segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Desconcertante meio sócio-familiar

Há momentos em que você pede pra não estar em determinado lugar não determinado por você, já que outra pessoa se encarregou disso, uma pessoa bem familiar, aliás.
Há momentos em que você pede para não existir e/ou daria tudo para se transformar num desses bichinhos que se escondem em baixo da terra.

É duro ligar essas conclusões à ideia de estar reunido por pura coerção a um monte de seres não identificados com a incrível habilidade de se multiplicarem a cada segundo. Às vezes me pergunto se esses indivíduos supostamente familiares são penetras ou sou eu que ando um tanto afastada de pessoas próximas a mim perante a árvore genealógica. Com resignação, concluo que a segunda opção é a mais adequada para o caso. Atribuo grande parte da culpa a terceiros, mas também admito que não me arrisco à aproximação diante do distanciamento geográfico e sociográfico.


Quando em momentos desconcertantes, de início, adere-se à postura padrão do agradável e simpático sorriso colgate. Aí, você finge que está super à vontade diante de tanta gente que não convive há 11 meses, desde a última festinha “em família”. Claro que a simulação de se sentir em casa, como dizem, está na cara para quem quiser ver que não passa de uma fachada. A partir do momento em que você tenta puxar assunto, dizendo: “- Nossa, que calor. Esse clima hein”, você já se denunciou; e o único conforto é que você ao menos tentou sair da enrascada.

De certo, não há nada mais constrangedor ao redor de uma mesa com pessoas do que o silêncio, considerando a hipótese de que não ocorrerá nenhum barraco por parte de outra pessoa supostamente da família.

E nomes, por que temos que ter nomes próprios? Pró-prios! Mais que carência patética essa invenção de termos nomes para chamá-los de nossos. É assustador como algo tão mínimo quanto um nome possa causar tanto desconforto quando, confusamente, não o chamamos ou não o pronunciamos corretamente; ou quando numa situação sociável você apresenta alguém que você tem o nome na ponta da língua, mas o bendito teima em se restringir a ficar somente na língua e não sair verbalmente. Para evitar tais embaraços, simplesmente não deveríamos dar nomes aos próximos bebês que estiverem para nascer, talvez imagens simbólicas que fizessem as pessoas associarem de imediato à pessoa em questão: - moranguinha, como está?, a alguém muito meiga. Ou: “- E aí, onnda?!, ao surfista.


Essa época festiva de fim de ano é mesmo muito cruel ao nos colocar em apuros sociológicos. E continuo resmungando e concluindo que há desconcertantes momentos que não deveriam ocupar o espaço-tempo desse mundinho.

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