sábado, 23 de julho de 2011

Uma tal de Veruski

Achou que a amiga poderia lhe descrever em palavras, almejando conhecer melhor ela mesma. Ingênua, não sabia o tamanho desafio que acabara de lançar para a outra que adorava treinar a escrita. Pediu nada mais, nada menos, que essa outra fizesse um poema sobre ela.

A mão nervosa cutucava insistente as costas estreitas da colega sentada na cadeira à frente. A pobrezinha da "escritora", sentindo-se pressionada, resolveu então se arriscar um pouco, tentando resumir em versos sua percepção sobre a amiga.

Aquele difícil pedido a fez lembrar da gente talentosa que ganha uns trocados desenhando os traços de alguém desconhecido num quadro. Pega-se o objeto que rabisca, pede pra pessoa ficar imóvel, baixa a cabeça e desenha as formas, levanta a cabeça, lança-se um olhar observador atento aos menores detalhes e se recomeça a tracejar o perfil daquele ser diante de você.

O que estava acontecendo era quase isso, só que tinha que descrever uma mente inquieta. Parecia que sua mão, detentora de uma caneta azul, tremia "de nervoso". Borrou muito a folha; pensou, parou um pouco e pensou mais.

Terminou, concluindo que não é possível traduzir ninguém em texto, nem se escrevesse um livro gordo como uma bíblia. Não conseguiria retratar nem um por cento daquela personalidade nomeada de "Veruski". Ficou apenas na dúvida se havia escrito o nome da própria amiga corretamente. Por fim, pensou " ow raça humana complicada de explicar e ainda mais de entender".

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