quinta-feira, 1 de março de 2012

Da primeira vez em que fui assaltada

Brincando com o título do post anterior, mas falando sério agora:

Eu pensei que eu fosse noiada igual a minha mãe, mas o episódio de hoje me provou o contrário.

Eu pressenti que o carinha da bicicleta iria me assaltar em instantes. Ele até disfarçou bem. Olhava como quem não quer nada pra trás, especialmente pra euzinha aqui, baixinha e indefesa. Percebi e analisei as roupas dele; pensei: " Hum, ele tem aparência de ladrão." E o anjinho do outro lado disse:

- Olha, não julgue as pessoas assim. Isso é preconceito, hein!

E o diabinho flutuando no lado esquerdo resolveu desafiá-lo:

- Ah, é?! Então, espera. Se o cara ali olhar de novo pra trás é porque ele vai, sim, fazer maldade com a sua protegida. Espera, espera pra ver!

E o carinha, todo estiloso na sua moda de ladrão, além de olhar pra trás de novo, ainda fez mais: fez uma manobra de meia volta pra ir ao meu encontro. Freou, abandonou a bike possante no chão e disse, com as mãos embaixo da blusa:

- Tô armado. Passa só o celular, só o celular!

A minha vontade, guardada sigilosamente dentro dos meus pensamentos, era de sumir, 'pa-puf', desaparecer numa fumaça igual a do Gênio da lâmpada. Procurei o anjinho, e até o diabinho, mas eles já tinham sumido, e do jeito que eu desejava, na fumacinha branca.

Senti o sangue descer completamente e fiquei plantada que nem pé de bananeira na curva da esquina. Mas pensei na hora, que eu era mesmo uma sortuda. O cara fez questão de dizer que só queria meu celular ( meu pouco dinheiro na carteira, meus documentos e minha vida não, talvez sim, se eu não colaborasse). Quando lembrei do que eu chamava de "celular", veio uma espécie de alívio. "Já estava mesmo precisando trocar", pensei e entreguei o Motorola velho e arranhado.

O cara estava quase retornando pra bike, quando meu cérebro mandou que eu dissesse de jeito dengoso, como uma criança pedindo chocolate pro pai:

- Ow, me dá o chip! Por favor...

- Tira, tira!

- Vixi! Tá duro de sair. Tô nervosa. Tira pra mim, por favor!
( e a minha crise de riso deu o ar de sua graça. Estava morrendo de rir de mim mesma. Acho que o ladrão tinha certeza de que eu não ria dele. Por isso, não atirou.)

- É só dá uma batida no chão! Pega, pega!

Eu, nervosa com o troca- troca, quase que saía com o aparelho e ele com o chip. Mas ele, em mais um gesto de generosidade, tomou o corpo do celular da minha mão, entregando ao mesmo tempo o tão querido chip pra mim.

O que eu disse a ele?
- 'brigada, 'brigada. Obrigada, viu!

Quando estava me achando A Sortuda, os vizinhos, os benditos vizinhos gritaram da calçada:

- O que tá acontecendo aí?

Foi a hora em que eu mais temi pela minha sobrevivência. Apressei o passo pra me distanciar do "point" do crime. O ladrão saiu voando na bike e os vizinhos no carro atrás dele. Olha, eu posso até ser corajosa de pedir favores ao ladrão, mas sou fichinha perto dos vizinhos justiceiros.

No fim de tudo, eu percorri a rua da minha casa muito satisfeita com o chip na mão e com a minha vida tremendo, mas guardadinha dentro do meu corpo.

Um comentário:

geer disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkk Só podia ser tu mesmo elaine. Que susto!