sexta-feira, 6 de julho de 2012

Um nó na garganta guardado pra mais tarde

Eu pego o copo d’água que já foi suficiente pra satisfazer minha necessidade e guardo os outros 50% dele na geladeira. Mais tarde eu posso puxar a porta da geladeira como quem tem o vício de só verificar o que tem ali dentro e acabo bebendo da água do copo de novo.

Estranhamente a água no copo parece que é reposta por conta própria, sem que ninguém dê razões físicas pra isso. Assim eu faço com a minha tristeza. Seguro as pontas evitando que ela desabafe em momentos e lugares inapropriados. Deixo pra me consumir nela depois.

Quando o nó aperta , primeiro o coração, e logo logo a garganta, é difícil desatá-lo. Ele permanece na gente, lembrando que está lá, que não tem pressa, que aguarda você se sentir à vontade pra tanto. Os ombros ficam acanhados junto aos músculos frígidos, travados como se alguém os empurrassem com plena força e para o fundo (do “poço”).

Mais uma dose de tristeza e perco a vontade de escrever meus pensamentos, e até a coragem de publicá-los; perco o interesse no bom e paciente livro a minha espera na estante, não acho graça nas canções e apenas vejo-as como trilhas do meu filme egocêntrico.

Finalmente estou em casa, entre as quatro paredes do meu cantinho, onde posso derramar todas as lágrimas que deixei pra outra hora por conveniência. Afinal, chorar em público é para os fracos. Todos nós somos orientados a não expormos nossas fraquezas numa praça. Por que eu colocaria meu desapego numa vitrine pra todo mundo ver? Escondo meus escombros. Assim, posso, enfim, desmoronar - protegida por quatro resistentes paredes de tijolos, já que as minhas já eram.

Ah, e se fosse só choro. O nó aperta mais e falta oxigênio no coração que, às vezes, parece parar ; suas batidas rotineiras já não fazem mais batuque em nossa vontade de ser o que estamos nos tornando.

É, todo mundo canta “ Meu mundo caiu” vez ou outra ou mesmo com frequência. E o engraçado é que esse mundo se levanta rapidinho em grande parte dos casos, não é?