domingo, 21 de abril de 2013

O espetáculo atrás da coxia do palco

Grupo Diego Borges Dança de Salão

      Até chegar a este momento aí registrado na foto, foram muitos encontros, desencontros, risadas, "bullying", aplausos e gritos de torcida trocados entre dançarinos. Antes mesmo de dançarinos, pessoas de bem e parceiras, como diria nosso querido e carismático professor Diego.

     Antes da portaria permitir a entrada do público, foram muitas decisões tomadas em grupo. Foram muitos ensaios e, a cada término destes, todos formavam um círculo. Os mais exaustos se rendiam ao chão, sentados feito crianças ou deitados no colo do amigo mais próximo. Nessas rodas discutia-se sobre quando, que horas seria o próximo ensaio, quem poderia ou não comparecer, quando não, isso não era problema, via-se a dama ou o cavalheiro dançando com sua parceira invisível. (Ok, meus olhos se encheram d'água agora ao perceber um sentido forte o bastante pra explicar isso: o amor pela arte. A arte de dizer o que não dá pra traduzir com a fala, e sim com o corpo e toda sua desenvoltura).

     Diante do que presenciei durante os preparativos e execução do evento "Sun City Swing 2013", pra mim, e acredito que para todos, fato é que o espetáculo já se inicia antes mesmo de darmos o primeiro passo na direção da coxia do palco. Não somos banhados por luzes só naquele momento em que saímos da coxia não, já somos iluminados só de pensarmos em construir algo em conjunto.

     Eu poderia acabar o relato aqui, mas eu preciso compartilhar uma sensação que tive na parte final do espetáculo, quando cada grupinho de 3 a 4 pessoas aparecia no palco para cumprimentar o público. Mas não era só aparecer de qualquer jeito, cada grupinho criou sua própria mini-coreografia. Até nisso nossos professores e coreógrafos acertaram em cheio. A ideia de dar autonomia aos alunos, ou melhor, "alumigos", para inventarem seus passinhos em parceria com o amigo do lado é linda demais. Percebi isso ao olhar pro lado, quando já estávamos, eu e mais três parceiras, centralizadas em fila horizontal no meio do palco. Então, comecei a brincadeira do passinho em sincronia com a amiga que ficava na outra ponta da fila, enquanto as duas do meio faziam um passo diferente. (Confesso que olhei pra amiga da outra ponta da fila pra garantir a sincronia do passo, mas me surpreendi ao notar o quanto ela estava linda e todas nós estávamos lindas ali, compartilhando algo que construímos juntas)




sexta-feira, 19 de abril de 2013

O trocador de sorrisos da 03

" Sejam bem-vindos." Foi o que ouvi ao pegar a 03 hoje à noite. Era o trocador, um senhor muito comunicativo com escrachado talento para ser um belo de um locutor de rádio do povão. "Povão" no sentido de gente de verdade, que acorda de madrugada para batalhar num trabalho suado, gente que, mesmo na dificuldade, sabe tratar bem o outro (conhecido ou não), sabe sorrir naturalmente e fazer o outro sorrir junto.

Assim é o trocador da 03 desta noite. Ele fez eu seguir o percurso inteiro com um sorriso bobo no rosto. Foi a viagem mais rápida da história. Sonhei que durasse por mais tempo ou que ele se tornasse o único trocador de topics, dividido em mil clones.

A cada passageiro, ele direciona sua voz forte e carregada de bom humor. Aos que estão de chegada, antes mesmo de passarem pela catraca, o bom cidadão faz questão de já deixar claro que é um prazer tê-los ali presentes.

- Boa noite. Bem-vindos! Boa noite para todos nós!

Então, os passageiros bem-vindos se aproximam da catraca e recebem o boa noite animado de quem provavelmente passou o dia ( a noite) ali, indo e voltando pelo mesmo roteiro de avenidas e ruas, recebendo e trocando moedas e agradecendo muito por isso.

Aí, esses passageiros, contagiados pela gentileza do trocador, resolvem agradecê-lo. E o que ele responde: "- Eu é que agradeço! Pra mim é um prazer!"

Eu estava quietinha, com meu sorriso de boba estampado na cara, sentada próxima a ele. Fiquei de ladinho na cadeira para que eu pudesse observá-lo de frente, já pensando em apresentá-lo como personagem real aqui no três paredes. Pensei bastante antes de chegar na minha parada. Eu pensava em como eu poderia agradecer o tamanho bem-estar que ele deu de presente pra todo mundo ali. Como eu poderia fazer ele tomar conhecimento do bem que me fez.

Como expressar o que senti, eu não soube e ainda não sei, mas aproveitei aquele momento de avisar que "desce na próxima" pra cutucar o braço dele e, quando olhou nos meus olhos, me ouviu dizer:

" Parabéns pelo seu trabalho!"

Eu quis ter dito algo mais bonito, mas ele me pareceu bem feliz e satisfeito com o que ouviu, embora mais uma vez tenha devolvido o elogio que ganhou de volta pra quem o fez.

terça-feira, 16 de abril de 2013

O feitiço contra a feiticeira

A bobona aqui vai catar as moedas enterradas lá no fundo da bolsa, naquela agonia da espera da topic às dez horas da noite, quando, diante da bagunça de notas fiscais mais moedas mais carteira de estudante mais batom, mais tudo no mundo, ao invés de encontrar 1 real e 10 centavos, dá de cara com a barata de mentirinha que pegou emprestada da amiga pra fazer molecagem com os amigos.

E o legal de tudo é que, antes disso, eu tava borocochô. Depois disso, meu riso frouxo guardado escapuliu.

Parecia uma bobinha-bobona, rindo sozinha e falando quase em voz alta:

 " - Rá! O feitiço vira contra a feiticeira!"

terça-feira, 9 de abril de 2013

Quem não tem colírio, usa óculos.

Semana passada, eu perdi um par de olhos com seu belo par de pernas que se encaixam direitinho nas minhas orelhas. Nem preciso dizer que eu fiquei louca, atônita, tonta, perdida no universo, deslocada, sem saber o que seria de mim, enfim, tudo de ruim da face da terra.

Depois de procurar em todos os possíveis cantos onde eles pudessem estar e não achá-los, me vi sendo um daqueles personagens de desenho animado, que continuam correndo mesmo sem ter mais chão e que no final se dão conta disso, quando já não tem mais jeito. Assim eu pude curtir meu inferno astral naquele dia. Era uma segunda-feira.

Depois de me desesperar, de sair perguntando pra todo mundo do trabalho a respeito do paradeiro dos meus famosos óculos de grau ( se duvidar, até o superintendente já estaria sabendo que eu tinha perdido meus óculos); depois de fazer aquela clássica reconstrução de caminhos, de, pelo o amor de, mandar minha memória reagir, vem o Eberson, sabe o Eberson? Já contei aqui sobre o Eberson, o homem que era invisível! (Se não leu, dá uma lidinha no post: " O Homem invisível") Foi ele que veio com meus óculos nas mãos. E eu lá, já tentando ser uma pessoa melhor, me conformando com a perda. Não teve jeito, abri o maior sorrisão. Agradeci, mas agradeci muito mesmo, e o Eberson só ria de mim. Intrigada, perguntei como ele achou. Disse que passou a vassoura debaixo do sofá e os óculos vieram junto.

Agora todo dia o Eberson "insulta" comigo, perguntando: "Cadê o óculos?" E todo dia eu me dou conta da ironia do destino que foi isso tudo: eu, que não enxergava o carinha da limpeza, perco os óculos e é ele quem os acha e me devolve. Talvez só pra garantir que eu nunca mais deixe de vê-lo ou de ver qualquer outra pessoa.




sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ser feliz assim

Escrever com o coração; publicar; perceber que as pessoas se identificam, e sentir que você não está só nesse mundinho, sentir que você é forte de mãos dadas com muita gente.

Sentir que você é feliz assim.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Do tempo em que.

Tô caminhando de volta pra casa, ao mesmo tempo, tô ouvindo barulhinho de bicicleta descendo a rua.
Tô lembrando do tempo em que eu não tinha medo desse som; do tempo em que eu não via maldade nas pessoas; do tempo em que eu nunca imaginaria o menino na bicicleta vindo na minha direção, pra levar algo (não) valioso de mim.

Do tempo em que eu apenas pensaria em pegar minha bicicleta pra pedalar junto.