quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os Jesuítas dos terminais

É realmente inspiradora essa vida de passageira de ônibus. Se você ler de vez em quando este blog meio 'grog' já deve ter observado que a maioria dos temas que extraio para destilá-los aqui vem dessas experiências cotidianas dos terminais de ônibus de Fortaleza - CE.

Já comentei que Riscos em Rascunhos está mais para "Diário de uma passageira contente". Sim, contente. Afinal, temos a séria tendência de rir de tudo, até dos problemas mais esdrúxulos.

Jaz logo abaixo uma observação que venho cozinhando há tempos dentro da minha panelinha que ferve sempre ao pensar:

" - Jesuuuus está voltando". Grita o profeta que migra pelos terminais de ônibus da cidade.

Logo ali, na fila em forma de serpente (dessas de jogo de celular), ele voltou. Não ele Jesus, como diz o profeta do terminal, mas ele: o jesuíta.

Sabe aquela velha história do processo de catequisação dos índios contada onde foi um dia o seu colégio? Pois é, a verdade é que essa velha história está mais viva do que nunca, tão viva que você pode respirá-la. Até você que nem lembra qual a última vez que passou por um terminal de ônibus na vida. Isso porque eles têm o poder da onipresença.

Tenho quase certeza que em toda parte eles estão com suas bíblias bem preservadas em volta de couro preto, isso sem esquecer do cheiroso e arrumadinho marketing pessoal. Os jesuítas de hoje não precisam de vestimentas sagradas, basta uma gravatinha e calça social. Eles têm como missão propagar a fé.

Não pense, internauta-leitor, que eu venho aqui para criticá-los; acho isso bonito, sério. Não generalizo. Isso é bonito porque , ao contrário de muita embalagem humana oca se anunciando por aí, eles acreditam em algo. Eles creem, e creem com tanta força que, ingenuamente esquecem de dar um alívio pros nossos tímpanos; estes um tanto sensíveis e já desgastados pela ação dos mp3 (música preferida móvel elevada ao cubo) e dos paredões de som dos vizinhos malcriados.

Resolvi teimar em ver o lado bom dos fatos, de modo que agora tenho certeza que nem todas essas figuras contemporâneas querem tirar proveito de tudo ou de toda sua boa vontade. E termina aqui mais um relato dessa talvez eterna passageira de ônibus.

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