domingo, 17 de junho de 2012

O vendedor de batatas fritas e a felicidade pelas pequenas coisas

Tem dias que preciso voltar pra minha casa, a casa dos meus pais. Preciso pegar um ônibus e ficar chateada dentro dele, ao ver alguém jogar embalagem pela janela como se fosse um ato absolutamente normal; tento falar algo, mas me calo e com ar de reprovação, balanço a cabeça pra pessoa como quem diz “ - Faça um exame de consciência, meu amigo!”

Depois de descer desse ônibus, cabisbaixa e desacreditada de pessoas como aquela, preciso atravessar a avenida e ir até a parada onde pego a topic que segue direto pra minha casa. Fico em pé esperando, esperando e ouvindo meu cansaço físico e mental falar mais alto do que tudo. Já são 22horas , e aí eu lembro que apenas enganei meu estômago na hora do lanche com algo rápido.

O vazio do estômago me incomoda, quando percebo o vendedor de batatas fritas. Resolvo ficar mais perto daquela espécie de fogão acoplado num carrinho de mão e de três rodas. Ali, do lado do ponto de venda, no sentido do vento que sopra, posso sentir o cheiro bom das batatas fritando, o cheiro da casa da minha infância, de quando eu vibrava vendo minha mãe preparando essa delícia para o almoço de domingo.

Apesar do cheirinho servindo de propaganda das batatas, não tive intenção de comprá-las, porque hoje evito frituras, elas já me fazem mal, e porque desconfio da higiene de cozinha ao ar livre. Apenas fiquei ali, sentindo o ânimo pela vida, e até pela rotina, retornar no simples movimento do respirar.

A topic me buscou, e eu cheguei feliz da vida no melhor lugar do mundo pra passar a noite e ver chegar o dia.

2 comentários:

de Dai para Isie disse...

Bem legal, o seu conto. Como sou estudante de gastronomia, penso bastante na memória sensorial. Costumamos imaginar aromas e sabores, sabe? Isso é realmente maravilhoso e capaz de nos fazer mergulhar no passado, como o cheirinho do café no final da tarde que nos lembra a infância na casa da vovó. =)

Elaine Pacheco disse...

Oi, Isie (prazer)! Adorei! Estudante de gastronomia compartilhando conhecimentos aqui! =) Pois é, a gente se transporta mesmo pra determinados momentos. Minha memória normal é fraca, mas essa do cheiro é inconfundível.
Abs. Volte sempre!