domingo, 9 de março de 2014

Sob a vigília do Amor

 Por que nós, filhos, nos encarregamos de manter distância daqueles que estão sempre na vigília do nosso bem-estar?


Tenho andado com umas tosses horrorosas, daquelas carregadas que assustam pessoas a quilômetros. Confesso minha acomodação quanto a ir ao médico verificar o que, afinal, é isso. Talvez indisposição para chás de cadeira oferecidos pelas clínicas.

Acontece que, em casa, meus pais têm reparado nos meus urros. Me mandaram logo ir atrás de remédio.
"- Ah, meu corpo naturalmente resolve, expulsa isso", teimosa, eu tento sustentar o argumento.

Daqui a pouco, meu Pai aparece. Vem com maestria na arte de invadir a fronteira invisível que estabeleço entre meu quarto e o restante da casa, que é espaço mais deles do que meu. Porque nós, filhos, às vezes nos encarregamos de criar e manter distâncias daqueles que estão sempre na vigília do nosso bem-estar.

Será isso necessidade de provar que somos independentes? Provar pra quem? Para eles ou para nós mesmos?

Sabe-se lá. Só sei que meu Pai, com a doçura de quem cuida, surgiu com um copinho desses na mão:



O perfeito farmacêutico me explica tudo melhor do que a bula. Tanto explica, como me serve de lembrete de 12 em 12 horas. "- Já tomou outro copinho, filha?!"

Aí, me lembro que já tenho 26. E então noto que esse número não tem a menor relevância pra eles. Continuo sendo a filhinha pra tomarem de conta.

Percebo que colegas de trabalho, amigos, namorados, paqueras podem me deixar pra trás e desaparecerem da minha vida. Mas os meus pais, não. Estarão comigo até o fim de suas vidas. Se é que existe fim para certas coisas, para certas pessoas.

Um comentário:

Margareth (Margô) disse...

Olá mocinha! Está melhor hoje?

É para nós que somos pais, vocês serão sempre nossos bebezinhos. Gostem ou não gostem.rss

Que bom que ainda podemos contar com a presença dos nossos pais, cuidando da gente, não é?