afirmava algo que não gosto nem de lembrar).
Impressionante como há tanta musicalidade num dialogar. Uma conversa simples e acariciada por uma emoção que não se sabe explicar.

Eu e Ele já nos comunicamos via beija-flor,via céu constelado, mas assim, nessa mistura de notas harmoniosas, ao som de Arnaldo Antunes, nunca. Posto aqui a letra divina, Contato imediato, talvez você, leitor, sinta mais ou menos o contexto em que estava eu mergulhada.

“Peço por favor
Se alguém de longe me escutar
Que venha aqui pra me buscar
Me leve para passear

No seu disco voador
Como um enorme carrossel
Atravessando o azul do céu
Até pousar no meu quintal

Se o pensamento duvidar
Todos os meus poros vão dizer
Estou pronto para embarcar
Sem me preocupar e sem temer

Vem me levar
Para um lugar
Longe daqui
Livre para navegar
No espaço sideral
Porque sei que sou

Semelhante de você
Diferente de você
Passageiro de você
À espera de você

No seu balão de são joão
Que caia bem na minha mão
Ou numa pipa de papel
Me leve para além do céu

Se o coração disparar
Quando eu levantar os pés do chão
A imensidão vai me abraçar
E acalmar a minha pulsação

Longe de mim
Solto no ar
Dentro do amor
Livre para navegar
Indo para onde for
O seu disco voador”

A partir daquela noite, em que dormi e chorei embalada nessa linda canção - como um bebê adormecendo numa canção de niná-, fiz dela minha oração. Muito mais cheia de significados e verdades que a mera repetição de Aves marias, Pai nossos e tantas outras rezas.

domingo, 5 de julho de 2009

Desperta

Ando fragilizada, talvez nem fraca, mas o tempo todo desperta. Sim, desperta. Parece que meus sentidos ganharam novo chão, aguçada percepção. E é a música e a obervação atenta de tudo que me circunda, que me servem como ponte.

Atravesso sem nunca pensar em voltar pra ponta oposta. Sinto-me bem, sinto livremente sem receio de parecer louca. Porque se estamos aqui, alguma explicação tem. Tenho a tendência de me afundar cada vez mais em mim, parece egoísta, mas não. Reflito, penso muito sobre meus erros cometidos, minhas ações comedidas.

Isso é bom, é altruísta na medida em que me preparo para receber bem o mundo e as pessoas. Porque se me contesto, torno-me alguém melhor do que tenho sido. Se exijo mais de mim mesma, exijo menos da vida. Se torno-me aceitável a mim mesma, direi mais sins a todo pedido de alguém querido.

Tenho sido cada vez mais eu.