terça-feira, 26 de novembro de 2013

O nosso menino do castelo de areia-bolo, agora fazendo arte na Arte ;)



A praia foi uma sala de aula despojada. Enquanto conversávamos "papo-cabeça" de gente que só quer ser grande mas não é, o nosso pequeno professor, inquieto, tentava construir o seu castelinho de areia. Um só castelo, não. Vários.

Ao alcance de suas minúsculas mãozinhas estavam suas ferramentas (de brinquedo, claro):  o balde, a pá, uma espécie de peneira de areia e outros que não consigo detalhar agora porque me perdi no sorriso puro do pequeno professor.

Há uma maleta de plástico para guardar todas essas ferramentas, da qual o pequeno não tira o olho, se você gentilmente se oferecer para carregá-la. O menino, esperto que só ele, sabe tomar de conta de sua preciosidade. Inclina de leve a cabeça pro lado, na direção onde está sua mão que leva os brinquedos. Vai que você, adulto cabeça de vento, larga em algum canto, né. Ele mantém sua vigília firme e forte até escolhermos uma barraca e uma mesa.

Daí começa a atuar a engenharia do pequeno na minha mente que agora, mais do que nunca, vê metáfora em qualquer coisa ao redor.

Primeiro, ele tenta construir o Castelo num canto nada óbvio: a mesa que estávamos usando. A amiga mãe só podia alertá-lo que ali não era o “chão” ideal pra esse tipo de construção. Teria que ser na própria areia da praia.

Ele resolveu aceitar a orientação sensata da mãe e sentou onde as ondas do mar ainda não tocaram. Ficou ali sem saber por onde começar. Pediu ajuda da mãe. Sem cerimônias, a mãe afunda as mãos na areia e vai formando a montanhazinha. Ele observa e imita.

Nosso professor olha pra gente com cara de sapeca e simplesmente se joga no castelinho que acabou de fazer. Pula, se joga de barriga em cima do que era para ser um castelo de areia e que passou a ser chamado por ele de bolo de aniversário. Colocou um galho no ápice do monte fazendo de conta que era uma velinha. Até parabéns ele cantou. Depois da celebração, destruiu tudo movido por uma gargalhada que há muito tempo eu não ouvia de uma criança.

Ouve a gente se lamentar “Mas, ah, você desfez o castelo, o bolo! Agora vai ter que fazer tudo de novo” Ele responde com risada e nenhuma ruga de preocupação na testa. Imediatamente, se propõe a reconstruir o “bolo” e pensa alto, olhando pra mim: “Eu não consigo” E eu digo rápido, como alguém que já tem mais experiência de vida: “Claro que consegue! Faz de novo!”


E ele fez e refez, fez e refez o castelo de areia, ou melhor, o bolo, com graça e espontaneidade. E é assim que nós, gente grande, devemos fazer também com nossos sonhos. Se não foi dessa vez, tenta outra vez. Um dia o castelo de areia ganha consistência o suficiente para nós não o julgarmos tão imperfeito a ponto de acharmos melhor construir outro. No máximo, apenas algumas reformas.

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