segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Foram-se as unhas.

Ponta do dente na ponta do dedo
Um nervoso incessante
nova missão
busca pela imaginação perdida na infância
Não pode ser, bloquearam minha mente
não estão me deixando pensar
quando criança
nem tudo parecia o que era ser
eu fazia ser o que viesse a minha cabeça
Hoje sei, preciso libertar meu cérebro
Rói rói
A unha foi-se
sobrou a carne, coitada
Cutículas viram bifes apetitosos
pedaços espalham- se pela roupa
Antes de ruídas,
minhas unhas serviam para a vaidade
Agora, não restou um só pedaço
Quanto mais penso, menos unha
Quanto menos escrevo, mais agonia

Foram- se as unhas.
Uma pena, já estavam até crescidinhas.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Dezembro


Em Dezembro, as luzes da cidade insistem em dizer que o natal está próximo. Decidiram que a comemoração seria dia 25. A ordem é trocar presentes. Mas não era o menino jesus que deveria receber presentinhos? Mirra, ouro, incenso.

É dezembro. Todas as árvores, sendo pinheiros ou não ganham uma iluminação pra lá de especial. Dia desses estava observando uma humilde planta entre duas outras robustas. Mesmo com os galhos secos ela reluzia, forçadamente brilhava.

Nesta época, assiste-se muito a filmes com muita neve, papai noel, mensagens positivas a respeito do verdadeiro espírito natalino.

Neve em Fortaleza, nem pensar. O que se ouve são apenas resmungos quanto ao calor. Transpiração escorrendo no corpo. Shopping pra lá de movimentado. São as tradicionais compras de Natal de última hora.

Da janela do ônibus está o cenário provisoriamente montado. Tanta luz e brilho que chega a me dar dor de cabeça. Ao menos fosse luz de verdade.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Perdão, blog


Sei que tenho andado meio ausente. Nem me recordo qual foi a última vez que estive redigindo por aqui, nem me dei ao trabalho de verificar a data do último post. Só reparei no título: Mudar. E isso é um dos motivos da ausência de meus textos em suas publicações.

Mudei de habitat. Convivo diariamente com outras pessoas, as quais 'conheço' há 2 semanas. Tenho a sorte de todas elas serem agradáveis e simpáticas. Cada uma tem uma característica específica e me disponho a aprender esse algo a mais que cada uma me apresenta.

Em um espaço reduzido, porém aconchegante, tenho me esforçado em textos que vendem algo, até simpatia de empresas para com seus fornecedores. Até carros, para quem pode comprá-los. "Taxa de x,xx%, a partir de R$ xx xxx,00". Muitas vantagens, facilidades. Varejão astuto, tentando driblar o medo dos cidadãos em relação à crise.

Minhas situações diárias estão cara a cara com o word. Papel em branco em mãos. Muito sacrifício e esmero em cada linha, buscando sair da mesmice: "Melhor condição, Menor preço você encontra aqui".

Enfim, sei que não há desculpas que justifique minha ausência. Prometo que sempre que possível publicarei alguns textos. Continuarei tratando sobre temas do cotidiano e sobre mim ( os menos reveladores, lógico).

Com carinho,

Elaine.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mudar


Achei que fosse imune a qualquer tipo de doença ou alergia,
afirmando ser uma pessoa extremamente saudável.
Tenho 20 na idade, 15 na aparência, com alergia à rotina.

Minha natureza não é estática.
Pelo contrário, se move rumo ao desconhecido.
Por isso, vou me mudar.
Quem sabe alguém me encontre lá,
através de um filtro possa ver
minhas outras formas de ser e estar.

Não deixo, levo. Leve!


Deixe para trás e você sentirá a mudança entrar no seu mundo, feito água na terra.
Deixe pessoas para trás e você sentirá a falta de cada pouco, de cada muito, de cada um.
Até quem nem você sabia o nome. Dizia bom dia, boa tarde, como vai?, você vai lembrar.
Deixe o futuro vir. Pode dá medo. Pode haver desprezo. Mas leve, não deixe. Leve tudo que você aprendeu, viveu, mesmo que pouco intensamente. Não lamente- se pelo pouco que aproveitou. Sim, a gente sempre poderia ter feito mais, e melhor. Aliás, todos querem ser o melhor. Então, você não está só. É apenas uma questão de levar. Não mais deixar. Quem deixa para trás não tem o que levar. A bagagem vem vazia e sua mente fica só na nostalgia.

sábado, 15 de novembro de 2008

Versos de fim




Noite sábado à noite
solidão não pensa não
o quanto dói nessa imensidão
saber que às vezes é preciso
mentir pra quem te faz bem
Frágil, não me reconheço
esqueço de amanhecer
a luz não chega aos meus olhos
sei que poderia ser mais eu
tento transformar o que penso
em versos mal feitos
tento não errar meu português
Mas faz parte de mim errar
deprimente noite enfim
nem sei, não sou ideal a mim
pode ser triste fim
pode ser alegre fim
só não queria me sentir
longe de mim.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Monstrinho


O monstrinho luminoso assassinou o meu ursinho! Veja só! Neste mundo você não pode mais ser criança. Deixem, meus desejos de menina passam de ilusão. Podem ser reais. Se eu corro atrás, é porque enjoei de brincar de faz de conta. Mas a conta quem paga não são mais meus pais. Mesmo assim, sou criança. Já sei o que fazer para manter à distância estes estranhos seres luminosos, especialistas em ludibriar alma pueril.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

5 sentidos. Incontáveis sensações.


O prazer da vida está nas portas de entrada para o mundo.
Nos seus sentidos.
5 sentidos, incontáveis sensações.

Experimentos te levam além. Basta respirar calmamente, ver sem fingir ser cego, degustar lentamente seu prato preferido, ouvir música de olhos cerrados, tocar as pessoas sem medo de chegar perto. Para aguçar seus sentidos, experimente o prazer de ser a própria sensação. Temos, então, infinitos sentidos.

domingo, 9 de novembro de 2008

Breve relato




Foi assim quando eu o conheci. Ônibus das 13H, saindo da Faculdade. Meu eterno parceiro da linha "Antônio Bezerra - Unifor"proporcionou- me, pela primeira vez, algo de bom, muito bom aliás.

Não lembro a data, só sei que resolvi fazer uma coisa diferente: passei logo pela catraca ( ainda não tinha uma visão estratégica- em ônibus lotado, melhor ir logo para as proximidades da dianteira, pois quem está por lá, já está na iminência de descer. Portanto, o assento é desocupado, ou quase sempre - uma vez tinha uma mulher imensa, cismou de fixar o traseiro na viagem cheia de saculeijos) .

Não tinha lotação, nenhuma preocupação, a não ser o normaço do sol. Sentei ao lado de alguém, nem o calor sabia quem. Foi então que a velha e aguda quintura da nossa Fortaleza do Ceará quase me afasta 'dele' ( você deve estar se perguntando: "quem será este?"). Pois bem, fugi o quanto antes daquela temperatura agonizante. Não fui muito longe, a ponto de ainda perceber olhos de algum "estranho" direcionados curiosamente para mim. Como toda mulher, que gosta de ter seu ego acariciado, me orgulhei. - Algum homem ainda olha pra mim. Até então, só havia percebido algum interesse do sexo oposto via msn, orkut... Estes meios de comunicação que estão na moda para causar discórdias na maioria da vezes.

Segui tranquila, sentadinha na extremidade. Ainda não tinha o hábito de ir do lado da janela. Incomodava- me a idéia de despertar alguém de um cochilo profundo no momento de puxar a 'cordinha'. Pois bem, até o momento, não sabíamos quem olhava atento aos meus movimentos. Até tentei advinhar quem, usando minha visão lateral através de meus óculos ( falecidos óculos - mutilei uma das pernas dele. Enfim, a rotatividade para solucionar meu astigmatismo é veloz).

Conto- lhe este detalhe dos óculos, porque ele explica a demora de meu admirador secreto se revelar. Ele me disse depois, que não me reconheceu logo, porque não tinha me visto de óculos nas fotos do álbum.

Estava no embalo do balanço da inércia, quando sinto um dedo tímido tocando o meu ombro. Eis que se apresenta o misterioso. Agora, intitulado "Ex- estranho". Sim, era ele mesmo. O rapaz do orkut! Seu primeiro scrap na minha página dizia : ^^ . Lembro de ter respondido: " ^^ " ?? . Foi então que seguiu-se uma sequência de digita - recebe - responde. Falamos até de currículo. Falei que o meu estava em construção. Ele respondeu: já fui pedreiro! Um 'fofo' mesmo, incrivelmente sensível* ( nem sempre este adjetivo atribuído ao sexo masculino significa que o carinha é gay).

Voltando, pois, ao momento 'encontro'. Cara a cara do anônimo conhecido virtual, lembro de ter demorado um pouco a processar a informação. Ele já estava acomodado na cadeira ao lado, quando resolvi me manifestar com um "É você, estranho!!" (altamente desconcertada). Trocamos algumas palavras das quais não me recordo agora. Só sei que tinha certeza que lhe apresentava minhas maças rosadas. As dele também eram , são, bem avantajadas. Como de costume, economizei palavras. Preciso me familiarizar com alguém para me sentir a vontade.

Voltando ao impasse, logo saciarei sua curiosidade. O tal "ex- estranho" é Leandro. Meu par. Ele se despediu de mim e foi- se. Puxou a cordinha e foi- se. Não para muito longe, pois logo tratamos do reencontro num evento promovido por uma colega em comum. Coincidências, não?!.

Ainda não foi neste evento ( São João) o esperado encontro de lábios. Ainda ocorreu outro evento ( Festa do Jornal O Povo, onde ele trabalhava na época), mas neste, nos atemos a só dançarmos uma dança meio esquisita e reprimida. Foi então, no inesperado convite "vamos ao cinema?"( inesperado mesmo. Era na semana. Elaine online no msn, aceita convite na flor dos nervos. )

Agora, imaginem o nome do filme..."NÃO POR ACASO". Exatamente, 'não por acaso' acontece o mesmo que houve no primeiro encontro. Só que agora, é ele que sobe no ônibus. Parecia até perseguição. Coisa de filme - comédia romântica adoçando tardes vazias.

É...alguma coisa tinha que acontecer desta vez. Levada pelo pensamento : "Não posso ir embora sem provar do beijo". Estranhando minha atitude, encostei minha boca na dele. Em meio à multidão do shopping mais calorento da cidade( North Shopping). Ê! Mulheres de atitude! No meu caso, acho que foi mais vontade de provar o gosto de amar de verdade.

Encerro, aqui, meu breve relato.

Ainda terei muitas histórias regadas a vinho pra contar. Pode deixar.

sábado, 8 de novembro de 2008

Sono sem sonhos


Ele me pergunta :
- Sonhou comigo?

Ao que eu respondo:
- Não. Ultimamente não tenho sonhado.

Estranho, parece que o meu inconsciente cala, disfarça- se. Será que uma magia obscura roubou minha tendência natural de sonhar?

Se sonhei, não lembro. Se dormi, foi por pouco tempo. Talvez, meus sonhos queiram habitar somente a realidade, me reservando um sono sem muitas emoções. Algo deve explicar esta ausência, mas, por enquanto, não faço idéia o que seja.

Misteriosa a mim mesma, deixo a investigação por conta dos outros. Agora, vou dormir, quem sabe venha o sonho no sono.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

*In-porta: algo que não tem importância


Pra quê se importar?
Não devemos nada a ninguém
Nem a nós mesmos

Então, bonequinha
Desligue-se deste plano material
Engradeça sua alma, e os de quem a cerca.

Seu batom tá borrado, e daí?
Falaram que você é isso,
e você quase morreu.

Valorize coisas maiores,
deixe de pormenores;
a vida foi feita para errarmos,
é só dá a descarga depois.
Ninguém se importa com seus odores.

É melhor reviver logo,
pode ser tarde demais.
Inspire o oxigênio,
e não se preocupe,
os outros podem
não gostar do seu perfume.

Fale o que vier à cabeça,
expressão corporal,
crescimento espiritual.

Não se importem bonequinhas de porcelana,
às vezes preciso chutar o balde assim.
Saio quebrando tudo em pensamento,
não pra bancar a rebelde,
não vejo porque calar meu cérebro
Tenho mania de escrever o que penso.

domingo, 2 de novembro de 2008

Estendido no varal


Domingo estendido no varal.
Fim de semana secando,
Evapora mais rápido que o pensamento.

"Acabou-se o que era doce"
Prove do amargo cinco dias seguidos,
e no sábado, pegue os pegadores do varal,
pegue o que for de bom de jeito simplório.

Balance ao vento diante do sol ou da chuva.
Enfrente o tempo.
Pois segunda, o ciclo começa novamente.
Cabe a nós fazer algo diferente.
Fazer a rotina rodar.

Meu domingo estendido,
seca seco do sol.

sábado, 1 de novembro de 2008

Por que existimos?


Houve quem respondesse com um tom filosófico : "Penso, logo existo". Outros, com voz firme e burocrática : "Basta ter CPF, RG e contas a pagar." Poucos sabem que o motivo de existirmos envolve algo muito além do que se imagina.

Esses poucos (que, na verdade, são muitos) são exatamente as pessoas que nos amam. E o que explica nossa existência não é o passar dos anos desde o nosso nascimento, mas é o que permeamos através de sentimentos.

Logo, existimos porque sentimos vontade de existir para completar as outras existências. E assim, temos uma coletânia de sensações.

Botânica


Ela é botânica
Rega a planta
É jardineira por natureza

Cultiva sua casa de sítio
Tira um cochilo
Anestesiada, se balança na rede
Levanta as 5:30,
levada pelo sono,
faz um bolo de laranja
tapioca, suco e canja

Só descansa,
quando faz o que quer
Bate o pé, briga, birra feito criança
Logo se põe a postos,
misto de disposição e preguiça

Abre a janela,
exibindo o seu jarro de flores
São muitas cores e aromas
Ela é botânica.

Á minha mãe.
1 de novembro, seu aniversário.

domingo, 26 de outubro de 2008

Aos amigos


Sonhei em conquistar muitas coisas,
coisas que nem lembro,
que ainda não tive tempo.
Hoje sei,
tenho algo,
de um algo a mais

Lembro ter sonhado,
muitos amigos, alguns trocados,
viagens desnundando o mundo,
amigos, um amor do tipo "leandro"
todos juntos de mim,
independente de quantidade
repito: apenas alguns trocados,
e alguns amigos além do imaginável.

Sonhei, pensei
e Hoje eu tenho os maiores amigos.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Ortomudanças


Caro leitor, não ache isto aqui tedioso, existe alguém que lhe apóia, melhor, 'apoia', do verbo apoiar, não mais tem este acento nos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas ( palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Tranqüilo, ou melhor, tran-qui-lo.

Trema
* "não se usa mais o trema - sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui." (TUFANO, Douglas; pag 6 - Guia Prático da NOVA ORTOGRAFIA - michaelis).

É...isso é 'fre-quente '( obedecendo a mesma regra anterior, por favor).

São só algumas 'pequenas' modificações na ortografia da língua portuguesa.
E para quem já não sabia onde diabos pôr acento, hífen, o que é facultativo no uso de agudos e sons surdos, a coisa complica.

Ah:

"Atenção
quanto ao trema, ele permanece apenas nas palavras estrangeiras.Exemplos: Müller, mülleriano." Seja lá o que for, não cometa engano.


É certo que mudanças vem para o bem, principalmente quando o assunto é economia. A Educação "a gente resolve quando o PIB tiver bem estruturado".


Folheando o nosso orientador de como se escrever certo num país analfabeto...vejamos...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Testemunha de mim


Nasci para esse universo, habitado por notas musicais. Tento fugir, fingir que o microfone não é pra mim. Talvez não faça parte da minha escolha. É só hobby, dom desperdiçado. É certo que há muito o que lapidar. É bom sussurrar pra si mesma o que há para melhorar. Sempre faço isso, é hábito, desejo de crescer.

Desafinei, tremi os lábios. Bem, espero que ninguém tenha ouvido. Afinal, cantei só pra mim, sou a única testemunha das notas que percorrem o ar. Seria capaz de me arriscar novamente? Reencontrar o palco, os jogos de luzes, a platéia improvisada. Sentir a emoção de ser ouvida, aplaudida. De fato, aquele sentimento era único, jamais o senti novamente. Era invasor, sonho de uma sonhadora perdida.

domingo, 19 de outubro de 2008

Quem a gente gosta


Difícil definir
quem a gente gosta
Pode faltar adjetivo
E ainda assim
pode ter muito sentido

Porque quem a gente gosta
A gente faz questão de citar
seja pelo meio internet, pessoalmente
a gente nunca esquece

O comentário vem de improviso
Difícil selecionar palavras
para definir quem traz tanta graça
e amizade pra nossa estrada
Estrada cheia de placas, multas
que valem a pena transgredir,
o que importa é estar do lado
de quem a gente gosta

E assim eu sigo,
em caminhos perfeitos
ou tortuosos
lado a lado
de quem eu gosto

EleLê veza


Ele é a leveza do toque nas cordas do violão. É o batuque. A canção dita o ritmo do nosso amor alucinante, viciante.Eu desfruto da emoção, da qual brota felicidade. Ele, meu mantimento de cada dia. Preciso disso pra viver intensamente.
Ele é magia. Encanto recente. Presente mesmo distante. Está em mim como parte inseparável. Meu maior motivo , nessa atmosfera misteriosa. Meu amor tem a inicial da Lua.

"L" de :
leveza,
laço,
lírios,
língua.

de: elaine
para: Lê

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Quando desfaleço



"O FEITIÇO DOS ALPES" (óleo sobre tela) 110x81c

Quando desfaleço, uma névoa de pensamentos sombrios me perpassam. O que fiz e o que deixei de conquistar nem todos sabem, mas eu sei. Mergulho em mim e por um triz, quase o frio mórbido me congela. Os Alpes parecem aguardar minha chegada. Quero alcançar um dos picos, vontade de me ascender. O frêmito me atormenta, entre Gênova e Viena a distância é abismo.

Enfraqueço, amedrontada quase desfaleço completamente. Meus músculos demonstram uma força tênue e covarde que insiste em permanecer em mim, em quase todos aqui.

Eu não disfarço.

Aos outros, sou transparente.

A mim, sou sólida como uma rocha artificial,

ao mais leve toque me desfaço .

Sou rarefeita.

Lágrimas ressecam na minha face exausta.

Enfim, desisto. Deixo a escalada pra mais tarde.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Um trago do viver

Um trago de bem-estar
é bom pra lembrar

são tempos de amor
O ódio nem lembramos mais,
também são tempos de paz.

Inspirar. Expirar
Seguir o ritmo
natural do viver.

Pra falar a verdade,
queremos vários tragos
de felicidade.

Respirar o ar
deixá-lo nu,
sentí-lo disperso
dentro dos pulmões
suave, sincero
de um terno eterno

Inspire.
Espere.
Expire!

Sinta
o que é
viver.

Risco alheio

"Precisamos reencantar o mundo"

PEQUENO MANUAL DE FILOSOFIA PARA SOBREVIVER A UM PAPO-CABEÇA
Sven Orteli & Michel Eltchanineff


"Semblante atento e cenho franzido, o homem de gravata borboleta está silencioso. Raros monossílabos; suspiros e resmungos, se tanto. Mas há alguma coisa em seu semblante que gostaria de expressar- como dizer?-, uma espécie de sofrimento. Na verdade, ele está indócil desde o início do jantar. E eis que um irresponsável julgou propício queixar-se dos manuais( seis línguas, caracteres minúsculos, explicações falsamente esclarecedoras, desenhos que exigem a colaboração de um assiriólogo) das últimas do high-tech...o Gravata Borboleta intervém intempestivamente, enunciando com tristeza: "o senhor tem razão: precisamos reencantar o mundo" - em seguida se cala. Os presentes prendem a respiração e esperam a sequência. Nada.
...
Primeira garfada: o mundo foi encantado. As primeiras civilizações acreditavam na magia. Recorriam às postestades irracionais. O mundo era regido por forças atuantes, deuses, relâmpagos misteriosos e trevas. Os sacerdotes, feiticeiros, xamãs e outros videntes faziam o papel de telégrafos entre os deuses e os humanos. Mundo mágico, poético, mitológico, e super- romântico!

- O senhor quer dizer que o maravilhoso não existe mais? - pergunta você com candura.
- É mais complicado que isso - responde ele soturnamente.

Segunda garfada: o mundo foi desencantado. Esse processo, ..., começou hà muito tempo. Assim que os fiéis rechaçaram a magia, qualificada de superstição, o desencantamento adveio. No início, os profetas judeus abalaram o poder dos sacerdotes ao estabelecer uma relação pessoal com o Todo-poderoso. A magia não era mais uma técnica de salvação. Em seguida, o movimento ganhou impulso inexorável com o protestantismo, no século XVI, que pôs por terra todos os sacramentos tradicionais, manifestações sacralizadas do divino. ...Ninguém precisava mais de padre para absolver, para promover a redenção e a esperança de misericórdia.
...
Daí uma terceira garfada de torta de creme: precisamos reencantar o mundo, polvilhar nele um pouco de magia. O indivíduo contemporâneo chegou ao fim de sua autonomia. Por acreditar apenas em suas próprias forças, destruiu seu planeta e não suporta mais seus semelhantes. Sente saudade das religiões, que o ajudam a pensar e viver. Quer se volte para o budismo, a jardinagem, a leitura de Paulo Coelho ou do Código da Vinci, ele exprime uma necessidade de reencantamento. Trata-se de reencantar o mundo sem voltar à superstição ou ao mero fanatismo. ..."

sábado, 11 de outubro de 2008

Ficou azul



Ficou azul
Juntei a luz de cada um
e ficou dessa cor

Meus amigos,
minha família
Eles são assim,
nesse tom

Eles reluzem
e eu nem sei
que cor eu sou
misturei tudo
lá em cima
o divino sorriu
pois ficou anil

Nós somos nuvem
juntos, percorremos
o território celestial
encobrimos a Lua
só pra chamar a atenção
de quem não mais recorda
os tempos bons

É céu,
é nuvem
É tudo cor

quando estamos juntos
geograficamente, ou de coração
a sensação que fica é anil
Pra quem já viu,
é dispersão
do que há de bom

Risco dele


Ela não se importa
Contando os pontos
Dos seus ponteiros
A todo tempo


Quando não gosta
Se faz de morta
E fecha a porta


Escolher perder
Fingir que não quer ver
O quanto tem a olhar
Com tudo a aproveitar


De impaciência
Já não se aguenta
E tranca tudo a sua volta


Quando me encontra
já quase tonta
destranca tudo
e abre a porta


Para mim
Para o mundo em volta de ti
Para mim
Para o mundo em volta de ti
Para nós"

Impaciência - Leandro

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Intrínseco a mim


Intrínseco a mim
Ele é minha cor
O aroma que predomina na brisa
É estranho, quase um dano
Um vício constante, insano
Ele é minha essência,
fusão de gozo e inocência

Roubou minha independência,
Tolero tudo, menos viver sem ele
Sem ele tudo é em vão
Me condiciona, me emociona
São lágrimas de contemplação

Ele. Intrínseco a mim
É caso inebriante
Veneno e remédio
em uma só cápsula.
Procuro a bula
pra ver se existe
grandes contra-indicações
Descubro que só ele
é minha cura.

Intrínseco a mim,
ele é meu amor.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

cri - cri cri zi


cri - cri - cri
o grilo critica
o silêncio ou a crise?

O Mr.$ não vai muito bem
parece não resistir
dominormente levará todos
a sucumbir

O Mr. $ é a base
da sociedade, então
não é você que o abandonará
neste momento
é casamento, na alegria e na tristeza
no bolso gordo ou no barco náufrago

O mar
não manifesta-se revolto
Só o grilo insiste no
cri - cri - cri
ele tem pequenas dimensões,
no entanto é petulante

Mr. $, cadê a sua astúcia?
Em meio à cri- cri zi
será crime
ou gripe?
Levaram tudo
até as vestimentas

dó- mi- nó
todos dançam
a mesma música

é...
cri- cri- cri
o ritmo dó-mi- nó impera
são tempos frios








Ops!
cadê o grilo
Que não mais protesta?
Alguém o confundiu com o Mr.$!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Riscos alheios


A origem do termo: "Carbon Neutral"

segundo o PEQUENO MANUAL DE FILOSOFIA PARA SOBREVIVER A UM PAPO-CABEÇA.

(Sven Orteli & Michel Eltchanineff)

"... - O planeta está se transformando numa vasta estufa e tudo é uma questão de equilíbrio: um pouco de CO2, mantém a atmosfera numa temperatura apropriada ( 15o C em média), sua ausência liberaria calor no espaço e faria a temperatura baixar para cerca de -18o C; em contrapartida, um excedente abundante faria os oceanos ferverem", você ( cada vez mais pedagógico, você está impossível) diz: "A tendência está no limite.

Eis porque alguns sabichões ( a sociedade Future Forests) imaginaram, há uns 10 anos, propor a seus clientes que estes se tornassem 'carbon neutral': tratava- se de compensar toda a emissão induzida de CO2 plantando árvores.

É compreensivo que a idéia tenha florescido ( com trocadilho); há algo de edênico nisso tudo. O problema com esse bláblablá de árvores é que, no plano científico, a técnica é no mínimo duvidosa.

O carbono armazenado nas árvores é frágil e ninguém é capaz de prever quando um reflorestamento destinado a absorver CO2, irá liberá-lo. No plano político, a ladainha das incertezas não tem fim, mas a principal é a da equivalência poluição-compensação, que é, em suma, uma autorização para vomitarmos CO2.

Você ficou satisfeito com sua demonstração e atribui o frêmito das narinas de sua interlocutora a seu extremo interesse. ... Triunfal , você conclui esclarecendo que abdicou de seu carro porque a redução do uso de combustíveis fósseis lhe parece o método mais seguro. Porém, enquanto busca nos olhos da parceira o fulgor de admiração que julga merecido, um chato do outro lado da mesa pergunta estupidamente ao objeto de seus anseios se ela continua no pós-doutorado de climatologia de Harvard."

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Uma dose de loucura, por favor


- Garçom ! Amigo, amigo...
me traga uma dose de embriaguês.

Nessa dose vou de encontro ao ócio
mergulho, revivendo o inconstante.
A saída . A entrada . Não distinguo bem agora.
Quero mais, vivo menos.
Cansei de doses de lucidez.

Vivo, vejo a vida mais clara
Quando o ocidente e o oriente se encontram
a rotina fica mais leve,
a retina não reluz
e mesmo assim é tudo luz.

Leve. Me levo
no vento da inconsciência alheia
Não preciso de inspiração,
é substância correndo na artéria
é piração, perdi a nitidez
descompassei o ritmo do órgão pulsante
desfoquei o instante


Chega de regras, o certo e o errado se equivalem
neste mundo à fora. É tudo graça, só tem pirraça.

- Garçom, onde está a dose que eu pedi?
A minha dose de loucura pede bis.

domingo, 5 de outubro de 2008

Lágrimas do desperdício


Era a primeira vez que eu veria de perto um atentado contra a raça humana e a prole da gestação mãe natureza. A vítima repousava, reluzindo deitada em seu aposento lá em cima. De baixo ninguém lhe via. Eram raras as visitas. Agentes de saúde iam de vez em quando verificar se nela continham algumas impurezas, hóspedes indesejados.

Voltando ao foco deste pequeno, mas traumático relato, a trama desenrolou- se no banheiro de um clube esportivo. Seguia conformada, minha rotina. Pego sacola, retiro toalha e tudo que preciso para uma boa higiene corporal. Aqui está a matéria-prima : H2O. Deixo-a nas encanações enquanto me preparo. Daqui a pouco o chuveiro vai jorrar esse elemento essencial à vida. Procuro economizá-lo ao máximo. Cada gota, cada respingo é ouro. Estou agora procurando o shampoo.Corro, pois já estou atrasada, almoço em 10 minutos, em seguida, trabalho!

Infelizmente, minha privacidade é invadida. Chega uma visita inesperada. Não tenho curiosidade de ver quem é, mexo na sacola procurando outra coisa. A minha companhia repulsiva executa ações semelhantes às minhas. Em segundos, vejo que não são tão semelhantes asssim. Ouço um barulho agonizante. É ela, a vítima indo de impacto ao azulejo. Os sons que emite é quase um choro, pedido de socorro. A visita teria realmente feito aquilo? Atônita eu tento amenizar minhas contestações de influência greenpeace. Após alguns segundos, que mais pareciam horas intermináveis, eu decido interferir. Não seria cúmplice de tamanha crueldade e desrespeito à vida de milhões dependentes de cada molécula H2O derramada. A mãe natureza sangrava. Eu estava prestes a cortar minha distância da visita, agora, repugnante( eu segurava a ânsia de vômito). Fiz uma simples pergunta:

- Por que você não está embaixo do chuveiro? Ao que ela respondeu:

- Ah. Está quente. Meu médico disse que eu fizesse isto. É minha saúde!

Incrível não?! A saúde da “pobre” moça estava em jogo. A água que estava fresquinha, aliás, na temperatura ideal para a pele, estava jorrando junto a lágrimas do desperdício. O mundo inteiro parecia chorar. A moça preservava o seu bem-estar, talvez até consciente do que estava a fazer. A saúde, não dela, mas do mundo, estava em jogo.

Para
minha tristeza, presenciei o mesmo ato criminoso por duas vezes. Estava de braços, pernas, língua atados. Não havia argumento algum que convencesse a ignorante assassina. E assim caminha o mundo, cheio de criminosos afetando vidas presentes e futuras.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Risco alheio


Trecho de Babylon(Zeca Baleiro)

"não tenho dinheiro pra pagar a minha ioga
não tenho dinheiro pra bancar a minha droga
eu não tenho renda pra descolar a merenda
cansei de ser duro
vou botar minh'alma à venda
eu não tenho grana pra sair com o meu broto
eu não compro roupa por isso que eu ando roto
nada vem de graça nem o pão nem a cachaça
Quero ser caçador ando cansado de ser caça"

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Achados e perdidos


Tava indo por ali,
foi quando eu perdi.
Senti falta de algo
não eram os óculos?
Não, porque eles já não estão
Eram minhas peças de roupas?
ainda bem que não!

Perdi, só sei que esqueci
Compro, gasto, perco objetos
esta perca tão desnorteadora
de todo alguém perdido
É assim, se quiser me encontrar
Procure-me nos achados e perdidos.

coisas deixadas,
apego material conflitante
é . até queria ser desapegada
acreditar no dito:
"embaixo da terra,
você não leva nada"
...

Ah. Não!
Onde estão meus cabelos?
Achei o shampoo,
Achei o brilho labial,
só falta os lábios.
Achei o oxigênio,
só falta as narinas.
Achei o calor do sol,
só não consegui ver a luz,
Achei o meu amor,
mas perdi meu coração.

Ainda penso, questiono
Mas esqueci minha cabeça
Alguém pensa sem cérebro?
- Por obséquio,
alguém viu um cérebro por aí?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

É você


Sonâmbula, acordada, em transe
os pensamentos fervilham
É você, meu amor
Incrível como é intenso
sem tento ,
sentimento pacific-a-dor.
Príncipe real,
Deus da imperfeição
Fique sempre aqui,
migrando da minha mente ao coração,
num ciclo rítmico sufocante,
e ao mesmo tempo cheio de fôlego.
Príncipe que encanta,
Deus da realidade,
me ame com seus defeitos,
me incomplete com suas perfeições
pra que eu possa te cobrar mais beijos
Você tem o dom de transformar
segunda-feira em sexta- feira
Eu quero toda feira
ao lado de tua beleza
Seu belo nunca vi em niguém, acredite.
Amo- te verdadeiramente.

domingo, 14 de setembro de 2008

Volta Sabiá..


Meu sibilar, meu sabiá
Não deixe que os sons se percam na distância
Corte esta ausência
Alça o teu vôo e vem nos agraciar com a pureza de tua beleza
Vem de encontro. Prometo! Ninguém vai te aprisionar na gaiola
pois os tempos e pensamentos são outros
Volta para estes ares
Traz vida em teu encanto
emite o canto
e faz a natureza falar

Vem anjo!
Vamos voar com você

Todo o mal
você pode aliviar
sabia, sabiá?

Volta!
O velho mundo acabou
renovou- se como por um milagre
O Criador se deu ao trabalho
de dar mais uma prova de seus dons

Só você sabe o quanto Ele não suporta mais
ver a fumaça vinda da Amazônia
e de tantos outros cantos
com vestígio do verde

Volta!
Vem e alimenta esta sede
Estamos sedentos
do amor pela natureza.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O vazio

Notícia que deixa apenas o Vazio...
Mas ainda insisto em querer entender
o porquê de tudo isso.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Seguimos


Longe daqui, seguimos adiante.
Corpos dispostos a sentir
toda e qualquer sensação
Pode ser triste, leve, sem noção
Basta o amor estar perto
Pra dizer ao certo,
qual decisão nessa imensidão

Sem depressão, nem dor
Livres do mal e do bem,
apenas libertos num eixo de equilíbrio
acima dos céus. Espera tem fim.
Seguimos adiante, na busca de paixões,
combustível vital para os anjos e mortais.

Sangue jorra, vida a fora
E damos continuidade
nessa trajetória que
não vai findar tão cedo.

Sem desleixo, seguimos
entre erros e acertos
mais distante, adiante

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Riscos que não são meus


Bandeira

"Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio pra sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso, seja lá o que isso for
Eu não quero aquele, eu não quero aquilo,
Peixe na boca do crocodilo
Braço na Vênus de Milo acenando tchau.
Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro, este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o Tejo me escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o rio Nilo,
Quero tudo ter estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo, água e sal
Nada tenho, vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quando
Vida, vida noves fora zero
Quero viver, quero ouvir, quero ver
(se é assim, quero sim... acho que vim pra te ver)"


Zeca Baleiro (Perfil)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Virou manchete

Josué jurou ter sido abduzido. Reza a lenda que Josué da Silva Neto teria sido levado por seres não identificados, mais propriamente conhecidos como extra- terrestres, alienígenas, ET's. Enfim, alguma coisa rotineiramente vista pelas regiões onde São Judas perdeu as botas, vestimentas e corpo inteiro.
Neste interiorzinho, tudo é só mato. E quando viram, pela primeira vez, aquele grande círculo depilador das raízes dos vegetais que jaziam ali, a notícia correu como rastro de pólvora. As línguas treinadas para notícias escandalosas desenbestaram- se país a fora. Foram parar no principal telejornal do sudeste. Os jornalistas até optaram por excluir a apresentação de uns dados sobre a fome no mundo. O grande destaque foi: “O misterioso desaparecimento - senhora diz que marido foi abduzido por seres extra- terrestres”.
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Pois é, Josué tanto foi abduzido, como teve a oportunidade de reaparecer para contar com mínimos detalhes o que lhe ocorreu. Diz ele que ao caminhar na estrada, o clima não estava lá muito favorável, sentia o corpo fervilhar no fogão a lenha do planeta. Avistou, então, algo que não reconheceu de imediato. Só consegue lembrar do momento em que pisou na terra sem sentir as folhas roçarem nas pernas. Olhou ao redor, e viu que estava no meio de um círculo perfeitamente redondo. Olhou para o céu, ouviu o canto de um pássaro habitante da região. Logo, sentiu a vista ofuscar com um grande clarão solar. Seu corpo se desvaneceu em suor e tudo ficou escuro.
Josué viajou pela plano negro ocular. Inconsciente, começou a enxergar manchas que se transformavam em silhuetas verdes e fantasmagóricas. Não estava sozinho, via agora com precisão as criaturas de grandes olhos, braços mais longos que o corpo e altura um pouco maior que a de um jogador de basquete.
Um absurdo: Josué não estranhou aqueles seres. Como todo bom habitante da região de S. Judas, pegava amizade fácil e se mostrava bastante hospitaleiro para com os novos companheiros de prosa. Diz Josué que conversou bastante com as tais criaturas cheias de gosma. Afirma ter sido colocado numa poltrona constituída de um material intergalático. Ficou horas a contar suas famosas histórias: fantasmas que 'buliam' nos punhos da rede na qual dormia, chupa- cabras que invadiam suas cercas, dentre outras memoráveis.
Seus recém-amigos esbugalhavam suas infinitas órbitas, sempre atentos a cada capítulo contado com entusiasmo. Infelizmente, os alienígenas camaradas lhe noticiaram que chegava a hora de partir. Josué de volta pra casa. Espetáculo feito aos olhos das lentes objetivas do câmera-man, a pensar com alegria o quanto aquilo daria audiência.
Josué da Silva transformou-se numa celebridade vinda direto do disco para as manchetes.

sábado, 30 de agosto de 2008

Meu amor


Meu amor me disse
que não quer viver
num mundo assim

crime dentro e fora da TV,
adultério tocando no rádio.
Um espetáculo de mais de 7 pecados.

Meu amor olhou assim pra mim,
como para aliviar,
repousar em meu corpo


Por vezes, somos obrigados
a ver e ouvir o que não queremos.
Assimilamos mensagens insensatas,
sem querer, reproduzimos, e então
ficamos no meio da massa, transbordando esgoto.

Fétido mundo
aos olhos de inocentes,
de amantes,
que buscam em seus amores,
a saída de todo mal.
Inspirando o bem,
para não se perderem no caos


Meu amor chegou assim, pertinho de mim
abraçei-o com minhas últimas forças,
para juntos nos purificarmos,
desse estranho planeta.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Sale !


A beleza entrou em liquidação
Sim, eu vi no outdoor a pele limpinha da modelo
Dentes alvos, lábios sedutores

Você só precisa dar uma passadinha
no shooping bem ali.
"Simples assim", diz a operadora.

A mulher acordou com profundas olheiras,
nada que uma boa maquiagem não resolva.
A pele vira plástico em algumas horas,
máscara coberta de tinta, apáticos olhos pintados.

Elas compraram o 'bonito',
pena que a nuvem expelida do veículo
poluiu seus poros disfarçados entre tanto pó
e pigmentos rosados concentrados nas maças da face,
que estava quase tão límpida quanto a da mulher do busdoor.

É assim: a auto-estima fica logo em alta
Ainda bem que qualquer valor é baixo,
neste mundo em que ficar bonita "não tem preço".

A beleza está em promoção,
e alguns poucos publicitários,
tentam garantir seu pão de cada dia,
sem ferir seus valores e princípios.
Que a verdade seja dita!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Moléculas de si

Tarde cálida e silenciosa.
Ela ouve a canção e se dá conta
que não faz mais sentido viver
num mundo perdido.

Desperdiçou o ânimo, a faísca
que a mantinha viva
Agora, só observa o jardim colorir
o fim de tarde.
Ver a borboleta de voo impressionante
Se desespera para sentir os últimos raios
da luz milagrosa.

Sua alma evaporou feito a poça
de lama. Ela não mais ama.
Sentiu o corpo se transformar em
moléculas...
Pequenos pedaços de si no espaço
Observa o mundo
de outro plano.
Fantasia e realidade
revelando sua mente insana.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Riscos que não são meus

Algum Lugar
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Marília Medalha

Meu amor
Não posso mais
Viver aqui
Não tenho paz
Eu quero ir
Pra algum lugar
Pra algum lugar
Pra algum lugar
E ser feliz
Ouvir o mar
E amar
Meu amor
Vamos fugir
Vou me mandar
Não quero mais
Viver sem ar
Me poluir
Me poluir
Me poluir
Ter que me dar
Com quem não sabe
Amar
Não sei mais
prÂ’onde ir Pasárgada ou Shangri-lá
Será que há por aqui
Algum lugar, eu sei lá
Pra gente amar
E aquela estrela ali
Podia bem ser um bar
Pra ir é só curtir
E escalar o luar
Bem devagar
Meu amor
Tem que ser já
Eu vou sumir
Sair daqui
Vou te levar
Pra algum lugar
Pra algum lugar
Pra algum lugar
E sempre só
Você e eu
E o mar

Atmosfera verdadeira

Página em branco
ausência de planos
Definitivamente,
não nos aprisionamos em clichês

Idealizadores e não apenas
sonhadores
Atmosfera pura e verdadeira

Pouco ou muito
Intensidade não se mede,
quando o sentimento se faz sentir
pelos poros da pele, da pétala.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Entorpecida


Adormecer, entorpecer
Viver, sonhar, amanhecer.

O sono faz bem,
calmaria sem fim.

Tudo deveria terminar em rede,
um aconchego gostoso,
Ah...eu quero uma rede pra dormir,
no embalo do balanço sinto-me uma recém- nascida,
Mais que vida! Até em pé eu consigo dormir.
Sem querer, entorpeci, morri.
Trágico fim.

domingo, 3 de agosto de 2008

1 metro e ...

1 metro e 50...51 centímetros
Na minha pequeneza
vou caminhando em passos curtos
Vou relevando ironias de quem se acha suficientemente grande

Inspiração das piadas mais sem graça,
OK. Algumas têm graça, não vou negar
Mas eu não me importo,
Na minha pequeneza,
vejo o mundo por um ângulo inferior,
sem necessariamente causar impressão de inferioridade.

Não tenho superiores,
nem costumo destinguir
o valor de cada pessoa
pelo nível hierárquico
Apenas considero cada um
como o complemento do outro

1 metro e 51...52 centímetros
Não sei bem ao certo,
a medida da altura é relativa,
depende dos olhos de quem me enxerga

Pequena, pequenina
vejo o mundo do meu ângulo
e o interpreto a meu modo:
simples e desconexo.

sábado, 2 de agosto de 2008

Parágrafos regados a lágrimas

Você poderia ser minha amiga, mãe companheira
Amo você apesar das ofensas e frases impensadas,
mas eu gostaria tanto de poder revelar alguns segredos

Por que você pensa dessa forma?
assim, sem considerar o que mora em mim
No fundo, você se importa com nossa imagem,

O mundo é permeado por imagens, videos,
e você realmente acredita que nossa imagem como pessoas
também deva seguir certos padrões envelhecidos da sua geração
para que as pessoas achem bonito, estética meramente admirável
aos olhos dos feios e pequenos,

então, eu prefiro viver minha vida real.
Não deixarei sonhos para trás por achar que já é tarde demais,
assim como você fez. Me deixe sonhar. Me deixe acordar.

Minha geração vive com alguns limites,
a sua sobrevive com todos os limites,
Por favor, me deixe ser eu,
me deixe seguir até o horizonte.

Não me diga o que é certo e o que é errado,
meus erros e acertos ficam por minha conta,
apenas ainda moro na sua casa e admiro o tempero de seus pratos.

Se você pudesse ler quem sou eu,
talvez aprendesse a me dar conselhos sem me fazer sangrar
Seríamos mãe e filha, amigas e companheiras do mesmo sangue.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Confissão repentina

Na vastidão do meu mundo alternativo,
a solidão não existe.

O encontro com a alma desconhecida que ocupa minha carne,
E então, eu nunca estou só, há a presença de um espírito, ele só observa.
Vejo as coisas confusas com uma réstia de clareza.

Um conto de terror gótico absorve minha atenção,
esqueço de pensar em mim e na humanidade.
Vejo e planejo apenas o abstrato,
pensar no futuro me causa um medo horrendo,
talvez eu não seja suficiente a mim mesma.

Ser imperfeito, lapidado pelo amor ao acaso.

quinta-feira, 17 de julho de 2008


Acordou com o ruído dos ponteiros. Coberta por um lençol de um branco alvo, Carolina conseguiu, finalmente, fixar os grandes olhos negros no despertador. Notou o espaço vazio na cama, onde o marido deveria estar sonhando e ainda produzindo os primeiros estrondos de cada ronco. Era assim que a esposa chamava os roncos do marido sonhador’, uma seqüência de estrondos.

Carolina, então, levantou-se e inspirou profundamente como de costume. Fazia isso para intimidar a preguiça que travava sua mente e corpo em todo despertar. Quando o ar se dispersou em seus pulmões, sentiu de imediato o cheirinho de fósforo queimado acordar sua memória. Adorava aquele cheiro. Doces lembranças da infância. Visualizou de imediato a querida mãe acendendo o palito de fósforo para preparar o seu prato favorito no fogão à lenha.


Carolina sempre teve uma memória inquestionável, recordava do passado recente e distante sem muito esforço, mesmo depois de noites mal dormidas e perseguidas por pesadelos. Então, em um flash mais rápido que a velocidade da luz, saiu do cenário rústico da casa da mãe e transportou-se para quatro horas atrás. Estava esquentando o leite, quando a boca do fogão deixou de fornecer fogo. Tinha que trocar o botijão de gás. “- Ah, não”, detestava isso.O marido ainda não tinha chegado do trabalho. Não pretendia esperá-lo, estava com os olhos pesados, só precisava tomar a sua xícara de leite e, num passo único, lançar- se na cama.


Força. Botijão de gás. Leite morno. Ao caminhar até o quarto sabia que tinha esquecido de algo. A luz acesa? Não. Enfim, não se importou tanto. Uma boa noite de sono era sua prioridade no momento. Agora, aquele cheiro de fósforo não lhe parecia mais agradável. Lembrou tarde demais o que tinha esquecido. O marido acendeu o fósforo e o que se ouviu a seguir foi um estrondo. Se Carolina considerava os roncos do marido estrondos, descobriu em uma situação trágica qual o real sentido da palavra. Gritos de agonia e tentativas vãs de fuga da casa em chamas. Tudo isso porque não tinha feito o teste de vazamento de gás. Atordoada, Carolina tentou destravar a janela do quarto, mas desistiu, queria encontrar o marido pela direção dos gritos de socorro.

Tudo estava em chamas. O vilão alastra-se em pouco tempo. Não deixou que os personagens dessa história trágica pensassem em estratégias para saírem unidos dos fatos inesperados. Carolina encontra o marido coberto por fogo. Odor de carne humana queimando. Tantas noites rezando, tendo como ponto de referência visual o crucifixo no centro da parede. Como isso pode ocorrer com um ser humano? Carolina não conseguia pensar. Olhou para os lados num desespero sufocante. Gritos e pensamentos surdos. Não havia qualquer possibilidade de salvar-se.

O inferno veio de encontro àqueles pobres indivíduos, só não imaginavam que seria tão cedo. Morreram ali, na sala de estar, que se empenharam tanto para decorar. Duas vidas mal desfrutadas falecidas, crepitando.






sábado, 12 de julho de 2008

Negra Rosa



...a emoção a invadiu por inteira, jamais imaginou que aquele sentimento pudesse apossar-se de todo o seu ser. Então, pois, o que de fato lhe ocorreu:


Negra Rosa pegava o caminho de volta para casa em leves pegadas. A vida, há muito, já tinha abandonado aquele pedaço de chão tão seco, sem gente, sem semente. Apenas Negra Rosa à espera, na saudade da esperança.

Arrastava- se à horas, mesmo o peso desprezível de seu corpo já lhe era um empecilho à sobrevivência. Vivência era o que ainda de raro tinha. Há 18 anos nesta sina: olhava o espaço infinito acima da Terra, nenhuma nuvem, nem ponto negro de pássaro voando a uma considerável distância. Céu aberto, terra fechada. Terra que rejeita todo e qualquer broto de vida, ainda mais broto verde. O verde de presença insistente nos sonhos perdidos da menina Rosa. O sono vinha para aliviar o vazio do estômago, da alma dos últimos habitantes.

A menina continuava a caminhar. Fazia dias que não dirigia o olhar para cima, seu cansaço não lhe permitia averiguar o tempo, mas neste dia sentiu o vento, prenúncio do renascimento, vir de encontro a sua face exausta.


O primeiro pingo incolor deslizou timidamente sobre a pétala pálida da enegrecida menina Rosa. Foi então que entregou-se de impacto à sensação invasiva. Os joelhos inclinaram-se rendidos. Sem que ela notasse, encontrava-se dispersa na terra rachada, ajoelhada como um ateu convicto da existência divina. Estava de toda envolvida, quando, por milagre, conseguiu estender os braços a fim de acolher a seqüência de pingos.

Pingou, choveu naquela alma. As gotas de emoção que brotavam dos olhos da menina confundiam-se com as gotas de abundância. O sangue voltou a correr freneticamente no órgão rítmico. De volta à vida, tudo o que se viu a seguir traduzia-se no esboço de um sorriso largo na linda face da moça.

De tão intenso o sentimento, abriu espaço para uma existência digna. E a nossa Negra Rosa nasceu agora batizada como Vermelha Rosa, de pétalas incrivelmente belas ao reflexo de gotas d’água.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Da gente

Incrível como a felicidade vem de gente
É o reflexo da sua relação com o seu eu e com os outros eus
Cada pessoa,cada caráter , te acrescenta um algo a mais
E no meio da multidão você se descobre, faz amizades
numa conversa sem muitas finalidades.
Universo feito de gente, de coisas, de abstratos, de concreto
Então, eu passo pelo porta, ela tem porteiro
e aí eu percebo que aquela pessoa tem uma história de vida incrível
Caminho até meu quadrículo, onde tenho um encontro marcado
com a máquina computador, me sinto um tanto sufocada,
Então, meu remédio é ver gente, ser gente, falar com a gente
Muitas histórias que não vivi,mas tenho a imensa satisfação de tomar posse da experiência alheia, dividindo risos e dúvidas.


Ver gente, ser gente, comunicar pra essa gente!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Minha tela

Minha tela tem um endereço eletrônico
Tem frases e palavras soltas, sem sentido
Tem erros ortográficos
imagens que falam
alfabeto que vê
sonhos adormecidos
medos despertos
Minha tela carrega o mistério da cor,
o segredo pra cessar a dor.
Minha tela acentua meu astigmatismo
Minha tela me telefona ,
ela pede, escreve por mim
mas o que fazer, quando não tenho
mais nada a acrescentar
nessa tela tão raramente visitada?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Penso o meu pensar


Penso um pensamento meio inteiro,
Pensei num pensar; já não sei, nem por onde começar.

Paranóia, pára brisa
Pára vida, por um instante parei de pensar.

Pensei no pensamento dele,
Será que ele está a pensar?

Penso um pensar fugaz,
o pensamento se foi,
nem permitiu que o meu cérebro
pudesse armazenar

um sonho impensado,
a minha cabeça virou um baralho.

E o pensar pensou bem pensado,
quando o vi por acaso:
sim, meu pensamento em pessoa,
pensando Leandro.
Penso, logo amo.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Nós só queremos...

Nós só queremos deitar na grama,
Nós só desejamos ter uma hora tranquila
Nós apenas precisamos admirar o outro mundo acima de nossas cabeças,
Ela, a Lua, não está ali por acaso, obra divina para aliviar o nosso cansaço.

Vamos viajar. Vamos nos encontrar, sem partida e sem chegada,
essa é a nossa chance de seguir uma estrada ainda sem marcas de pneu.
E assim, os"eus de todos os poemas serão substituídos pelos"nóss"
guardo agora na memória uma sábia frase de um drama assistido num final de semana:

" A felicidade só é verdadeira quando é compartilhada"

domingo, 11 de maio de 2008

Riscos que não são meus 2. Ela. Mãe.

Ela. Mãe.

Música: Gerânio

"Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo
do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente
Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista
Despreocupa-se
e pensa no essencial
Dorme e acorda
Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana
Fala inglês e canta em inglês
Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus
E lava os cabelos com shampoos diferentes
Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa
E corre quando quer
Cozinha tudo, costura, já fez boneco de pano
E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga
Tem computador e rede, rede para dois
Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão
Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro, mas prefere cinema
Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você
Despreocupa-se
e pensa no essencial
Dorme e acorda"

(Nando Reis, Marisa Monte, Jennifer Gomes)


sábado, 3 de maio de 2008

Dó-Ré-Mi descobrir


Eu queria cantar com a voz da eternidade

Encantar em notas harmônicas

Fazer o meu anseio e a minha alegria

Entonar no mais longo eco da vida

E no dó- ré -mi descobrir.

Nosso admirável canto natural


Como é bom nutrir essa grande admiração

Por obras advindas da mais pura energia

Eu paro e reparo nas coisas mais lindas

Que nos rodeiam em nosso universo

Muita gente passa apressado por estes cenários

E eles estão ali não apenas para serem notados

Eles dão o último suspiro

Eles clamam por atenção

E o que eles menos querem

É a sua distração

Eu vi alguém vir neste instante

A pessoa arrancou uma folha

Somente para ter algo para fazer

O indivíduo se foi

E a planta ficou com o sangue a jorrar

Pelo vaso onde há pouco havia uma folha bem verde e com sede.

A caminho

Os lugares se solidificam
e as nossas reações se modificam
O canto,onde me confessei,
agora está vazio.Eu o vejo de outro ângulo,
mais feliz ou mais triste.
O cenário daqui de dentro,
não é similar ao de antigamente.
Minha mente não é mais pura,
minhas idéias sugerem um labirinto
Eu procuro a saída que vai me transportar para o nada.
E eu,enfim,poderei respirar a beleza, sem querer possuí-la.
Lá eu não precisarei de sorte,
bilhetes de loteria vão alimentar minha fogueira.
O frio vai estremecer meus ossos
e o calor acalentar minha forma.

domingo, 27 de abril de 2008

Manifesto do Pingo Celeste


Eu pertenço a toda dimensão,ao passo que minha grandiosidade não é tão notável quando posta em análise na perspectiva deste Planeta chamado Terra.Suponho que todos esses humanos,almejando serem os desenhistas mais profanos,arriscam me representar com meros xis cruzados entre si.Mas será que eles não percebem como é vã essa atitude.Jamais poderão ao menos tracejar minhas medidas meticulosamente distribuídas.
No auge de minha constelação, ainda descubro que neste tal Planeta,existe um grupo de indivíduos "Pop Stars". Mas quem os autorizou a copiar meu nome celestial?Eles deturpam meu sentido e minha amplitude a todo instante em programas televisivos:"grande estrela","estrela" que em segundos vira "REi"-"Nosso Rei"-"Fera da música brasileira".
Ah...convenhamos.Nós estrelas, somos mais do que simples pingos dispersos no céu desses humanos.

domingo, 20 de abril de 2008

19 de Abril


E hoje,o sentimento se fez concreto,
impregnou na nossa aura sem aviso prévio.
Sinestesias em uníssono.
Dois seres únicos,que não pertencem ao universo,
nem tampouco às convenções que há muitas estações
são revestidas por feixes de hipocrisia.
E agora,nada mais importa:
o ponteiro dos segundos não emite mais o ruído esperado,
o valor da cédula sumiu,
e o pretérito-imperfeito,finalmente,virou fuligem.
O presente é, agora,faísca.
e o futuro, nuvem pronta pra se transformar em água cristalina.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Agilidade em tempos modernos



Engole migalhas do pão de ontem.
Entorna a xícara de café ralo.
Come rápido.Bebe o engasgo.Não respira.
O expediente começa daqui a pouco.
Passos mecânicos até o veículo.
O impulso dos neurônios até os músculos é instantâneo,
que nem o macarrão guardado no armário da cozinha.
Aliás,não se pensa mais.Está tudo pronto,ou quase tudo.
Logo,se já está pronto,por que a demora?
Vamos lá,sai desse trânsito.Agilidade em tempos modernos.
Não dorme no ponto,se não quiser ter sua pele degenerada
pela ação do tempo,pelos agentes tecnológicos.


terça-feira, 15 de abril de 2008

Teco-Teco...Teco-Teco


Teco-teco...ela vem cheia de pose, ostentando o salto novo.
Teco-teco...ela acredita que assim o dia vai dar certo.
Ela diz que é um estilo próprio: sensual de ser.
Teco-teco...na verdade,ela procura estar por cima,
negando a sua altura,para se autoafirmar poderosa,mulher de negócios.
Mas teco-teco... ela é submissa ao diretor da sala logo ao lado.
Mais que Teco-teco irritante.Ela segue no corredor,
exibindo o seu sapato novo: instrumento simbólico de poder.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A mesma chuva


A mesma chuva em que o menino brinca na biqueira,

é a mesma que deixa o ambiente propício a epidemias.

A mesma chuva, embaixo da qual os garotos jogam bola, na pista molhada,

é a mesma que cai inundando casas e desabrigando famílias .

A mesma chuva que levou a criança a pular na poça de lama,despertando

aquele sorriso puro que só um anjo faz semelhante,

é a mesma que levou o filho de alguém a tornar-se o próprio anjo.

E a mesma chuva que te faz lembrar de um momento doce da infância,

é a mesma que se transformou em gotas de sangue,

e que ainda lavará o seu espírito de todo mal dominante.

domingo, 13 de abril de 2008

Riscos que não são meus I

Riscos que não são meus:

post específico para expor textos de autorias grandiosas.

"As palavras me antecedem e ultrapassam,elas me tentam e me modificam,e se não tomo cuidado será tarde demais:as coisas serão ditas sem eu as ter dito.Ou,pelo menos,não era apenas isso.Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que não posso me resignar a seguir um fio só;meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias.E nem todas posso contar-uma palavra mais verdadeira poderia de eco em eco desabar pelo despenhadeiro as minhas mais altas geleiras.Assim,pois,não falarei mais no sorvedouro que havia em mim enquanto eu devaneava antes de adormecer."


CLARICE LISPECTOR

Patrimônio Oculto


Miríades de livros dipostos em fileiras, nas quatro dimensões geográficas.Neste território, lamentavelmente, delimitado por paredes e poeira.Tudo emaranhado em teias, minuciosamente trabalhadas por habitantes agregados.
Patrimônio cultural e intelectual a repousar neste espaço, onde o silêncio é lei.Escritores vivos em páginas empalidecidas pelo correr dos séculos.Livros fechados,ansiosos à espera de curiosos que tornem viável o grito surdo ecoar em capítulos recapitulados,agora, visitados.Sábias palavras deleitadas por aprendizes sedentos do saber.
Patrimônio, antes,obscuro,oculto por uma obsoleta instituição religiosa.Sabedoria e corpos em meio às labaredas.Conhecimentos,felizmente, resgatados,preservados pelo patrimônio oculto.Este, com pretensões de ser revelado por curiosos: sábios aprendizes.

sábado, 12 de abril de 2008

Olha eles!


Olha ele,digo:olha eles!

Eles voam de galho em galho,de nuvem em nuvem,de fio em fio entre os postes da cidade. Lá embaixo é só tráfego, carros e faixas, sinais e placas em um estranho descompasso. É muito barulho no asfalto. É muita vida aqui em cima. Olha o pássaro,ouve o canto! E a gente lá embaixo, disputando por espaço nas avenidas . Olha o pássaro aqui embaixo! Ele só desce em último caso.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Riscos em Rascunhos.



Riscos.Rabiscos.Papel.
Desenhos amadores.
Corações.Letras iniciais de namorados interligadas pelo “&”
Borboletas e uma estranha flor, com uma quantidade de pétalas jamais vistas.
Triângulos.Quadrados.Círculos.Toda forma mora ali,no rascunho.
Seu rascunho pode traduzir bem quem você é.
Talvez, a melhor forma de viver o tempo,seja durante uma aula sacal
ou quando você supõe, erroneamente, que não tem nada pra fazer.
Em seu rascunho nada é Certo ou Errado,simplesmente é.
Riscos e rabiscos não mais no papel,mas em você mesmo.
Esteja livre.Arrisque-se a transcrever seus pensamentos.