quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Coberta de amor

Voltei a ler romances deitada na cama, esqueci meu lençol estendido no varal - como também havia esquecido a mágica sensação de proteção maternal ao ser meio despertada com minha mãe me cobrindo com lençol - com amor. Um belo incentivo; vou ler toda noite. :)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O que se passa na nossa cabeça?

    Eu não sei o que se passa na cabeça de iniciantes no volante, mas, na minha - há um ano atrás- acho que algo não funcionou muito bem.

    Eu dirigia e, se algum cachorro grunhisse na rua, na minha cabeça, a causadora daquilo era eu. Imaginava os animais - nem de longe as pessoas - vulneráveis ao meu desempenho de caloura na direção de um carro.
 
    Os sons de um latido um pouco mais dengoso, de um grunhido, de uma manha que fosse vencendo a barreira dos vidros e brechas do meu carro, e pronto! Lá estava a minha mente imaginativa desenhando um mar de cachorrinhos e gatinhos fofinhos, indefesos e machucados por mim. Uma onda de vítimas da minha inexperiência pelo caminho.

    Qualquer pessoa normal, ao pegar na direção pela primeira vez, imagina os veículos da faixa ao lado se chocando com seu carro, se vê atropelando alguém, ou o carro descendo numa ladeira e batendo no que tiver atrás, entre outras tragédias. Já eu não, na minha cabeça, eu seria apenas a vilã do reino animal inteiro.

    E eu confesso que, até hoje, com 1 ano e 1 mês de habilitação, suspeito da minha culpa nos grunhidos dos bichinhos da rua. Acho bem provável a minha mente me perguntar, ao ver um vira-lata passando com sua perna manca: "Foi você?". Morreria na dúvida!

domingo, 22 de novembro de 2015

Aos dias de semana também perfumados de amor.

Das pequenas alegrias da vida: aproveitar o seu horário de almoço para, ao menos uma vez na semana, almoçar com o namorado(a). Voltar ao expediente com a mistura, em suas mãos, do cheiro natural da pele dele(a) junto ao perfume que ele(a) costuma usar.

No trabalho, você faz suas tarefas e, quando menos espera, sente o cheiro dele(a), a lembrança de que você esteve com ele(a), o tipo de saudade que te enche de saúde, de amor. Entre uma demanda e outra, você cheira suas próprias mãos, só pra sentir o perfume dele(a).

E simplesmente assim o seu dia a dia se transforma. A rotina muda, ganha uma fragrância surpreendente e mais que bem-vinda.

Uma segunda - ou terça - ou quarta - ou quinta - ou uma sexta-feira em que você esteve com ele(a); tá certo que por apenas algum tempo da sua hora de almoço ou café da manhã ou jantar, mas que foi aproveitado até o último minuto. Sentimento bom de sobra ignora frios e calculistas cronômetros. 

Que bom, meu Deus, que é sempre tempo de amar, por mais que uma realidade de horror e violência nos rodeie; por mais que o mal conspire contra.

Como não amar essas pequenas alegrias?

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Do lado de dentro, do lado de fora

Quem acompanha este meu blog sabe que eu sumi por um bom tempo.

Este ano, finalmente, tive a felicidade de conhecer pessoalmente uma pessoa muito querida, a mãe de uma das minhas amigas. Ela acompanha o Três Paredes faz um tempo, lê, comenta, curte no Facebook (criei faz um tempinho, me segue lá!). Mas nunca a tinha visto fora desse mundo louco digital. Sobre o encontro, foi só emoção. Ela contou que meus relatos ajudaram muito numa fase difícil pela qual estava passando. Meus olhos se encheram d'água, os dela também. Enfim, foi a coisa mais linda esse dia. E ela fez um comentário que eu já esperava:

- Olha, que bom que agora você tem o seu carro! Mas vou te dizer uma coisa: senti muita falta dos seus textos no blog, das suas observações andando de ônibus por essa cidade.

E respondi: - Pois é, eu também!

Então; acontece que eu consegui comprar meu carro no comecinho desse ano. Desde então, não conto com o transporte público da minha cidade ( sinceramente, nesse aspecto, não sinto a menor falta).

Deixei de pegar ônibus e morreu grande parte das minhas inspirações, frutos de observações diárias de gente que é gente mesmo, de raça, de fé.

Do para-brisa do meu carro, no banco de motorista, minha atenção é toda voltada para a frente, o lado de fora, e eu no lado de dentro.

Quando andava de ônibus, eu estava do mesmo lado que todo mundo, no lado de fora. Ah, mas tem a espera do sinal vermelho, eu posso observar gente também estando do lado de dentro! Não, não é a mesma coisa. Aliás, não é nada parecido.

Agora estou do lado de dentro, atrás dos vidros fechados e do medo da violência. Do lado de dentro de um automóvel que me dá conforto, mas que é frio, puramente material e solitário (sozinha no carro quase todo dia da semana).

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

E, na fila do self-service...

A adolescente chegou na parte das carnes assadas na hora, olhou para o carinha da chapa e perguntou:
- Cruas ainda?
Ele disse sim, ela pensou rápido e foi diretamente para a balança, murmurando um "Foda-se!".
Nem aí, ela foi pra mesa almoçar apenas arroz, feijão e macarrão espaguete por cima.
Fiquei imaginando as pessoas no restaurante olhando para o seu prato, incomodadas com aquilo e perguntando:
- E a proteína, de onde você tira?
Já eu...perguntaria:
- E as cores, onde estão? Vai uma saladinha aí; não?!, como não?


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

conversa de banheiro feminino

Uma conversa mais ou menos assim no banheiro feminino da academia:

Amiga descolada: - Convida ele pro seu aniversário!

Moça apaixonada pelo "ficante": - Sou nem louca como você, ele nem me pediu em namoro ainda...

E uma das ouvintes da conversa alheia, uma mulher já "senhora", se manifestou:

- Desculpa me meter, mas me tira só uma dúvida: ainda precisa pedir em namoro hoje em dia?

A moça imediatamente respondeu que sim, que com ela é tudo como nas antigas, que o ficante tem que pedi-la em namoro num jantar, que depois ele precisa ser apresentado à família dela...

A moça finalizou com um: "Eu não tô procurando namorado, tô procurando uma pessoa pra passar o resto da minha vida com ela".


Ela disse que, por enquanto, está só curtindo, que não vai estragar tudo como da última vez: com um mês de romance já apresentou o namoradinho pra família inteira e para todos os seus amigos. Segundo ela, essa rapidez estragou tudo. Só não sabemos o que houve, o foco do papo era outro.

Por esse outro, ela disse que está apaixonada. Será que é com esse que ela vai passar o "resto da vida" dela? A moça deixou claro logo no início da conversa: "pelo resto da vida", mas depois pensou melhor, acha que não é bom criar expectativas nesse começo.

A essa altura do papo, a amiga descolada levantou uma questão: "- Mas, cá pra nós, esses relacionamentos que a gente não dá nada por eles são os melhores, não são não?"

E a opinião foi unânime ( até a senhorinha da conversa concordou). Então, nada de expectativas antes da hora.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

As aparências

As aparências enganam feito um chuchu se passando por batata-inglesa.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Tinha um animalzinho no meio do caminho.

    Tinha um animalzinho no meio do caminho. No meio do caminho tinha um animalzinho. Os simpatizantes com bichinhos de rua vão se enxergar neste relato. Afinal, quem nunca ficou apreensivo ao ver gato, cachorro, jumento, cavalo (etc) no meio da pista prestes a serem atropelados?

   Outro dia eu estava dirigindo quando um vira-lata surgiu repentinamente correndo na minha frente, quando notou o perigo em que se meteu fez gesto de "vou ou não vou?", acabou que não foi e me olhou com uma carinha de dar dó, como quem espera humildemente que alguém o julgue num juízo final. Certeza que pensou: "Chegou minha hora!".

   Essa imagem alfinetou em cheio minha alma e senti uma misericórdia inundar meu coração naquela manhã corrida de semana. Felizmente, consegui reduzir a velocidade a tempo de ele poder continuar sua travessia. O vira-lata foi embora agradecido e eu com o coração do tamanho de um caroço de feijão ao lembrar do olhar que ele me olhou.

   Outro dia também tinha uma gatinho preto e pequeno no meio do caminho, no meio do caminho tinha esse gatinho e uma condutora preocupada, não porque ele estava bloqueando minha passagem, e sim porque estava me impedindo de seguir adiante sabendo que ele estava ali tão suscetível. Ao invés de apenas contorná-lo e seguir meu rumo, parei de frente pra ele e fiquei buzinando. Em vão! Ele mais parecia um gato empalhado me encarando, devia ter gênio forte ou ingenuidade mesmo de filhote.

   Vi que não adiantaria continuar meu barulho em defesa dele e prossegui, mas tamanha foi minha satisfação ao flagrar pelo espelho retrovisor um senhorzinho (que vinha caminhando na hora da minha tentativa frustrada) pegar o gatinho para livrá-lo do perigo. Depois fiquei pensando que eu poderia ter descido do carro para ajudar o gatinho genioso. Ainda bem que o senhor complementou meu gesto.

   Acho que solidariedade contagia, compaixão se transmite para quem está pronto para recebê-la.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Quando eu adoro quebrar minha cara.

Minha mãe assiste às novelas, a cada capítulo, prevendo e anunciando o que vai acontecer na cena. Na novela e na vida real eu tomei emprestada essa mania de premonição.

Semana passada, eu estava dirigindo quando vi um carro tomando a frente de outro. O carinha até sinalizou sua pretensão de mudança de faixa, mas foi de forma abusiva, meio que obrigando o outro a permitir.

O sinal ficou vermelho. O motorista à minha frente, o que foi obrigado a dar espaço, desceu do carro indo de encontro ao condutor "dono do pedaço". Com toda minha inclinação a premonições trágicas - o que é compreensível nas atuais condições do nosso país - aguardei uma cena de intolerância, beirando à violência física e/ou moral e/ou psicológica, se projetar logo mais diante de todos ali. Felizmente, não foi previsível como eu imaginava, minhas expectativas pessimistas não foram correspondidas.

O que se viu naquela manhã de semana embaraçada, preguiçosa e banhada de Sol esperançoso por dias melhores foi a cena real:

Dois amigos de longas datas (que não se viam há tempos, foi o que pareceu) aproveitando a espera imposta pelo sinal fechado - em plena rua de acesso a BR - para se darem abraços e batidinhas nos ombros do tipo "Pô, que bom reencontrar você!"

Adorei minha cara de adivinhadora barata sorrindo horrores. Espero quebrar esta minha cara mais vezes.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Tem algo de muito errado nos conformados.

Parece-me que os conformados não têm consciência de suas condições existenciais. Se já chegaram a um determinado patamar, se dizem em situação estável, que já sabem o que querem da vida. A questão é "Até quando aquilo vai satisfazê-los?"

Vamos trabalhar na profissão que escolhemos aos 19 até o resto de nossas vidas? Vamos sobreviver com aquele mesmo salário por anos e anos? Temos total convicção no "até que a morte nos separe"? Nossa ideia-padrão de felicidade nunca vai mudar?

A essência de nós sofre mutação a cada instante, como crianças grandes com o caráter em formação. Todo dia é dia de conhecer um lado diferente da gente, por isso muito se fala em autoconhecimento, dicas e formas de buscá-lo.

É assustador reconhecer, mas vamos ser francos: nem você se conhece direito. Saber de suas comidas, suas roupas, suas flores, suas coisas favoritas é fácil, agora vai entender sua mente, da qual muitas vezes você já se viu perdendo o controle.

Daí você procura um psicanalista e vai de encontro a mais dúvidas a respeito de si. O especialista te faz perguntas e acaba que Freud não explica nem você se explica. Mas a quem mesmo você deve explicações?



Cada vez mais me convenço que o fantástico disso tudo é sermos um mistério para nós mesmos. Por isso não me conformo com os conformados. Pra mim, não está bom do jeito que está. Bato o pé, reclamo, sinto dores de cabeça como efeito colateral de quem busca soluções a cada dificuldade. Amanhã vou ser diferente, amanhã coisas novas ou reinventadas vão me fazer bem. Amanhã ou logo hoje, quem sabe.

Os conformados que me perdoem, mas cito agora uma frase que escutei na rádio dia desses: "A vida é sua, estrague-a como quiser" (Antônio Abujamra).

sábado, 25 de abril de 2015

Sou paga pra isto.

Meu trabalho é corrigir textos de material didático do ensino médio. Sou paga pra passar o dia todo lendo.Para alguns, sacrifício, para mim, exercício prazeroso de reconstrução de saberes. Claro, tem o lado tedioso da coisa. Ler por horas e horas é cansativo, tornando-se uma dura batalha contra desconcentração, barulhos inevitáveis no ambiente de trabalho, cansaço mental, problemas pessoais, entre outras coisas.

Naturalmente, surgem dúvidas que eu só posso tirar com quem escreveu. Meu trabalho é dizer para os professores-pesquisadores-autores(mestres, doutores, pós-doutorandos) que determinada frase não ficou clara, por exemplo. É comum  eles seguirem o instinto de ensinar e fazerem desse momento uma verdadeira aula para uma leiga no assunto. Explanam, explicam, rabiscam no papel e, no final, intrigados, dizem: "- Pronto! Como colocamos isso no papel?"

Numa dessas situações, entreguei uma folha em branco para o professor que, vale lembrar, não é escritor e não tem vocação para a escrita. Acredite, isso é comum entre os professores, o que não é absurdo ao meu ver. Assim como ler, escrever não é uma habilidade que nasce com a gente, precisamos desenvolvê-la um pouco a cada dia.

Com a folha em branco em mãos, o professor gostou do método, tinha conseguido organizar a fala traduzindo-a para a escrita. Mas até chegar a esse ponto, a ansiedade de se fazer entender sem o recurso oral paira no silêncio inquietante da sala. É você frente a frente com a língua portuguesa, tendo que encará-la como um problema matemático incomum, nada exato.

É preciso raciocínio, paciência, suor mental, é virar costureiro frasal.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O ansioso e um bom livro.



Pegar um bom livro, sentar e lê-lo de verdade não é para ansiosos, melhor, é para ansiosos em tratamento. Ler é terapia, é exercício árduo e diário, ou pelo menos deveria ser.

O ansioso não consegue ler sem se perder em pensamentos que nada têm a ver com a trama que se desenrola na obra em mãos,

o ansioso não consegue ler um capítulo que seja sem olhar quantas folhas faltam para acabá-lo, parece até que o obrigaram a ler.

o ansioso sai de um parágrafo para o outro sem a mínima lembrança do que leu há poucos segundos atrás,

o ansioso tem olhos com a síndrome contemporânea da pressa, olhos que engolem letras, por isso o ansioso é capaz de jurar que determinada palavra que leu é outra, de outro significado,

o ansioso faz leitura de relance, engana-se fácil assim. Seus olhos o traem.

O ansioso não quer saber de suspense, quer saber antes do tempo certo o que vai acontecer mais adiante na trama,

 o ansioso, enquanto lê, pensa no tempo que está se ausentando das redes sociais - da sua vida publicável.

O ansioso leitor prefere ler sites, que aí ele se dá a liberdade de ficar pulando de aba em aba, sem se concentrar em nenhuma delas,

o ansioso, sem que perceba, vai aposentando seus livros na estante, muitas vezes ainda envoltos em plásticos,

o ansioso dificilmente consegue terminar de ler o livro,

o ansioso passa um longo intervalo de tempo sem tocar no tal livro e esquece quem é quem na história, não se lembra dos nomes dos personagens, não se envolve com eles.

O ansioso lê com a cabeça em outro lugar, no que tem que fazer amanhã, no que deixou de fazer hoje, pensa em qualquer coisa, menos na escrita a sua frente,

o ansioso não se alimenta da história contada, não devora as experiências alheias, ao invés disso, abocanha as unhas, os dedos inteiros, e assim nutre os seus receios.

Resumindo, o ansioso, além de sofrer de ansiedade, sofre do mal de não conseguir ler um bom livro.

É preciso exercício, autocontrole, e ao mesmo tempo o descontrole de viajar sem sair de onde está.



sexta-feira, 10 de abril de 2015

A Resposta para o post "Atenção! Mulher no volante."



NA SAÍDA DO ESTACIONAMENTO - PARTE II

Eu: - Ô, Tiozinho*...Lembra do senhor de ontem? O que tava com carro atrás do meu!

* Não o chamo assim, chamo pelo seu nome, que é bem caricato e que eu faço questão de NÃO substituí-lo por um outro fictício sem graça. Então fica "Tiozinho" mesmo!
     
Tiozinho torce os olhos forçando a memória: - Aaaah, aquele é o pa-trão!

Eu: - Acredita que ele ficou me ensinando a tirar meu carro da vaga?

Tiozinho franze a cara toda, dizendo: - Liiiga não! Patrão é daquele jeito com todo mundo! ( e o tiozinho faz uma atuação de hiperativo, imitando o chefe lidando com os clientes)

Eu: - Aah, tá explicado então! Pensei que fosse preconceito com mulher na direção! (risos)

Tiozinho: - Que nada, minha filha! Ele era coronel do exército, é aposentado, por isso é desse jeito...

Eu: - Aah tá! E ele vem sempre aqui?

Tiozinho: - Não, mas quando vem...

E o Tiozinho finaliza o papo com: "Quer um patrão desses pra você?"


MORAL DA HISTÓRIA:
sento e choro, a pessoa preconceituosa comigo dirigindo sou Eu!


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Atenção! Mulher no volante.


Hoje, na saída do estacionamento, onde eu ponho e tiro meu carro todo dia (vale frisar, todo dia), tinha um carro atrás do meu. 

"Tem um carro atrás do meu", avisei pro funcionário mais velho do estacionamento, e também o mais simpático. Perguntou qual era e foi atrás da chave, mas quem apareceu foi o próprio dono do veículo, um homem nos seus 50 anos, magro, alto, do cabelo branco.

Tirou o carro com uma rapidez sem precedentes, quando vi, ele já estava de pé, do meu lado esquerdo, falando alto o passo a passo pra eu sair da minha vaga. Pensei "Ele nem suspeita que faço isso todo dia sozinha, sem ajuda". Ele julgou que era minha primeira vez fazendo aquilo:

"Do jeito que você tá aí, você sai. Isso, reto!
 Quando chegar na coluna, já pode ir fazendo o giro, a direção vai depender do lado que você vai sair daqui...."

Achei aquela solidariedade desnecessária engraçada. Fiquei sem graça de ignorar a ajuda e meio que passei a fingir que precisava dela. Para ser mais convincente, tentei me colocar novamente na posição dos meus primeiros dias na direção ( desde outubro do ano passado).

Achei o gesto bonito, mas admito que a primeira coisa que refleti foi: "Eis aqui uma espécie de 'pré' conceito: mulher, cara de menina, volante,  mulher..." 

Se não foi isso que passou pela cabeça dele, o que mais o faria pensar que eu precisava de ajuda? Não me deu nem chance de mostrar meu potencial para a manobra de sair de ré da vaga sem ele dar pitaco (ô, dica!).


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Aquele que me ensinou a pedalar



Aquele que me ensinou a pedalar minha primeira bike (Caloi), meu pai, me deixou ir sozinha no meu primeiro carro como quem tira a mão atrás da bicicleta sem que eu perceba - para que eu me surpreenda com minha capacidade.

"-Tá uma Zelinha*", foi o que ele me disse, quando me viu entrar na garagem apertada da nossa casa pela primeira vez sem as suas orientações.

* O nome dele é Zélio.