quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O que se passa na nossa cabeça?

    Eu não sei o que se passa na cabeça de iniciantes no volante, mas, na minha - há um ano atrás- acho que algo não funcionou muito bem.

    Eu dirigia e, se algum cachorro grunhisse na rua, na minha cabeça, a causadora daquilo era eu. Imaginava os animais - nem de longe as pessoas - vulneráveis ao meu desempenho de caloura na direção de um carro.
 
    Os sons de um latido um pouco mais dengoso, de um grunhido, de uma manha que fosse vencendo a barreira dos vidros e brechas do meu carro, e pronto! Lá estava a minha mente imaginativa desenhando um mar de cachorrinhos e gatinhos fofinhos, indefesos e machucados por mim. Uma onda de vítimas da minha inexperiência pelo caminho.

    Qualquer pessoa normal, ao pegar na direção pela primeira vez, imagina os veículos da faixa ao lado se chocando com seu carro, se vê atropelando alguém, ou o carro descendo numa ladeira e batendo no que tiver atrás, entre outras tragédias. Já eu não, na minha cabeça, eu seria apenas a vilã do reino animal inteiro.

    E eu confesso que, até hoje, com 1 ano e 1 mês de habilitação, suspeito da minha culpa nos grunhidos dos bichinhos da rua. Acho bem provável a minha mente me perguntar, ao ver um vira-lata passando com sua perna manca: "Foi você?". Morreria na dúvida!

domingo, 22 de novembro de 2015

Aos dias de semana também perfumados de amor.

Das pequenas alegrias da vida: aproveitar o seu horário de almoço para, ao menos uma vez na semana, almoçar com o namorado(a). Voltar ao expediente com a mistura, em suas mãos, do cheiro natural da pele dele(a) junto ao perfume que ele(a) costuma usar.

No trabalho, você faz suas tarefas e, quando menos espera, sente o cheiro dele(a), a lembrança de que você esteve com ele(a), o tipo de saudade que te enche de saúde, de amor. Entre uma demanda e outra, você cheira suas próprias mãos, só pra sentir o perfume dele(a).

E simplesmente assim o seu dia a dia se transforma. A rotina muda, ganha uma fragrância surpreendente e mais que bem-vinda.

Uma segunda - ou terça - ou quarta - ou quinta - ou uma sexta-feira em que você esteve com ele(a); tá certo que por apenas algum tempo da sua hora de almoço ou café da manhã ou jantar, mas que foi aproveitado até o último minuto. Sentimento bom de sobra ignora frios e calculistas cronômetros. 

Que bom, meu Deus, que é sempre tempo de amar, por mais que uma realidade de horror e violência nos rodeie; por mais que o mal conspire contra.

Como não amar essas pequenas alegrias?

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Do lado de dentro, do lado de fora

Quem acompanha este meu blog sabe que eu sumi por um bom tempo.

Este ano, finalmente, tive a felicidade de conhecer pessoalmente uma pessoa muito querida, a mãe de uma das minhas amigas. Ela acompanha o Três Paredes faz um tempo, lê, comenta, curte no Facebook (criei faz um tempinho, me segue lá!). Mas nunca a tinha visto fora desse mundo louco digital. Sobre o encontro, foi só emoção. Ela contou que meus relatos ajudaram muito numa fase difícil pela qual estava passando. Meus olhos se encheram d'água, os dela também. Enfim, foi a coisa mais linda esse dia. E ela fez um comentário que eu já esperava:

- Olha, que bom que agora você tem o seu carro! Mas vou te dizer uma coisa: senti muita falta dos seus textos no blog, das suas observações andando de ônibus por essa cidade.

E respondi: - Pois é, eu também!

Então; acontece que eu consegui comprar meu carro no comecinho desse ano. Desde então, não conto com o transporte público da minha cidade ( sinceramente, nesse aspecto, não sinto a menor falta).

Deixei de pegar ônibus e morreu grande parte das minhas inspirações, frutos de observações diárias de gente que é gente mesmo, de raça, de fé.

Do para-brisa do meu carro, no banco de motorista, minha atenção é toda voltada para a frente, o lado de fora, e eu no lado de dentro.

Quando andava de ônibus, eu estava do mesmo lado que todo mundo, no lado de fora. Ah, mas tem a espera do sinal vermelho, eu posso observar gente também estando do lado de dentro! Não, não é a mesma coisa. Aliás, não é nada parecido.

Agora estou do lado de dentro, atrás dos vidros fechados e do medo da violência. Do lado de dentro de um automóvel que me dá conforto, mas que é frio, puramente material e solitário (sozinha no carro quase todo dia da semana).

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

E, na fila do self-service...

A adolescente chegou na parte das carnes assadas na hora, olhou para o carinha da chapa e perguntou:
- Cruas ainda?
Ele disse sim, ela pensou rápido e foi diretamente para a balança, murmurando um "Foda-se!".
Nem aí, ela foi pra mesa almoçar apenas arroz, feijão e macarrão espaguete por cima.
Fiquei imaginando as pessoas no restaurante olhando para o seu prato, incomodadas com aquilo e perguntando:
- E a proteína, de onde você tira?
Já eu...perguntaria:
- E as cores, onde estão? Vai uma saladinha aí; não?!, como não?


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

conversa de banheiro feminino

Uma conversa mais ou menos assim no banheiro feminino da academia:

Amiga descolada: - Convida ele pro seu aniversário!

Moça apaixonada pelo "ficante": - Sou nem louca como você, ele nem me pediu em namoro ainda...

E uma das ouvintes da conversa alheia, uma mulher já "senhora", se manifestou:

- Desculpa me meter, mas me tira só uma dúvida: ainda precisa pedir em namoro hoje em dia?

A moça imediatamente respondeu que sim, que com ela é tudo como nas antigas, que o ficante tem que pedi-la em namoro num jantar, que depois ele precisa ser apresentado à família dela...

A moça finalizou com um: "Eu não tô procurando namorado, tô procurando uma pessoa pra passar o resto da minha vida com ela".


Ela disse que, por enquanto, está só curtindo, que não vai estragar tudo como da última vez: com um mês de romance já apresentou o namoradinho pra família inteira e para todos os seus amigos. Segundo ela, essa rapidez estragou tudo. Só não sabemos o que houve, o foco do papo era outro.

Por esse outro, ela disse que está apaixonada. Será que é com esse que ela vai passar o "resto da vida" dela? A moça deixou claro logo no início da conversa: "pelo resto da vida", mas depois pensou melhor, acha que não é bom criar expectativas nesse começo.

A essa altura do papo, a amiga descolada levantou uma questão: "- Mas, cá pra nós, esses relacionamentos que a gente não dá nada por eles são os melhores, não são não?"

E a opinião foi unânime ( até a senhorinha da conversa concordou). Então, nada de expectativas antes da hora.