domingo, 13 de abril de 2014

Tá com um tempinho aí?

Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com
Nessa coisa de tempo corrido, de dedicar muito tempo ao trabalho, onde foi parar o conceito de família, a ideia de estar mais junto desta? Por onde anda a qualidade de vida?


Esta semana, estava lendo uma crônica da Revista Vida Simples, quando o tema prendeu minha atenção. Na conclusão da experiência relatada, o autor Denis Russo cita a tal “vida moderna”. Leia um trechinho:

Só que aí a tal “vida moderna” decide reorganizar o espaço das cidades. E traça avenidas, rachando os bairros, rasgando as famílias, distribuindo as pessoas ao longo de artérias de transporte, por onde fluem matérias-primas, recursos humanos, bens e serviços. E, com isso, quase sempre, os avós vão parar longe dos netos.
E num bairro triste os avós aguardam a visita das crianças e os pais tentam encontrar uma creche para os filhos. (…)
Fonte: Vida Simples, p.64, ed. 143, abril 2014.
Me parece que a questão preocupante não é apenas espacial; tem mais a ver com o Senhor Tempo. Ou a gente que deveria ser Senhor dele? Bom seria declararmos que temos o tempo e não que ele nos tem.
40, 44 horas semanais, é comum nosso trabalho durar esse tempo todo; quando não, mais. Por isso, nem nos surpreende ler que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros dedicam 40,8 horas por semana à profissão, sendo que 33,7% das pessoas passam das 44 horas e 19,1%  superam as 48 horas semanais. Na Alemanha, são 38 horas. Na França, 35.
É provável que você já tenha ouvido esse tipo de comentário nas reuniões e confraternizações do seu trabalho: “Ah, aqui somos uma família, afinal, passamos mais tempo no trabalho do que em nossas próprias casas”.
Outro dia, estava voltando pra casa e já era umas 22h30. Quase chegando ao meu destino, ouvi o motorista dizer ao celular, implorando até: - Oh, não deixa ela dormir, tá? Quando eu chegar em casa, ainda vou brincar com ela!
Aquilo me tocou. Pensei “Poxa! A que ponto chegamos?”. Nessa coisa de tempo corrido, de dedicar muito tempo ao trabalho, onde foi parar o conceito de família, a ideia de estar mais junto desta? Por onde anda a qualidade de vida?
Será mesmo que tudo se resolve com a dica de melhor administrar o pouco tempo que nos resta, inclusive aquele após o expediente? 

Nenhum comentário: