sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pernas para que te quero.

Eu escrevi aqui uma vez um "quem sabe eu conte mais" sobre minhas "pérolas", gafes, qualquer nome que você queira dar para quem paga mico sem medo de ser feliz. Então, aqui vai mais uma pérola. Uma que se repetiu por duas vezes.

Antes de qualquer coisa, vale lembrar do meu trauma com ladrão em cima de bike e, principalmente, largando a bike pra vir ao meu encontro. O trauma é mais forte do que eu. Inclusive, já relatei aqui a origem desse medo todo: "Da primeira vez em que fui assaltada"=> http://tresparedes.blogspot.com.br/2012/03/da-primeira-vez-em-que-fui-assaltada.html

Mas, tudo bem; dizem que a gente supera. E eu nunca superei. De qualquer forma, tudo bem. Sou uma mulher de sorte. E se não existir sorte, vai que existe anjo da guarda mesmo? Agora, chega de detalhes e vamos ao que interessa, ou melhor, ao que faz eu me sentir a rainha dos micos.

Estava eu desfilando na rua que desce pra minha casa, quando dois rapazes vêm pedalando na minha direção. Eles me olham de forma estranha, e eu, a pessoa mais desconfiada de todos os tempos com ciclistas, desde o primeiro e único assalto, olho de volta fazendo carão de "não tenho medo", "sou mais esperta que vocês". Mentira! Isso enquanto preparava as pernas para dar meia volta e correr até onde minha energia me levasse. Qualquer sinal de aproximação dos carinhas, a adrenalina me levaria sei lá pra onde, ou, como da primeira vez, para canto nenhum. Apenas plantadinha como bananeira, pedindo favores ao ladrão e rindo na cara dele.

Mas acontece que, muitas vezes, a gente se engana com as aparências, com os sinais que as pessoas nos dão. Os rapazes nas bikes me amedrontaram, a princípio, sem notarem minha aflição. Foi só eu interpretar errado a empolgação deles ao pedalarem, que meu corpo tentou executar um plano que minha cabeça abortara: o de sair correndo em velocidade máxima. O importante seria fugir da situação, nem que isso levasse minha vida junto. Que horror! Mas é essa a sensação mesmo. Vontade de sumir daquele trechinho perigoso do universo e nunca mais escolhê-lo como caminho para chegar até sua casa.

Então, os carinhas de bike me colocaram medo. Na verdade, eu que projetei o meu medo neles. Bem, eles repararam na minha iminente meia volta (volta nunca mais) e desataram a rir. Primeiro, só um percebeu e riu. Cochichou para o outro, que também começou a rir. Foram embora rindo da ridícula medrosa aqui. Enfim, mico diante de carinhas de bike nº1. 

Vamos ao nº 2, que não necessariamente é numa bike.

Era moto. Dois caras. Um guiando e o outro na garupa. Estão vindo na minha direção. De repente, a moto para no meio da rua, próxima a mim. O cara, que estava na garupa, desce, mas não para me abordar. E sim para pegar o boné dele que havia caído no asfalto. Já era! Eu já tinha feito minha famosa intenção de meia volta para sair correndo, como quem corre numa maratona. Claro que eles morreram de rir. Olhando pra trás e rindo de mim. Oh, céus! Quando me livrarei desse trauma? Medo de gente suspeita dessa cidade me abala.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O nosso menino do castelo de areia-bolo, agora fazendo arte na Arte ;)



A praia foi uma sala de aula despojada. Enquanto conversávamos "papo-cabeça" de gente que só quer ser grande mas não é, o nosso pequeno professor, inquieto, tentava construir o seu castelinho de areia. Um só castelo, não. Vários.

Ao alcance de suas minúsculas mãozinhas estavam suas ferramentas (de brinquedo, claro):  o balde, a pá, uma espécie de peneira de areia e outros que não consigo detalhar agora porque me perdi no sorriso puro do pequeno professor.

Há uma maleta de plástico para guardar todas essas ferramentas, da qual o pequeno não tira o olho, se você gentilmente se oferecer para carregá-la. O menino, esperto que só ele, sabe tomar de conta de sua preciosidade. Inclina de leve a cabeça pro lado, na direção onde está sua mão que leva os brinquedos. Vai que você, adulto cabeça de vento, larga em algum canto, né. Ele mantém sua vigília firme e forte até escolhermos uma barraca e uma mesa.

Daí começa a atuar a engenharia do pequeno na minha mente que agora, mais do que nunca, vê metáfora em qualquer coisa ao redor.

Primeiro, ele tenta construir o Castelo num canto nada óbvio: a mesa que estávamos usando. A amiga mãe só podia alertá-lo que ali não era o “chão” ideal pra esse tipo de construção. Teria que ser na própria areia da praia.

Ele resolveu aceitar a orientação sensata da mãe e sentou onde as ondas do mar ainda não tocaram. Ficou ali sem saber por onde começar. Pediu ajuda da mãe. Sem cerimônias, a mãe afunda as mãos na areia e vai formando a montanhazinha. Ele observa e imita.

Nosso professor olha pra gente com cara de sapeca e simplesmente se joga no castelinho que acabou de fazer. Pula, se joga de barriga em cima do que era para ser um castelo de areia e que passou a ser chamado por ele de bolo de aniversário. Colocou um galho no ápice do monte fazendo de conta que era uma velinha. Até parabéns ele cantou. Depois da celebração, destruiu tudo movido por uma gargalhada que há muito tempo eu não ouvia de uma criança.

Ouve a gente se lamentar “Mas, ah, você desfez o castelo, o bolo! Agora vai ter que fazer tudo de novo” Ele responde com risada e nenhuma ruga de preocupação na testa. Imediatamente, se propõe a reconstruir o “bolo” e pensa alto, olhando pra mim: “Eu não consigo” E eu digo rápido, como alguém que já tem mais experiência de vida: “Claro que consegue! Faz de novo!”


E ele fez e refez, fez e refez o castelo de areia, ou melhor, o bolo, com graça e espontaneidade. E é assim que nós, gente grande, devemos fazer também com nossos sonhos. Se não foi dessa vez, tenta outra vez. Um dia o castelo de areia ganha consistência o suficiente para nós não o julgarmos tão imperfeito a ponto de acharmos melhor construir outro. No máximo, apenas algumas reformas.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"Sozinha"

Escritores ou metidos a escritores se divertem saindo sozinhos. 

Sozinhos entre aspas, porque olhamos apaixonados para todos ao redor, como se fossem nossos personagens preferidos. 

Todos protagonistas pra gente. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Quando a gente se acha no mapa-múndi.

Assim que a porta, - o acesso ao abrigo da ilusão do amor pra sempre-, se fechou pra mim, por pouco quebrando meu nariz, quebrando minha cara inteira, fui buscar no google o mapa-múndi. Escolhi o mais inteiro e colorido. Eu quis imprimir. Configurei o formato para papel A3.

Fui buscar a impressão com expectativa no andar, como quem vai pegar um documento importante. Analisei-o rapidamente para que ninguém me visse fazendo aquilo. Dobrei o papel ao meio e guardei na minha mochila. Foi uma relação sigilosa do meu eu com o mapa-múndi. Foi, né, porque agora eu estou revelando. E pensar que dias atrás eu estava perdida, pisando em ovos no breu de uma direção qualquer.

Ao olhar o mapa, não me assustei com sua imensidão. Pelo contrário, estava me sentindo acolhida por ele. Mais parecia que tinha sido feito pra mim também, como pra todo mundo desse mundo.

Eu poderia me jogar no meu mapa-múndi, como quem se atira numa rede não só pela preguiça, mas também para encará-la como um parque de diversão, assim como as crianças fazem com a novidade ao redor delas.

Meu mapa-múndi se transformou num avião. O portão de embarque não se fecha pra mim. Não é aquela porta que quis quebrar a minha cara.

Já imprimiu o seu mapa-múndi? O mundo está aí. É gigante e doido para apresentar novas dimensões pra gente. E haja novas possibilidades!

sábado, 16 de novembro de 2013

A menina de verde de novo

E aí que eu fui conhecer Florianópolis e voltei com muitas histórias pra contar, mas uma delas eu guardei com muito carinho na memória. E me pego rindo sozinha às vezes. Como é digna de compartilhar, vamos compartilhar pensamentos e risadas.

Pegamos um ônibus, após muito tempo de espera, para conhecer as praias do Sul de Floripa. Ou eram do Norte? Dar ouvidos a mais de um nativo pode ser muito confuso. Um dizia que era melhor conhecermos as praias do Norte, já outro, não, "Sul, conheçam as do Sul". Ok, por via das dúvidas, conhecemos as duas. Um dia para cada. Bem, mas isso não importa agora.

O melhor da história aconteceu dentro do ônibus, que estava lotado, mas que eu tinha garantido meu assento. Até subir uma moça meio jovem, meio adulta de mãos dadas com seu filhinho (ai, não consigo chutar a idade dele, mas o que importa idade, né).

De supetão, pulei do assento e falei:

- Moça, sente aqui

O menininho me olhou com estranhamento ao ouvir eu chamar "Moça" e afirmou com propriedade:

- Ela é minha Mãe!

Eu tentei ficar na minha, mas pensei alto:

- Olha, que lindo. Todo orgulhoso dizendo que você é a Mãe dele.

Ela me olha, coberta de felicidade, e se prepara para acomodar o filho no colo. Antes de sentar, ele me analisa rápido, olha de volta pra mãe e, curioso, pergunta:

"- Mãe, por que ela tá vestida de tapete?"

(Eu tava assim):



Como eu poderia reagir, né. Ri e respondi rápido:

- Não, não. É toalha de mesa! (O que o deixou ainda mais confuso)

Mas a Mãe , morrendo de rir, cuidou de explicar melhor para o filho, já que eu não estava ajudando. Explicou que era roupa em crochê. "Lembra, filho? Mamãe já fez crochê"

Depois de rirmos horrores, a viagem foi só amor entre Mãe e filho. Conversavam de igual pra igual, como bons e velhos amigos, e eu achando isso lindo sem tirar os ouvidos e os olhos deles. Até que chegou a hora deles descerem. Não sei por que, o menininho ficou zangado com a Mãe. Não queria descer. Queria ficar por ali mesmo curtindo a viagem de busão. A mãe soube argumentar com a chantagem de que, se ele ficasse ali, não iria à praia. E eles se foram, levando meu brilho nos olhos junto.

Eu e minha turma descemos na parada seguinte. Curtimos uma praia diferente. Sol e vento frio arrepiando a pele. Um mar onde eu só consegui mergulhar os pés (de tão gelado que é). Retornei do meu clássico momento reflexivo de contemplação do mar com duas pedrinhas de gelo no lugar dos pés.

Passamos ainda um tempão "explorando" o novo território, embora sentindo um frio de rachar qualquer cearense. Nós, por exemplo. Mas tinha chegado a hora de partirmos dali, porque a noite de dança e diversão seria longa.

Retornamos para a parada de ônibus. Adivinha quem me encontra? O menininho passa na minha frente e fala com certo exagero:

"- Você de-no-vo, menina de verde?"

Eu caio na risada de-no-vo! Respondo em seguida:

- É sim, eu tô te seguindo. Te perseguindo!

Mas, aí, ele sumiu de novo. Quando chego no terminal, uma das amigas me fala que se esbarrou com ele por lá. E olha só, o menininho sentiu minha falta, investigando assim:

"- Cadê a menina de verde?"

Sim, a menina de verde aqui persegue crianças espertas e fofas pra ter histórias coloridas pra contar. =)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Espalhando a alegria do samba.

Descobri que tenho paciência para compras em shopping, ouvindo e cantando Samba com fone conectado em apenas uma orelha. O outro ouvido fica encarregado de escutar a minha voz. 

As pessoas reparam em quem canta. Contagiamos os outros com tons e naturalidade.

domingo, 3 de novembro de 2013

O que aprendi com o menino dos castelinhos de areia - bolo.

A praia foi uma sala de aula despojada. Enquanto conversávamos "papo-cabeça" de gente que só quer ser grande mas não é, o nosso pequeno professor, inquieto, tentava construir o seu castelinho de areia. Um só castelo, não. Vários.

Ao alcance de suas minúsculas mãozinhas estavam suas ferramentas (de brinquedo, claro):  o balde, a pá, uma espécie de peneira de areia e outros que não consigo detalhar agora porque me perdi no sorriso puro do pequeno professor.

Há uma maleta de plástico para guardar todas essas ferramentas, da qual o pequeno não tira o olho, se você gentilmente se oferecer para carregá-la. O menino, esperto que só ele, sabe tomar de conta de sua preciosidade. Inclina de leve a cabeça pro lado, na direção onde está sua mão que leva os brinquedos. Vai que você, adulto cabeça de vento, larga em algum canto, né. Ele mantém sua vigília firme e forte até escolhermos uma barraca e uma mesa.

Daí começa a atuar a engenharia do pequeno na minha mente que agora, mais do que nunca, vê metáfora em qualquer coisa ao redor.

Primeiro, ele tenta construir o Castelo num canto nada óbvio: a mesa que estávamos usando. A amiga mãe só podia alertá-lo que ali não era o “chão” ideal pra esse tipo de construção. Teria que ser na própria areia da praia.

Ele resolveu aceitar a orientação sensata da mãe e sentou onde as ondas do mar ainda não tocaram. Ficou ali sem saber por onde começar. Pediu ajuda da mãe. Sem cerimônias, a mãe afunda as mãos na areia e vai formando a montanhazinha. Ele observa e imita.

Nosso professor olha pra gente com cara de sapeca e simplesmente se joga no castelinho que acabou de fazer. Pula, se joga de barriga em cima do que era para ser um castelo de areia e que passou a ser chamado por ele de bolo de aniversário. Colocou um galho no ápice do monte fazendo de conta que era uma velinha. Até parabéns ele cantou. Depois da celebração, destruiu tudo movido por uma gargalhada que há muito tempo eu não ouvia de uma criança.

Ouve a gente se lamentar “Mas, ah, você desfez o castelo, o bolo! Agora vai ter que fazer tudo de novo” Ele responde com risada e nenhuma ruga de preocupação na testa. Imediatamente, se propõe a reconstruir o “bolo” e pensa alto, olhando pra mim: “Eu não consigo” E eu digo rápido, como alguém que já tem mais experiência de vida: “Claro que consegue! Faz de novo!”


E ele fez e refez, fez e refez o castelo de areia, ou melhor, o bolo, com graça e espontaneidade. E é assim que nós, gente grande, devemos fazer também com nossos sonhos. Se não foi dessa vez, tenta outra vez. Um dia o castelo de areia ganha consistência o suficiente para nós não o julgarmos tão imperfeito a ponto de acharmos melhor construir outro. No máximo, apenas algumas reformas.