quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Da primeira vez em que fui pedida em namoro várias vezes

Lembro vagamente, afinal, isso significou quase nada naquela minha história de vida que nem engatinhava ainda, que nem tinha saído dos três pontinhos de "Era uma vez...".

Eu fazia a quarta série, tinha exatamente 10 aninhos. E foi nessa atmosfera colegial, de coelhos azuis e sorridentes pregados na parede da sala de aula, que me fizeram a famosa perguntinha " Quer namorar comigo?" - mais de uma vez -.

O menino da pergunta era só um amigo meu e um "menino" mesmo, que não tolerava o título de "pivete". Queria porque queria ser o mais maduro da turma. Na certa, se encontrava numa dessas fases que há um tempo atrás chamavam de pré-adolescência. Não sei se já existe outro nome pra isso; pré-aborrecência? Não sei.

Bem, minha resposta à pergunta número 1 foi:

- Ãn?

Não me recordo se respondi isso por realmente não ter escutado direito. Acho que a ex- "Tia", a "Professora" estava na lousa tentando impor silêncio na pivetada agitada. Desconfio de que não foi só o barulho que não me deixou ouvir. Talvez ele tenha soltado a pergunta extremamente coberto de timidez; provavelmente depois de tentar "criar" coragem por um bom tempo. Então, ele falou bem baixinho. Depois do meu "Ãn?" e do meu contorcer de sobrancelhas como quem olha pra lousa e não enxerga uma palavra, ele enunciou pela segunda vez a mesma pergunta, só que agora com um pouco mais de impetuosidade:

- Quer namorarcomigo?!

Aí, neste ponto, tenho certeza que escutei direito. Não acreditei. Eu, uma criança, ciente de que era uma "menina" e satisfeita com a minha fase infância, ouvindo outra criança perguntar isso pra mim. Eu estava pasma. Só consegui improvisar outro "Ãn?", com sobrancelhas fazendo a mesma inclinação da primeira reação, mas desta vez destinguindo bem palavra por palavra pronunciada e entendendo a situação mais do que a tabuada decorada.

O pobrezinho do meu amigo, acho que, ficou incrédulo com a resposta repetida, pior do que isso, com a ausência de resposta. Poderia ter me chamado de " Môca!". Mas, não, ele preparou outra porção de coragem pra repetir pela terceira vez A Pergunta. E eu me esforcei pra encontrar outras palavras, dizendo:

- Como é? Não tô entendendo!

Finalmente, depois dessa, ele desistiu com um "Deixa pra lá". Ôh, dó! Mas tudo terminou bem. Ele continuou sendo meu amigo e, depois de um tempinho, apareceu com uma namoradinha. Encontrou alguém que estava na mesma fase dele, a da pré-adolescência apaixonada.

Nunca mais o vi e não faço ideia por onde anda. Normal, em um mundo cheio de gente, onde milhares de pessoas passam por sua vida, somem, indo além do que sua vista é capaz de alcançar; alguns desaparecem pra sempre.

Olha a barata!

Neste exato momento, faltando pouco pra meia-noite, eu compartilho o espaço do meu quarto com uma barata. Ela parece bem desperta, e digo mais, bem esperta. Ouve o barulho que minhas chinelas fazem e abre caminho, enquanto a espanto como quem tange um gato de rua, ladrão de carnes descongeladas na pia. Dou a entender que o canto é meu, e que ela não é bem-vinda. Tenho indisposição pra procurar veneno para baratas perdido dentro de casa; além do mais, lembro que isso vai deixar os ares do meu cantinho um tanto tóxicos.

Concluo, enfim, que não vale a pena aplicar o veneno na tal da barata; meu estômago não suportaria se eu fizesse o que meu irmão faz: celebra seu sentimento de vingança contra a coitada da barata, afogando-a numa piscina de “lama” mortífera ou, como frequentemente acontece por conta da pouca eficácia desses inseticidas, de “lama” da morte lenta, em que a barata pira o "cabeção" e sai por aí com suas antenas tontas e pegajosas. Também está fora de cogitação esmagar isso, pisando e esfregando no chão com a dancinha diabólica do pé.

Eu prefiro nenhuma dessas alternativas. Acho que faço parte do percentual insignificante de mulheres adultas que não manifestam pavor por baratas. Ajo tranquilamente, com uma única condição: desde que a tal da barata seja “pedestre”. Qualquer indício de um par de algo que faça aquela coisinha alçar voo, meu cérebro automaticamente ordena uma gritaria involuntária e, definitivamente, incontrolável. Apenas duas reações: o grito e o simples instinto de manter total distância, correndo. Acho até que, pra me sair de uma dessas, seria capaz de fugir pra rua só de camisola mesmo, e doar meu quarto, minhas coisas, meus livros pra tal da barata.

Então, é assim: depois de identificada como barata “pedestre”, mantenho a serenidade que me resta ao final de cada dia. Claro, penso em tomar algumas medidas pra evitar a indesejável, evitar só, porque exterminar esse tipo de “coisa” é, com certeza, missão impossível.

Eu costumo pensar no lado bom: ora, se ela está em busca de alimento para baratas, nada vai me acontecer; jamais faria parte do cardápio dessa coisinha asquerosa. E no fim de tudo, eu até me identifico com a bandida! Ela tem hábitos noturnos e eu também. Ela sai atrás de comida, eu saio atrás de algo que eu goste muito de fazer no meu raro tempo livre da semana: escrever sobre bobagens e sobre outras coisas que ficam martelando na minha cabeça. E assim como a barata, usufruo do silêncio da calada da noite e de sua irresistível solidão.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Morcego Invasor

Aqui, na casa dos meus pais, existe um morcego - dentro de casa. Sim, ele existe. Comprovei sua existência no mundo como morcego invasor de casas, da nossa casa só, talvez, na segunda de carnaval.

Tava de bobeira, matando a saudade de ficar em casa, grudada no sofá mais confortável da sala, quando ele se apresentou aos meus olhos. Estava descrevendo um voo da sala de jantar, passando pela cozinha, até o meu quarto; em seguida, voltando para a cozinha e para a sala de jantar. Parecia que fazia isso como de costume, como se já tivesse criado o hábito. Mas isso não foi nada normal; nada habitual a ideia de dividir um teto com um morcego de quintal. Então, é claro que entonei um grito de pavor.

Estava sozinha em casa, e só queria curtir meu momento "caseira". Foi nesse dia que eu acreditei na teoria da minha mãe. Qual a teoria da minha mãe? Bem, eu sou uma pessoa perturbada com luzes acesas sem precisão. Ela sabe disso e por isso, toda vez que vai dormir, me lembra de algo importante:

" Boa noite, filha! Ah, e não esquece que essa luz da cozinha é pra dormir acesa, porque, se não, a casa acorda toda cheia de fezes. Tem um morcego aí, que fica voando pela casa de madrugada."

Pensei que fosse só mais uma nóia da Mãe; afinal, ela é cheia de nóias e, quando encasqueta estas, não há cristão que as tire de sua cabeça dura. Dava vontade de responder: " Mãe, deixa de invenção!", mas dava só uma risadinha, seguida de um: " Como assim?!".

Tá, a teoria do morcego invasor que defeca dentro de casa funciona mesmo, é real. Tão verdadeira, quanto a solução da luz acesa. No dia que eu o vi pela primeira vez, antes, eu tinha apagado a luz da cozinha.

Imediatamente me veio à mente a cena da minha mãe falando do morcego vândalo. Imediatamente, quer dizer, depois do meu grito, corri pra cozinha e liguei a luz. Isso enquanto o labrador da Mãe me seguia, franzindo a testa numa vã tentativa de entender por que diabos eu agia de um jeito tão medroso e infantil.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pombos com toda pompa



Tenho quase certeza de que os pombos guardam segredos sombrios dentro de seus papos salientes. Estufam o peito e passam a nossa frente. Outro dia precisei frear bruscamente. Esperei o pombo desfilar pelo asfalto esburacado com toda sua pompa. Andou com elegância o ícone da paz e também da doença, por isso também conhecido como “ rato de asas”. Para mim, mais parecem mistérios de asas com sangue nos olhos; já encarei-os e, de fato, circunda em seus olhos uma névoa avermelhada que confere ao seu olhar algo um tanto vampírico.

Eu continuava aguardando com toda paciência do mundo o pombo atravessar a avenida. Eu sabia que um de nós teria de ceder, e esse um era eu, que não representava ameaça alguma para ele. Mostrava-me sua posição de o Sr. da rua, não só da rua, aliás, do país, do planeta. Tenho quase certeza de que falta pouco para os pombos dominarem o mundo. E o pombo que apareceu no meio do meu caminho era o representante, um dos líderes da revolucionária superpopulação de pombos moradores de praças e igrejas.


Eu seguia com movimento ocular o seu andar dançante. O pescoço, povoado por penas azuis de tão negras, se estica, em seguida, recua deslizando no ar com o mesmo impulso. Parece até que decidiram ter esse tipo de andar pra zombar da gente: “Olha só a dancinha de calango que sou capaz de fazer .” Dança com o pescoço de um calango o danado. Com isso, ostenta sua habilidade observadora e furtiva. Finalmente, completou o seu trajeto e eu pude prosseguir o meu.

No outro dia, despertei de um sonho esquisito. Aqueles sonhos em cujos episódios nos perdemos e a única certeza são as sensações mais que físicas, que atravessam a pele e passam a ser sentidas também pelo nosso espírito. Aqueles sonhos em que sentimos necessidades tão fortes, a ponto de despertarmos com elas e descobrirmos que são reais.

Eu dormia no meu quarto, mas este não era mais parte da minha casa. Localizava-se agora no centro de uma praça qualquer. Era dia e os ventos anunciavam uma tempestade. Eu rolava de um lado pro outro na cama, não em busca de uma posição favorável para adormecer, mas tentando fugir de um pesadelo como muitas vezes faço: diante da ameaça de morte, simplesmente fecho os olhos, pronunciando mentalmente “vou sair daqui, vou sair daqui”, e me teletransporto, me refugio na realidade que só meu quarto é capaz de me proporcionar; nele sou inatingível, quase imortal. Meio insano se sentir imortal num mundo real, onde conseguimos ser os seres mais mortais da face da terra.

No pesadelo, o céu de nuvens tinha se transformado num céu de pombos, muitos, muitos pombos, uma intensa concentração de “ratos” voadores. Suas fezes banhavam meu corpo inteiro; eu me sentia muito imunda. Estava tão suja, que só pensava em me lavar com álcool, pois água não seria suficiente. Doenças transmitidas por pombos se espalhavam célula por célula no meu corpo. Eu estava contaminada, morte sentenciada.

Mas consegui, me utilizando do meu super poder de teletransporte, acordar na minha querida realidade da qual tanto reclamo às vezes. Não reclamo mais; minha vida é um mar de rosas e devo agradecer todo santo dia por isso.

Não sei se por telepatia, mas no mesmo dia desse terrível pesadelo, quando, nesse nosso confortável mundinho real, já planejava escrever aqui uma história sobre pombos, um amigo propôs que eu postasse uma crônica sobre o pombo viciado em fast-food, especificamente em “Burguer King”. Ele flagrou três vezes um pombo se deliciando com as batatas fritas de um desses Burguers Kings.

Então, esses pombos não são tão espertos assim, pois li que em estado selvagem eles podem viver até 15 anos, porém, nas cidades, com um cardápio nada saudável, não passam de 5 anos de vida. Não que eu esteja desejando o mal a eles, mas que isso pode ajudar no controle de natalidade, isso pode.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Chatinha, vai ver se a gente tá na esquina!

A gente pode até não saber ainda, mas é mais fácil do que se imagina enganar a Rotina, mais respeito, por favor: - Dona Rotina. Quer saber? - Chata Rotina, chata mesmo, a ponto de ser rebatizada de "Chatinha".

Sabe aquela pegadinha das velhas em que se aponta e diz: " Olha aquilo!" - só pra distrair por breve instante o seu interlocutor que parece observar e vigiar cada reação sua? Ou mesmo aquelas velhinhas gagás expressões: "Vai catar coquinho", "Vai ver se eu tô na esquina!". Quando me canso, consigo pegá-la numa dessas.

É simples, muito simples acabar com Ela. Coisas pequenas que você decide fazer são capazes de levá-la à morte súbita. Claro que a Dita Cuja ressuscita depois, porque, no fundo, sabemos que se faz necessária pra ordenar nossa programação certinha de todo santo dia. Vamos aos exemplos de coisas pequeninas com as quais enganamos a Chatinha:

- Vez por outra, desça quantas paradas antes você puder da que normalmente você escolhe. Saia andando a avenida inteira, se preciso, e vá observando bem cada detalhe das casas, estabelecimentos comerciais abandonados, ciclistas, mendigos, enfim, qualquer coisa/pessoa que você não notaria se estivesse dentro de um veículo. Mas veja se tem um Ronda por perto para previnir eventuais assaltos ou sequestros;

- Chegue ao trabalho entrando por outra portaria;

- Deixe o elevador quieto um instante e desça de escada mesmo; subir também não vai te matar sem fôlego, é só aprender a respirar corretamente: encher a barriguinha de ar e depois soltar. Importante respirar pelo nariz, a não ser que tenha crises de rinite e a única saída fica sendo respirar pela boca mesmo;

- Mude o disco, troque a música que você faz questão de ouvir "trocentas" milhões de vezes;

- Escolha o sentido inverso da cama pra dormir; ah, você pode também mudar os objetos de lugar;

- Ao invés de ir direto pra TV ver "BBB", escolha um canto mais reservado e silencioso; escolha um bom livro e comece imediatamente a ler;

- Sugira novas ideias pro seu trabalho e pra sua vida, se preciso for, suba numa árvore pra ver as coisas sob diferentes ângulos. - Um ex-parceiro de trabalho criativo me fez subir numa árvore uma vez. Levou o setor inteiro pra passear no parque depois do almoço.

E de muitas e muitas outras formas você consegue trapacear a Chatinha da Rotina, dependendo, é claro, de como são seus hábitos hoje.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Coincide o passo

É engraçada a situação que paira no ar, quando a gente vem andando distraído,focado numa só direção do caminho, e quase esbarra em alguém. Ficam os dois atônitos querendo seguir cada qual seu rumo, só que não conseguem porque coincidem o passo outra vez e de novo. Você decide investir na direita. O desconhecido pensa a mesma coisa que você. Então, você, gentil, mais constrangido do que gentil, volta atrás e escolhe a direção esquerda. E lá está a pessoa de novo, fazendo um projeto de caminho igual ao seu.

Você decide que quer acabar com isso e fica imóvel; simplesmente espera o outro decidir seu trajeto e ir embora de vez. Você está evitando um conflito chamado: coincidência de passos. Mas tem certas vezes que a gente não evita. Dá boas risadas da tal situação e decide que não vai evitar porque gostou daquilo e quer repetir.

Seria mera coincidência mesmo? Será que aquela pessoa com quem você cruzou no corredor não teria de ficar pra sempre ou por muito tempo no seu caminho? Um dia, faz quase cinco anos, permiti, sem medo algum, que meu passo coincidisse com de um rapaz. E até hoje caminhamos juntos na mesma direção. A gente se esbarra todo dia, se não pessoalmente, em pensamento.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Da janela de Arnaldo Antunes

Toda pessoa já é talentosa por natureza, porque você sabe usar o discurso, você fala com sua mãe de um jeito, com o policial de outro, com o porteiro do prédio de outro, com seu filho de outro. Teu discurso se adequa. Eu, na verdade, tenho anseio de, de tá o tempo todo, de certa forma, alterando a sensibilidade, a consciência das pessoas. Mas, ao mesmo tempo, tem um desejo muito da simplicidade, da naturalidade de tá dizendo as mesmas coisas que são óbvias, assim, só que as pessoas não estavam vendo sob aquele ponto de vista.

E aí as pessoas falam essa coisa da alma ser aquilo que você tem lá dentro, escondido no fundo, e não, às vezes tá na pele. E a música traz muito isso, por isso que ela faz a pele arrepiar, o pé bater no ritmo, as pessoas dançarem. Ela move a coisa do corpo.

Acho que a questão da Arte tá muito no "o como" você faz as coisas, talvez mais do que no ˜o quê" você faz. Sempre que eu vou fazer alguma canção ou mesmo escrever alguma coisa parece que eu não sei se vou conseguir. É sempre aventura, assim, e aí eu acabo dando um jeito e consigo, mas "o não conseguir" tá sempre presente; eu posso não conseguir.

O tempo todo é um contraponto de ação e repouso, de fala e silêncio, de som e silêncio. Você tem o pé e o espaço pra dar o passo, então eu tenho o vazio e o (...) e isso que faz a coisa se movimentar.

Eu gosto da coisa profana, da coisa híbrida, da coisa mestiça, da coisa suja, gosto do berro, a voz que tem o elemento do ruído incorporado. Pra mim, criar sempre foi um sintoma de bem estar, um sintoma de que eu tô alegre.

Acho que qualquer pessoa quer estar bem, né?! Acho que isso deveria ser um princípio comum a todo mundo.

Copiado do áudio do DVD/ álbum "Lá em Casa- ao vivo"

Amada jaca.

A professora alto-astral da Academia ama jaca. Não sei como ela mantém o corpo bem desenhado, mas, pelo visto, o amor que ela tem pela jaca não afeta o aspecto sarado dela. "- Eu AMO jaca!", ela dizendo com um sorriso de ponta a outra, o abraço agarrado ao saco de onde escapava o cheiro muito característico do presente dado por uma aluna.

Falou intrigada que passou o treino inteiro se perguntando de onde vinha aquele cheiro tão gostoso. Depois, se lembrou que era a jaca, a jaca que ganhou de uma aluna depois que a mesma perguntou, sem esperança de uma resposta positiva, se ela gostava de jaca. Ela não gosta não, ela ama!

A tal aluna também tinha ganho a jaca de um cliente e parece que não tinha como levá-la pra casa. A professora ficou feliz e depois fez biquinho ao lembrar que ia viajar e a jaca se estragar. Mas sua colega de trabalho sugeriu uma solução para o grande problema. Aconselhou que ela cortasse a jaca inteira e guardasse os gominhos na geladeira. A professora ficou toda alegre de novo.

Achei engraçado a professora indo embora toda feliz por causa de uma jaca. Achei também um tanto raro em dias como os de hoje, quando se encontra facilmente suco de laranja ( "caseira") com gominhos confinados numa caixa cheia de conservantes, alguém amar tanto um alimento natural, vindo direto do pé de jaca.

Lembrei da minha mãe, também uma doida por jaca, toda eufórica de alegria ao descobrir que eu estava voltando de um acampamento, carregando uma jaca pra dar a ela. A jaca que eu mesma cortei e tirei do pé.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Mãe jardineira que tenho

Tenho mãe jardineira; e tenho orgulho disso dela. Eu tenho mãe com quem aprendi a sentir a natureza como um ser vivo. Lembro bem, eu bem pequena questionando ela:

"- Por que aguar o jardim duas vezes no mesmo dia?" Ela, com aquele jeito dela impaciente para dar respostas, me respondeu com outra pergunta:

" - A gente só come e bebe água uma vez no dia?"

Tenho mãe que me ensinou a contemplar a beleza das flores e, principalmente, me fez entender que essas flores não são meros objetos de decoração, e sim vidas, como um coração a bater forte e vermelho no peito.

No começo desse ano, meus pais reformaram uma espécie de "jardim-garagem" daqui de casa. Uma pena quando percebi, já na metade das obras, que os antigos 50% de jardim perderiam para os 90% da nova garagem para dois carros. Eu, pasma, joguei pra ela mais uma pergunta polêmica com relação ao jardim:

" - Mas, Mãe, e o jardim? E o céu que nem dá mais pra ver daqui, - com essa cobertura toda aí de telhados! Desse jeito, nem o beija-flor volta mais aqui."

Desta vez, com paciência, ela se pôs a explicar que não iria se desfazer do jardim, que encontraria lugar para os jarros. Depois, não sei se por conta da minha indignação, ela me apareceu com plantinhas novas.

Trouxe jarrinhos com rosas dançantes e exibidas. Não se esqueceu de uns ganchos pra suspender os jarros nas colunas, já que não havia mais chão disponível. Então, me aparece meu pai como assistente daquela jardineira empenhada. Veio trazendo umas joaninhas e borboletas tão coloridas, que dão dor na vista. Estava munido de um martelo. Eles me contagiaram e me auto-candidatei a assistente. Minha função era indicar os melhores espaços sobre os quais possivelmente uma joaninha seria encontrada. Além disso, eu teria de prever as trajetórias dos voos das borboletas do nosso jardim.

Agora, as joaninhas e as borboletas estão lá, coladas na única parede do jardim sobre a qual se preservou o céu aberto e sob a qual foi mantido o estreito piso de terra com plantas enfileiradas.

Também agora está lá, um mini-burrinho de barro carregando, sem sair do lugar, dois jarrinhos floridos, um de cada lado da cela. Eu também ajudei a montá-lo. A mãe jardineira que tenho pediu que eu segurasse a miniatura de roseira, fragilmente enraizada no bloquinho de terra.

Enquanto a mãe preparava o mini-jarro do burrinho pra receber a roseira, eu segurava, eu abraçava, com certo receio, a terra com a qual a roseirinha indefesa se agarrava. Eu tinha tanto medo de deixar cair um grãozinho que fosse! Eu tinha receio de que a raiz desgrudasse da terra que eu tinha sobre minhas mãos em concha. Eu parecia uma menininha, segurando nos braços, pela primeira vez, um bebê recém-nascido bem fragilzinho. Acho que a mãe jardineira que tenho percebeu e ficou aconselhando:

- " Segura a bichinha com jeito, pra não derrubar!".

Eu me orgulho tanto da mãe jardineira que eu tenho. Achei tão lindo uma vez ela declarando:

" - Quando eu morrer, meu espírito vai estar nas florestas. Eu vou ficar vagando nos campos."

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pra ficar de bem com você mesmo

Aqui vai uma dica; dica não, se não vai parecer aquelas revistas bobinhas com o título em cor vibrante, dizendo " Dicas e truques incríveis para uma vida mais saudável".

Na verdade, é apenas uma pequena sugestão. Eu fiz isto uma vez e foi tão bom, que amadureci a pequena ideia na cabeça pra virar postagem aqui, - pra que chegue até aquelas(acho que poucas) pessoas que fazem visitinhas rápidas ou longas às minhas três paredes.

Desta vez, não me proponho a escrever texto "filosófico" com metáforas malucas. No fundo, só me deu vontade de espalhar serenidade - essa sensação boa por aí, pra ti, leitor.

Agora, chega de enrolação que a sugestão não é nada de mais. Garanto que não vai arrancar pedaço de ninguém e nem ocupar demais seu badalado tempo.

* Mantenha sempre, principalmente durante a semana, sua geladeira abastecida de água de coco guardadinha e esperando por você no interior do coco. Deixe sempre o canudinho por perto e o dispositivo de som no ponto pra encher o ar de Bob Marley.



Faça isso e, quando você chegar em casa à noite, cansado depois do trabalho e estressado depois do trânsito, parece que vai sentir aquela carga pesada e perigosamente inflamável sair de cima dos seus ombros.

Agora, se o tempo está complicado mesmo, pelo menos uma só musiquinha do Bob Marley, dançada enquanto se toma um coco geladinho, não faz mal nenhum, vai!


" Positive Vibration"

Live if you want to live
Rastaman vibration yeah! Positive
I and I vibration yeah! Positive
I a man Iration yeah! Irie Ites
Positive vibration yeah! Positive

If you get down and quarrel everyday
You're saying prayers to the devil, I say
Why not help another on the way
Make it much easier
Say you just can't live that negative way
You know what I mean
Make way for the positive day

Cause its a new day
New time, new feeling yeah!
Say it's a new sign
Oh what a new day
Picking up.
Are you picking up now
Jah love, Jah love, protect us (Repeat)

Rastaman Vibration yeah! Positive
I and I vibration yeah! Irie Ites
Vibes, got to have a good vibe
Picking up.
Are you picking up now (Repeat)