segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Foi o que me disseram

Me contaram que um homem pegou o jornal, 
viu a manchete sobre a tragédia de Eduardo Campos e disse: 

"- Político bom é político morto!"

E, em seguida, me disseram que, antes dele ser político, ele é um ser humano. 

Foi agradável de ouvir! 

ôLoco!

Corto um limão ao meio no jantar, aí a mãe surge na cozinha, olha aflita para as duas metades sobre a mesa e sai resmungando:

- Não sabe cortar um limão do jeito certo! Ô geração doida! Tudo doido!

Aí a gente pensa: "Não viu foi nada ainda!"

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Quando a felicidade é grande...

Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com
É pedir demais a gente viver, por um segundo que seja, achando tudo lindo?


Esses dias, estive interrogando algumas pessoas, meio que investigando se eu era a única estranha a ter sensações estranhas. 
A pergunta era: “ Já se pegou pensando que tá tudo tão bem, tão feliz, a ponto de se sentir de tocaia, só aguardando algo de muito ruim acontecer?”
A maioria respondeu que sim. Qualé o meu, o nosso problema? É pedir demais a gente viver, por um segundo que seja, achando tudo lindo?
O comercial de margarina (com a família feliz reunida) não nos educa para lidarmos com as dificuldades, no entanto, nosso “desconfiômetro” está sempre ligado. Parece dizer “Olha, toma cuidado. Tá feliz demais!”
A verdade é que não basta tudo ser ou parecer feliz. Sentimos necessidade de sair da tocaia para desafiar qualquer problema que seja. Por incrível que pareça, isso faz nos sentirmos vivos. Não queremos final feliz, nem em filme, nem na vida. Preferimos finais alternativos. Ou melhor, não queremos fim.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Solidariedade não é uma esmola qualquer.

Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com
De onde essas pessoas tiram vontade de viver? A gente pensa que não, mas, pra eles, motivos há de sobra.
O último post do TwentyWeeks, “Super-heróis Invisíveis”, por Madsen Lima, me sensibilizou ainda mais em relação às pessoas de rua que contam com nossa generosidade.
Observando um mendigo deitado numa calçada, todo coberto por um pano surrado, me ouvi perguntando alto: De onde essas pessoas tiram vontade de viver? A gente pensa que não, mas, pra eles, motivos há de sobra.
Outro dia, entrei e saí da padaria, passando muito mal. Ao entrar, considerando meu atual estado, não liguei muito para a senhora encostada na parede, segurando muletas e pedindo ajudinha. Meio que a ignorei, mas não pude deixar de reparar na sua presença. Devo ter apenas balançado rápido a cabeça negativamente.
Tentei me acalmar e esperar o tempo que meu organismo precisava para voltar a ficar tudo nos conformes. Não sou de procurar médicos, banco a forte. Esperaria, sim, meu corpo se recuperar por si só. Então, saí da padaria depois de tentar comer uma salada de frutas e de insistir em beber água, que pra mim era só uma água gelada que eu não conseguia engolir.
Passei pela mesma senhora, que desatou a falar todo seu discurso novamente. Olhei para minha mão agarrada a uma garrafa d’água que não conseguia consumir, voltei atrás, olhei para a senhora e o gesto, meio involuntário, foi estender a garrafa para ela pegar.
Para minha surpresa, iniciou-se um longo discurso de agradecimento. Tão longo, que eu não sabia se ficava parada ali, quase desmaiando, aguardando ela terminar de falar, ou se eu seguia em frente. Foi o que fiz. Fui embora pensando “Mas eu não fiz nada, é só uma água!”. E a senhora continuou agradecendo:
“- Ô, minha filha, agradeço muito! E tá geladinha, oh! Vou poder misturar com a água que eu já tinha aqui e que vai ficar fria agora.”
Falou isso e uma porção de outras coisas decretando que eu era alguém muito abençoada. Fiquei refletindo sobre ter pensado que era só uma água. Pareceu um menosprezo ao que era tão importante para a moradora de rua.
Com isso, encerro este post com a ideia de que devemos valorizar mais nossos gestos de solidariedade. Também entender o porquê do que fazemos pela gente mesmo e do que fazemos pelos outros, para os outros.

domingo, 13 de abril de 2014

Tá com um tempinho aí?

Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com
Nessa coisa de tempo corrido, de dedicar muito tempo ao trabalho, onde foi parar o conceito de família, a ideia de estar mais junto desta? Por onde anda a qualidade de vida?


Esta semana, estava lendo uma crônica da Revista Vida Simples, quando o tema prendeu minha atenção. Na conclusão da experiência relatada, o autor Denis Russo cita a tal “vida moderna”. Leia um trechinho:

Só que aí a tal “vida moderna” decide reorganizar o espaço das cidades. E traça avenidas, rachando os bairros, rasgando as famílias, distribuindo as pessoas ao longo de artérias de transporte, por onde fluem matérias-primas, recursos humanos, bens e serviços. E, com isso, quase sempre, os avós vão parar longe dos netos.
E num bairro triste os avós aguardam a visita das crianças e os pais tentam encontrar uma creche para os filhos. (…)
Fonte: Vida Simples, p.64, ed. 143, abril 2014.
Me parece que a questão preocupante não é apenas espacial; tem mais a ver com o Senhor Tempo. Ou a gente que deveria ser Senhor dele? Bom seria declararmos que temos o tempo e não que ele nos tem.
40, 44 horas semanais, é comum nosso trabalho durar esse tempo todo; quando não, mais. Por isso, nem nos surpreende ler que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros dedicam 40,8 horas por semana à profissão, sendo que 33,7% das pessoas passam das 44 horas e 19,1%  superam as 48 horas semanais. Na Alemanha, são 38 horas. Na França, 35.
É provável que você já tenha ouvido esse tipo de comentário nas reuniões e confraternizações do seu trabalho: “Ah, aqui somos uma família, afinal, passamos mais tempo no trabalho do que em nossas próprias casas”.
Outro dia, estava voltando pra casa e já era umas 22h30. Quase chegando ao meu destino, ouvi o motorista dizer ao celular, implorando até: - Oh, não deixa ela dormir, tá? Quando eu chegar em casa, ainda vou brincar com ela!
Aquilo me tocou. Pensei “Poxa! A que ponto chegamos?”. Nessa coisa de tempo corrido, de dedicar muito tempo ao trabalho, onde foi parar o conceito de família, a ideia de estar mais junto desta? Por onde anda a qualidade de vida?
Será mesmo que tudo se resolve com a dica de melhor administrar o pouco tempo que nos resta, inclusive aquele após o expediente? 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O senhor de 77 anos que não faz questão de certas coisas.

A topic lotada, enquanto alguns passageiros se incomodavam com um senhor em pé, perto das portas traseiras. "Procure um lugar lá na frente, pro senhor sentar" Ao que ele respondeu:

"- Ah, mas tá muito difícil chegar até lá. Tem problema não, fico por aqui mesmo". 

Esse senhor desce logo, ainda bem, e fica outro senhor de cabeça branca num dos degraus. Este resmunga: 

"- Eu já tenho 77 anos, minha filha, lá vou atrás de canto pra sentar!" (Fala, em tom de quem tem experiência de vida suficiente pra aguentar coisa pior do que seguir viagem em pé).

segunda-feira, 31 de março de 2014

E com você, tudo na mesma?

Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com
Aquela típica busca de entender onde você foi parar e como foi parar ali. Por que parou? Parou por quê? Já tá bom do jeito que tá e nada te angustia?


Certa vez uma grande amiga, que eu não via faz um tempo, por acaso encontrou comigo na rua. Sabe como é, né, isso de perguntar se o outro está bem e como andam as coisas. Até aí, tudo bem.
Mas a forma dela de me questionar potencializou o efeito de uns pensamentos que eu vinha tendo sobre a importância, a necessidade de mudar. Ela perguntou:
- E você, amiga? As coisas continuam na mesma?
A pergunta me incomodou horrores. Fiquei até com vergonha de confirmar. Criei coragem e disse “sim”. Sim, mesmo trabalho. Sim, mesma rotina. Sim, mesmos hábitos.
Amigos de verdade sabem de suas fraquezas. E por serem de verdade, querem que você siga em frente, sem medo. Eles não querem te ver estacionado, feito um carro esquecido num estacionamento enorme de shopping. Vai ver, na volta, o proprietário do veículo não conseguiu lembrar onde o deixou, mesmo com o local todo sinalizado para evitar esse tipo de confusão.
A primeira pergunta a se fazer para si é: “Onde eu me deixei estacionado?” Aquela típica busca de entender onde você foi parar e como foi parar ali. Por que parou?  Parou por quê? Já tá bom do jeito que tá e nada te angustia?
Esbarrar por aí com minha amiga produziu um efeito sem precedentes. Um tempinho depois desse bem aventurado encontro, me mexi, me meti numa série de mudanças que têm contribuído para o resgate da minha alegria de viver.
Hoje, já me sinto mais viva. O sangue circula cada vez mais forte em meu corpo. O olhar não está mais perdido. Meu olhar se fixa nas oportunidades e novidades que são proporcionadas no tempo certo. Agarro tudo com unhas, garras e dentes.
Acho que não é suficiente apenas os outros te fazerem perguntas. O questionamento principal deve partir de você mesmo. E de si para si. Já está mais do que na hora de rever alguns conceitos.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Abrindo exceções.





Gordice! Decidir abrir uma exceção e comer churros, jurando que a massa leva leite e ovos, 
e perguntar já meio conformada:

- Leva leite e ovos, né?!

"- Não, não. Pelos menos a nossa, não. 
   Até porque esses ingredientes não ajudam na hora de fritar."

- Sérioooo?!

Quis nem saber, pedi com recheio de chocolate. 


Alegria da noite. Ganhei a noite.

terça-feira, 25 de março de 2014

Você funciona no status offline?

Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com
Desprovida de celular, alguém me mostrou o caminho. Estava sendo reeducada a me reconectar com o mundo real, concreto e, definitivamente, offline.


Era sexta à noite, quando fui encontrar com a amiga num barzinho. Fui de ônibus. Não levei o celular – com internet. Marquei o ponto de encontro e avisei que ficaria incomunicável a partir dali. Claro, fiz questão de explicar o porquê. Falei do perigo de assaltos no meu bairro e na cidade toda.
Vários sujeitos, em suas bicicletas, já me abordaram pedindo meu celular. Cansei. Minha estratégia agora é deixar o objeto de desejo em casa ou levar um celular a mais na bolsa, facilmente localizável para não se perder tempo: pegar e entregar rapidinho em mãos, nas mãos do oportunista.
Então, saí de casa sem celular mesmo. Consequentemente, sem Whatsapp, Instagram, Facebook, YouTube, Line e, olha só, sem a função básica de ligar e/ou receber chamada.
Esperei, esperei, esperei pela minha amiga, e nada. Ela tinha me dito que chegaria às 19h30. Por não ter relógio de pulso e sem celular, eu não poderia acompanhar o tempo passando. Na verdade, sem qualquer distração online, eu poderia ver claramente o tempo me passando pra trás.
Porém, tive a brilhante ideia de perguntar a hora para o atarefado garçom. Brilhante nada. Ele também não tinha relógio nem celular no bolso. Eu já estava fazendo aquela cara de “e agora?”, quando o gentil garçom aponta e aperta os olhos para o relógio da pracinha, que fica em frente ao barzinho. “- Ali, oh! 20 e..!” 
Fiquei meio impressionada com a perspicácia dele de contar com o relógio alternativo. Desprovida de celular, alguém me mostrou o caminho. Estava sendo reeducada a me reconectar com o mundo real, concreto e, definitivamente, offline.
Sem internet, sem companhia, lá estava minha pessoa solitária numa mesa de bar. Não havia a distração de dar uma olhadinha no Facebook, muito menos de saber notícias da amiga desaparecida. Falando sozinha, fiquei me perguntando sobre o que teria acontecido com ela. Pensando “Não pode. Alguma coisa aconteceu!”, passei a imaginar mil causas e coisas. Nem preciso dizer que pensei nas piores.
Contratar uma Agência de Notícias sobre a tal amiga da Elaine, nem pensar. Receber do Correios uma cartinha dela, listando seus nobres motivos e me pedindo perdão, muito menos. Ir para a delegacia mais próxima, também não era para tanto.
Afinal, tem o trânsito dessa cidade e, claro, qualquer outro imprevisto. Só que, sem sinal de fumaça, sem internet, eu não tinha como me inteirar dos fatos. Coloquei minha imaginação para voar. Tentei amenizar minha visão apocalíptica da coisa procurando relaxar e colocando toda a culpa no trânsito.
Sem o celular nas mãos, comecei a observar as pessoas ao redor. O que vi foi a esmagadora maioria conectada à internet. Amigos ao lado, porém rostos enfiados em telas de celulares. Também via gente “sozinha” na mesa, sorrindo ou com cara de concentração para o celular. E eu ali, conectada com a solidão numa mesa de bar. Aprendendo a agir naturalmente com essa coisa de “levar um bolo”.
Meu celular em casa. Meus contatos de Facebook e Whatsapp em casa, no meu quarto, e eu só. Engraçado, não senti falta das redes sociais, apenas da função de ligar para saber o que diabos havia acontecido com minha amiga.
Quando paguei minha conta, satisfeita por ter sobrevivido a uma noite sozinha comigo mesma, a amiga esperada surgiu. Angustiada, explicou o motivo da confusão toda. Disse que pensou seriamente em ligar para o barzinho. Pediria para me localizarem. Precisava que alguém me colocasse na linha telefônica.
No fim das contas, tudo deu certo. Apesar da amiga implorar para eu nunca mais fazer isso. Isso de me tornar incomunicável por algumas horas.
E você? Sobrevive a uma noite off-line assim? Cuidado. A dependência tecnológica pode te pegar de jeito!

terça-feira, 18 de março de 2014

Ameaça de Mãe.

O privilégio de ouvir sua mãe gritar da cozinha:

- Bananada tá pronta! Vai ficar preta, hein, se não vier logo.

E eu nem pedi. 

Coisas de mãe. É amor.

domingo, 16 de março de 2014

Não há vergonha em começar do zero

Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com/
Se não foi desta vez o que tanto queríamos, o tal sonho, se este não passou de um castelinho de areia, o jeito é recomeçar reconstruindo-o.
A praia foi uma sala de aula despojada. Enquanto conversávamos “papo-cabeça” de gente que só quer ser grande mas não é, o nosso pequeno professor Arthur, inquieto, tentava construir o seu castelinho de areia. Um só, não. Vários.
Ao alcance de suas minúsculas mãozinhas estavam suas ferramentas: o balde, a pá, uma espécie de peneira de areia e outros que não consigo detalhar, porque me perdi no sorriso típico de criança, aquele bem acompanhado de brilho no olhar e de olhinhos redondos quase fechando.
Há uma maleta de plástico para guardar todas essas ferramentas, da qual o pequeno não tira o olho se você gentilmente se oferecer para carregá-la. O menino, esperto que só ele, sabe tomar de conta de sua preciosidade. Inclina de leve a cabeça pro lado, na direção onde está sua mão que leva os brinquedos. Vai que você, adulto cabeça de vento, larga em algum canto e esquece, né.
Ele mantém sua vigília firme e forte até escolhermos uma barraca e uma mesa. Daí começa a atuar a engenharia do pequeno na minha mente que vê metáfora em qualquer coisa ao redor.
Primeiro, ele tenta construir o Castelo num canto nada óbvio: a nossa mesa. Sua mãe só podia alertá-lo que ali não era a base ideal pra esse tipo de construção. Teria que ser na própria areia da praia.
Ele resolveu aceitar a orientação sensata da mãe e sentou próximo da gente, onde as ondas do mar ainda não haviam tocado os grãos de areia. Ficou ali sem saber por onde começar até pedir ajuda.
Sem cerimônias, a mãe afunda as mãos na areia e vai formando um pequeno monte no formato de um vulcão. Ele observa e imita. Libera sem cautela a areia que traz apertada dentro da palma da mão. Joga-a ao vento num surto de risadas.
Assim, seu castelinho de areia vai ficando cada vez menos parecido com castelo. Para ele, virou um bolo de aniversário. Colocou um galho no ápice do monte, fazendo de conta que era uma velinha, e cantou “parabéns”.
Feita a festa, o aniversariante olha pra gente com cara de sapeca e se joga no bolo de areia. Mergulha de barriga no que era pra ser um castelo de areia. Sai destruindo tudo movido por uma gargalhada que há muito tempo eu não ouvia. Isso enquanto escuta a gente se lamentando: “-Mas você destruiu o castelo! Vai ter que fazer tudo de novo”
Depois da farra demolidora, o menino parece reconhecer a necessidade de reconstruir aquilo que se foi e afirma com manha: “- Eu não consigo” E eu digo, sem pensar duas vezes: “- Claro que consegue! É só fazer de novo!”

E assim ele fez. Fez e refez, refez e fez o bolo de aniversário, porque criança sabe celebrar a vida todo dia. É assim que precisa ser. Todo dia, uma nova conquista feita com nossas próprias mãos.
Se não foi desta vez o que tanto queríamos, o tal sonho, se este não passou de um castelinho de areia, o jeito é recomeçar reconstruindo-o.

Não há vergonha alguma em começar do zero. Se bem que não existe isso de reiniciar do zero. Afinal, das tentativas anteriores, muitos aprendizados ficaram.

domingo, 9 de março de 2014

Sob a vigília do Amor

 Por que nós, filhos, nos encarregamos de manter distância daqueles que estão sempre na vigília do nosso bem-estar?


Tenho andado com umas tosses horrorosas, daquelas carregadas que assustam pessoas a quilômetros. Confesso minha acomodação quanto a ir ao médico verificar o que, afinal, é isso. Talvez indisposição para chás de cadeira oferecidos pelas clínicas.

Acontece que, em casa, meus pais têm reparado nos meus urros. Me mandaram logo ir atrás de remédio.
"- Ah, meu corpo naturalmente resolve, expulsa isso", teimosa, eu tento sustentar o argumento.

Daqui a pouco, meu Pai aparece. Vem com maestria na arte de invadir a fronteira invisível que estabeleço entre meu quarto e o restante da casa, que é espaço mais deles do que meu. Porque nós, filhos, às vezes nos encarregamos de criar e manter distâncias daqueles que estão sempre na vigília do nosso bem-estar.

Será isso necessidade de provar que somos independentes? Provar pra quem? Para eles ou para nós mesmos?

Sabe-se lá. Só sei que meu Pai, com a doçura de quem cuida, surgiu com um copinho desses na mão:



O perfeito farmacêutico me explica tudo melhor do que a bula. Tanto explica, como me serve de lembrete de 12 em 12 horas. "- Já tomou outro copinho, filha?!"

Aí, me lembro que já tenho 26. E então noto que esse número não tem a menor relevância pra eles. Continuo sendo a filhinha pra tomarem de conta.

Percebo que colegas de trabalho, amigos, namorados, paqueras podem me deixar pra trás e desaparecerem da minha vida. Mas os meus pais, não. Estarão comigo até o fim de suas vidas. Se é que existe fim para certas coisas, para certas pessoas.

Quando deixamos de acreditar em nós mesmos?

A gente se basta. Temos mil e um potenciais para usá-los como ferramentas de uma máquina de mudanças. Alguém me responde quando foi que deixamos de acreditar em nós mesmos?

Texto meu também publicado em: http://twentyweeks.com/

Terminou o Carnaval. Querendo ou não, terminou. Se os planos para 2014 listados no fim do ano, por algum motivo, se enclausuraram no papel, é tempo de resgatá-los, como quem estende a mão e fala: - Venham, sem medo! Acho que isso é o que chamam de sair da zona de conforto. Vamos parar de fingir que tá tudo bem, por favor. É hora de nos colocarmos em primeiro lugar, de sermos egoístas. Egoísmo* saudável, claro, e sem precisar passar por cima de ninguém, a não ser de você mesmo.
Você desse jeitinho aí, com todos seus medos monstruosos feito bichos de sete cabeças. Você, com todas essas vozes pessimistas ecoando dentro de si. Você dependendo de você. Você, apenas. A consciência disso não deveria nos amedrontar tanto. A gente se basta. Temos mil e um potenciais para usá-los como ferramentas de uma máquina de mudanças. Alguém me responde quando foi que deixamos de acreditar em nós mesmos?

Se você não acredita em você, não há cristão no mundo que deposite alguma confiança na sua pessoa. Se acreditar e investir em si mesmo significa correr riscos; se é derramar litros de lágrimas da dor que causa o medo; se quer dizer não saber com precisão como será o amanhã, que seja! Que se pague esse preço! Creio que custa caro batalhar para ser você mesmo nesse mundão confuso.

Dia desses, por curiosidade, me incluí numa roda de um grupo de oração católico. Foi na garagem da casa da amiga querida. Uma atmosfera de energia do bem concentrada no amor pairava por ali. Eu pude sentir isso tão forte que um arrepio me veio do couro cabeludo ao dedão do pé.

Todos, em conjunto, acreditando na força da fé por dias melhores. Ao fim das orações, um senhor deu seu depoimento e comentou com pesar, sobre muitos e muitos anos de trabalho na área de risco da Viação Aérea de São Paulo (VASP), até que um dia procurou seu chefe, muito decidido a sair dali. Houve certa relutância do mesmo, mas deu certo. Em sua despedida a maioria se dirigia a ele profetizando que passaria por maus bocados, com a força da expressão popular daqui, ele iria “comer areia”.

Uma pessoa o abraçou com admiração dizendo: - Parabéns! Você está fazendo o que eu nunca tive coragem de fazer
Com isto, encerro esse texto sem mais. 

*e·go·ís·mo 
(francês égoïsme)
substantivo masculino
Amor exclusivo à pessoa e aos interesses próprios.
"egoísmo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa 

quarta-feira, 5 de março de 2014

Esqueceram do Love me do!

Esqueceram nas cachoeiras:


Pronto! Essa é a parte que você sai cantando Beatles ("Love, love me do..."), pulando de pedra em pedra com as chinelas na mão. E é Melissa, tá?

Pequena Pipoca. Pipoca Pequena.


Jazz & Blues, em Guaramiranga. Aí, eu procuro o mesmo pipoqueiro do dia anterior, quando ele me vem com essa, já se achando de casa: 

- Pipoca pequena? Pequena igual a você?!

- Isso mesmo! 
[cara de quem já é bem resolvida quanto a isso] 

(Das coisas que só acontecem comigo, acho!)

- Calça esse chinelo, Menina!


Pés descalços no pé da Serra de Baturité.

Nem todo carnaval tem seu fim. Esse vai permanecer no coração das lembranças. >.<

Por que ela é sua amiga?

- Por que ela é sua amiga, manhê? 

O pequeno dela, cheio de porquês, fez a gente parar pra pensar. Mas ele mesmo respondeu: 

- Porque você encontrou com ela no supermercado!

 Não foi, não é bem assim, mas vamos simplificar também. 

Por que sou amiga dela? 
Porque somos parceiras pra todas as horas.

Elaine P. -- com Gerlaine.

Quanto mais queremos algo, mais difícil é conquistar.

também publicado em http://twentyweeks.com/
Você decide que quer muito uma coisa, porém tudo que te leva para realizar tal coisa começa a dar errado. Relaxa! Isso é apenas jogo duro que as coisas que mais queremos na vida fazem questão de fazer. Elas são assim mesmo, nos desafiam como quem chama para uma queda de braço. Aí, você se impõe falando com destreza: “Quero só ver quem é mais forte, oh tamanho Obstáculo!”.
Outro dia, inspirada pela história do Gênio Indomável, decidi investir no meu potencial para o canto. E olha que essa história da minha cantoria perdura desde o colegial, quando me comparavam com a Sandy da Sandy & Júnior, e até hoje (acho que isso não é ruim).
Voltando do trabalho em um dos dias que tentei me matricular, a escolinha já estava fechada. O diminutivo “escolinha” é por conta da simplicidade da escola e das pessoas que trabalham lá. - Ok, tranquilo! Fica pra outro dia, pensei. Só que foram surgindo outros compromissos e esse outro dia não chegava nunca. Até que coloquei na cabeça que iria tal dia - Desse dia não passa, eu disse pra mim, e não passou.
Fiz de tudo! Escapuli mais cedo de uma reunião que resolveu se estender, ignorei meu sono, liguei na véspera do dia agendado pra confirmar minha ida. Fiz de tudo mesmo, até paciência tive para o engarrafamento que peguei no início e no meio do caminho. Eis uma lentidão de trânsito como nunca tinha visto antes. Uma coisa de louco. “Parece uma coisa”, me pego falando alto.
Caminhei apressada até a escolinha e me deparo com o Fernando (o cara com quem combinei fazer minha matrícula) fechando a grade que protege a porta e uma singela vitrine musical. Segurei o gesto, dizendo que cheguei um tanto atrasada, mas que era sorte ainda encontrá-lo ali.
Sorte não, talvez um sinal de que eu tinha que mexer meus pauzinhos naquela hora para fazer aquilo acontecer. Eu disse que demorei, mas que estava ali. Ele riu, foi compreensivo e esperou minha reação depois de dizer:
- O computador demora horas pra dar sinal de vida, depois que desligo. E eu já desliguei.
- Sem problemas, eu disse. Espero o tempo que for, mas sairei daqui matriculada.

E saí, mas antes o Fernando ainda me veio com essa:
- É, o computador tá bem lento mesmo. Quando a dificuldade é grande, é porque é pra ser.
Eu o ouvi falando isso e, não sei se pelo costume do “não” mal encaixado no ditado, pensei ter escutado: “é porque NÃO é pra ser”. Não acreditei que ele estava me falando aquilo, perderia uma aluna com uma afirmação dessas? Me recusei a acreditar, rindo nervosa. “Como é? Não é pra ser?”
Para minha surpresa, ele defendeu sua ideia contrária à da maioria:
- Quanto mais dificuldades, mais porque é pra ser!
Engraçado. Parece mesmo que quanto mais queremos uma coisa, mais essa coisa se faz de difícil, e é difícil de fato. No entanto, o resultado a gente não perde por esperar (lutar). No fim da batalha é só emoção; se é que esse embate tem fim.
Se tá difícil pra você também, é porque é pra ser. Melhor: você vai fazer ser. E tome tento!

Glossário:
escapulir: sair sorrateiramente;
parece uma coisa: algo relacionado com o karma
e tome tento: prestar atenção;

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Com todo respeito, ou não.

- Ô cabelo lindo, Moça!
  (a moça sorri)
- Mas, assim, com todo respeito!
  (a moça sorri de novo)
- Agora, assim, só não sei até onde vai todo esse respeito. (riso alto)

Este foi um senhor aposentado e feliz da vida num supermercado. Ele estava paquerando de brincadeira, ou não, uma das jovens funcionárias, enquanto ensacava suas próprias compras no caixa. 

Nunca tinha visto sujeito mais satisfeito com a vida.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Três Paredes ilustrado.

Sim, é a cara daqui. (:


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Rascunhando canções, rascunhando invenções.


Um sábado resumido a inventar letrinhas e melodias sobre Felicidade. Pra que melhor?

Se é clichê?

Eu não sei. Pode ser.
Só sei que é muito bom fazer isso.

Em breve, cantoria e mais cantoria!


Corno assumido, solteiro feliz.

Hoje, me sobe na topic um homem satisfeito com a vida de solteiro. 

Chegou com sorrisão aberto, contando as "news" para o amigo motorista:

- Rapaz, a mulher me botou chifres! 

- E tô achando é bom a vida de solteiro. 

- Não lavo mais louça, nem roupa.. Na casa da minha mãe, de manhã, o café tá na mesa! 

- A mulher tinha preguiça até de jogar roupa suja na máquina! Nam!

E digo mais: contou que deixou Tudo pra ex-mulher. Dois carros, casa, porque ela merece. Isso, ele disse que ela merece.

Fiquei rindo por dentro. Afinal, é falta de educação prestar atenção na conversa alheia. Mas ele parecia não estar se importando muito não que as pessoas ouvissem. Falava alto, sorriso no rosto.

Incomum: carregou os chifres com certo orgulho. Corno assumido e, hoje, solteiro bem resolvido.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Provas de Amor

Uma das demonstrações de afeto do meu pai pra mim. 
Não me deixa esquecer do meu potássio matinal.



Na saída de casa, banana no braço do sofá. Não é possível que eu esqueça! 

Pior que é! Na empolgação de registrar esse carinho, deixei a banana lá. 

É o amor! Fazer o quê? 

^^'

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A culpa é toda da Moça da massa!

Aí, você pede pra moça da padaria preparar uma massa pra você, ali na sua frente. Aí, você reencontra uma amiga. Distraída, você responde a moça da massa meio que no automático e volta a dar as costas. Tipo isso:

- Qual o molho, moça?

- De Tomate!
(costas pra ela) 

- Então, amiga (...)

Você vai comer morta de iludida em relação as suas escolhas para seu próprio prato, quando percebe discretos grãozinhos de carne moída afogados no tal molho que era pra ser só de tomate! De tomate! Tipo: só o suco do tomate!

Ela colocou molho bolonhesa para uma vegetariana!

Final da história?

Caminhei cabisbaixa da mesa até a bancada do preparo de massas. A expressão foi de arrasada, de quem já tinha comido boa parte da comida só desconfiando, sem acreditar.

Sem acreditar na falta de atenção da moça da massa, até um amigo confirmar: "É carne!" Pior: confirmar contando com o garfo um expressivo nº de bolinhas minúsculas de bichinho morto pra servir de alimento.

Resultado?

Ganhei outra massa de cortesia da casa. Desta vez, com o molho certo. Apenas tomate. Só tomate pelo o amor de...

domingo, 2 de fevereiro de 2014

O que custa dar descarga?


Sei que existe no mundo questão muito mais séria do que esta para se discutir, mas eu juro que ainda vou entender o que leva grande parte da humanidade a não dar descarga nos vasos sanitários coletivos, de casa mesmo, se duvidar. Muita gente fala: "Costume de casa vai à praça".

Então, a questão é esta mesmo:

*O que leva as pessoas a não darem descarga nos sanitários mundo a fora?*

(Vejamos as hipóteses)

- Puro esquecimento;
- O aviso pregado na parede não se faz entender
   (Se sim, nem fede, nem cheira pra quem lê!);
- A pessoa saiu apressada para cometer outro crime, além desse;
- Toque de nojo do botão da descarga;
- Cabeça perdida nas contas do mês;
- Confiança demais na eficácia da força da descarga

(Vejamos aqui uma causa nobre)

- Economizar a água do Planeta!

(Ou simplesmente)

- Pro inferno! Os outros que limpem minha sujeira!

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Universo paralelo do iPhone.

Eu fui pedir que dessem um trato nas minhas unhas dos pés, quer dizer, nos pés como um todo, num salão de beleza, em plena sexta-feira à noite depois do trabalho. Fiquei lá sentada e quietinha enquanto a manicure dividia atenção entre meus pés e a novela na TV, e olha que não era a novela das nove e seu último capítulo. Era outra, que não sei o nome; são muitas e não acompanho.

Sem o que fazer, 
(que é o que se tem pra fazer num salão de beleza quando: 
- você ignora a revista Caras ou outras do gênero; 
- você está sem paciência pros draminhas de novela rolando na TV de volume alto; 
- você resolve reativar a mente, enterrando o celular com internet - e todo o pacote que isso implica - sob os escombros que fazem volume em sua bolsa de mulher) 


Sem o que fazer, desisti de fiscalizar o trabalho que estava sendo feito em minhas unhas e passei a observar uma mulher sentada de frente pra mim. Ao contrário de mim, ela estava com o iPhone em mãos. Nas mãos, na cabeça, no pensamento, enfim, muito atenta àquele universo paralelo.

Tão atenta, que nem notou que a manicure tentou dar um abraço nela e que esta entrou em outra sala dizendo aos quatro ventos:

"Sou doida por ela. Faço tudo por ela!"

Bem, o comentário não me pareceu falso, de 'puxa-saco' não. 

Fiquei só analisando a moça intacta diante da tentativa do abraço e do anúncio de afeto que tinha acabado de receber.

Fiquei me perguntando o que havia de tão interessante na tela do iPhone da moça.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Cuidado dos outros, cuidado com os outros.

Ontem, dei a volta ao mundo em busca de novas amizades. Saí da minha casa, um bairro bem, bem distante de qualquer endereço dessa cidade, acreditando, confiando que existe gente do bem nesse mundo. Não sei se é sorte ou pura coincidência ou obra de um ser divino, mas eu sempre me esbarro com gente que vale a pena confiar.

Eu sou facinha de confiar no lado bom das pessoas. A minha família, os meus amigos sabem muito bem disso. Por isso mesmo vivem no meu pé, me alertando que isso pode ser perigoso. "Elaine, cuidado! Tá um perigo essa cidade!"

Ontem à noite, no ônibus, estava a minha mochila colorida acomodada em meu colo. Eram quase 10 horas da noite, e o ônibus longe da minha casa percorrendo caminhos perigosos. Eu estava ali buscando me sentir mais segura sempre sentando ao lado de alguém, quando a pessoa ao meu lado tinha que descer na próxima parada.

Foi quando sentei ao lado de uma mocinha morena, aparentando ter seus 15 anos. Cabelo preto encaracolado, batom na boca e sombra nos olhos. Fui pedir uma informação, segurando um mp4 na mão. Ela tirou minha dúvida com a maior simpatia, direcionou o olhar pro objeto que eu tinha na mão e disse:

- Cuidado, tá? Melhor você guardar isso. Aqui é bem perigoso.

Olhei discretamente ao redor e agradeci pelo carinho de me lembrar de certas coisas. A menina-mocinha sinalizou sua descida e, antes de partir de vez, falou novamente pra mim que eu tomasse cuidado: "E cuidado!"

Bem, assento ao lado novamente sem ninguém, parti para minha próxima companhia desconhecida (até então). Desta vez, era uma mulher já feita. Gordinha com o "look" e a autoestima bem trabalhada, além de tatuagens visíveis espalhadas pelo corpo cheio. Ela viu uma feirinha de moda pela janela e daí começou a puxar assunto, conversando comigo. Em poucos minutos, parecíamos amigas de infância.

De moda rentável com clientela de turistas na cidade, ela pulou de assunto a fim de relatar seus dissabores a respeito do amor. Estava indo conhecer outra pessoa, deixando claro, para início de conversa, que tem namorado, que ele já a traiu uma vez e, por vingança, ela fez o mesmo. Acredita que homem não sabe fazer esse tipo de coisa direito, mulher, sim. Ela perdoou o atual namorado e quis propor relacionamento aberto. O carinha não topou e prometeu que não iria mais traí-la. Ela: - Ok. Mas se você trair de novo, eu traio também e você nem fica sabendo, porque mulher sabe fazer isso direito.

Ela falava, falava, eu a interrogava, interrogava e ria bastante de sua espontaneidade. Mas ela tinha que descer na próxima parada. Claro que antes disso, na intercalação dos assuntos, ela já havia me alertado da falta de segurança naquelas áreas. Fez questão de frisar que o terminal, onde era meu destino, era ainda mais cheio de gente perigosa. Pediu várias vezes que eu tivesse cuidado, dentre tantos outros conselhos de quem acaba de adotar uma amiga.

Minha nova amiga teve que descer para encontrar com o carinha a fim dela, mas antes perguntei seu nome e disse o meu. Me pergunte se eu me lembro agora do nome dela e eu direi não. Mas lembro de cada risada que demos juntas. Lembro com riqueza de detalhes da importância que foi sua breve presença na minha estrada de errante por esse mundo - pequeno para alguns, grande para outros-.

Depois dessa e de outras situações cotidianas que se somam a esta, estarei sempre alerta. O cuidado dos outros, o cuidado com os outros, o cuidado com o mundo perigoso, é bom tê-los sempre. Embora nem por isso precisamos ficar parecendo uns neuróticos apavorados. Apenas cautela com tudo na (da) vida.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Sobre ter sua própria voz.

Houve um tempo em que eu esquecia de cantar. A música vivia em minha cabeça, em meu coração, mas minhas cordas vocais pareciam travadas, quase enferrujando até.

Houve um momento em que a tempestade veio de surpresa. Eu estava na rua, o guarda-chuva esquecido em algum canto obscuro da casa. Eu já ia longe e não havia abrigo seguro por perto onde eu pudesse esperar. Aí, eu pensei: "Quer saber? Eu vou é debaixo d'água mesmo. Não vou nem derreter." 

Eu vi o caos se desenhando e se materializando na minha frente. Eu era o próprio caos. Minha cabeça e os pensamentos dentro dela giravam sem parar. Meu auto-controle havia partido para o espaço sem me deixar um tchau sequer. Ainda meio resistente a qualquer tipo de conselho, eu resolvi ouvir a voz, a minha própria voz. Decidi que jamais deixaria alguém novamente me mandar calar meu canto.  Eu não parei de cantar, desde então. Cantava só para mim mesma no início. Eu própria encarregada de me trazer paz. A ansiedade corroendo meu peito, e a minha voz acariciando meus medos.

Mas eu não podia contar só comigo mesma. Deixei minha família, meus amigos, novos amigos, essa gente toda me resgatar. Eu passei a olhar pra eles e até para os "estranhos" na rua com mais amor. Eu me tornei a curiosidade em pessoa. Quase tudo para mim agora é novidade. É fora do comum.

Eu não canso de ouvir histórias da boca das pessoas. Eu admito que sou pequena para me tornar grande com elas. A gente se ensina e aprende com o outro; um fluxo incessante que nos leva adiante.

Essas pessoas podem escolher caminhos opostos aos meus e, talvez, a gente nem mais se cruze por aí. Apesar disso, o tempo em que estiveram aqui foi mais que necessário, foi parte do que tenho me tornado hoje.

Hoje, ouvi: "Ei, te ouvir cantar me dá tranquilidade"

Hoje e sempre, resolvi que não vou parar mais de cantar. 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Keep Calm,



Uma grande amiga, em sua despedida da empresa onde trabalho, me deu esse recadinho do Escritor que eu amo, Carpinejar. 

Nunca vou despregá-lo do meu computador. 

Enquanto esse amor não vem: 

Keep calm, viva a vida.

A mochileira

- Por que você só anda de mochila?

- Porque faz eu me sentir viajando todo dia.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Para boa entendedora, meia alface basta!

Estava almoçando, ontem, no refeitório da empresa, aí uma senhora, já de certa idade, comentou com a amiga em tom crítico:

- Mas, olha, eles colocam pra gente alface queimado!

Achei o comentário fora do comum e aí foi que fiquei mais ligada na conversa alheia. Acho que ela quis dizer que parte da alface estava estragada, e não queimada.

E a senhorinha começou a cortar, com garfo e faca, a parte da alface que julgou de se jogar fora. Ela mal iniciou o processo de descarte, de cortar e deixar no cantinho do prato, e eu não pude me conter. Tive que intervir com risadinha meio sem jeito:

- Senhora, é que esse aí é outro tipo de alface. Tem verdinho claro, o mais comum, e tem esse da folha escura. Não tá estragado não, tá? Pode confiar. Sou vegetariana.

Ela fez que compreendeu, mas não pude acompanhar se a alface de cor escura foi aceita depois. Desconfio de que ela continuou rejeitada no cantinho do prato, tadinha.

sábado, 11 de janeiro de 2014

A CALOPSITA FOLGADA

DAS CENAS INUSITADAS QUE EU CAPTO POR AÍ. 
A CALOPSITA FOLGADA

Eu pensei que, por amar demais os animais, não faria carinha de nojo pra uma cena que vi esta semana. 

Eu, num restaurante self-service, me sirvo, escolho uma mesa para almoçar sozinha (só que não, impossível se sentir só com os personagens ao redor!)

Aí, o que vejo:

Duas amigas, já nos seus 40 anos, comendo tranquilamente, enquanto uma calopsita desfila de um prato pro outro, beliscando a comida das donas; adentrando nos pratos sem qualquer cerimônia.

Até então, a ousada ave só ia até as beiradas do prato. Mas houve um momento em que encheu os olhos e foi até a metade do prato. "Não é possível que a dona não se incomode agora!", pensei.

Para meu, nosso alívio, ela envolveu a calopsita com a mão cheia e afastou-a mais para a ponta. A ave ficou desfilando na mesa, penteando suas penas no ar e comendo, comendo.

Olhei para a garçonete e vi que ela estava fazendo cara de "eca" semelhante à minha e, logo em seguida, rindo horrores da cena inusitada. Nós rimos juntas, olhando uma pra outra. O senhorzinho, da mesa ao lado, babava pelo pássaro mais do que pelo salmão grelhado deitado em seu prato.

Acredite, a proprietária do restaurante e ninguém mais chegou para as donas da ave para pedir que elas se retirassem dali. Ou elas e a calopsita, ou só a calopsita.

A tal calopsita ficou lá, pousando de pássaro fofinho, que atrai admiração e nojinho alheio.




quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Quando algo/alguém te tira do caminho.

Quando o ônibus desvia de sua rota habitual, nós, passageiros, ficamos meio atônitos. Meio é pouco pra expressar nossa reação. Parece até que nos falta o chão. Vai soar como exagero meu, mas, em momentos como esse, mais parece que nos rebolaram repentinamente numa nave espacial ou num foguete - para nos mandarmos para bem longe.

O ônibus se mete em ruas, ruelas e becos desconhecidos, que estavam sempre ali e ignoramos. Não nos cabia passar por esses cantos. Um imprevisto teria que acontecer para direcionarmos nossos olhares para a novidade. Novidade que assusta, a princípio.

O motorista contorce a direção, e os passageiros também se contorcem tontos, com olhar de medo mirando para o caminho estranho que se apresenta fora das janelas. Começam a segurar nos cantos do veículo com mais força. Agora não é o medo de cair com as freadas, é o medo do desconhecido.

A reação da maioria é gritar para o trocador e motorista, alertando que precisavam descer em tal canto. Para recobrarem a zona de conforto de onde os tiraram, correm para a porta de saída, só pra garantir. Garantia de quê? De que vão descer no caminho previsto, de que vão ver e viver as mesmas coisas - todo santo dia -.

No final das contas, ou melhor, dos desvios, as pessoas acabam se encontrando. No começo, é normal se sentir perdido. Podem até nos despachar numa parada onde nunca pisamos, mas, com paciência, tudo dá certo.

Lembrando que, para chegarmos ao mais ou menos certo, porque não existe o certo pra tudo na vida, temos que nos aventurar, nos jogar em muitos erros antes. Muitas vezes, precisa que algo fuja do roteiro rotineiro. Assim, acordamos. Passamos a olhar com outros olhos a nova realidade que se exibe. Nesse caso, não temos escolha. Seguimos em frente ou desistimos de vez.

A verdade é que precisamos de um empurrãozinho, como uma topada, meio traumática, mas que nos faz avançar, de um jeito ou de outro.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Solicitação de RG com direito a bullying

Aí, você vai pedir 2ª via da sua identidade, e o carinha faz piada com o nome da sua rua e, no fim de tudo, ainda pergunta sua altura, dizendo ser necessário saber e acrescentando:

 "Sei que não é muita, mas.."

E ainda inclui mais 2 centímetros, alegando que é pra me deixar feliz. Que gentil!

(Das coisas que só acontecem comigo)