Aí você surge na casa dos seus pais, "dos seus pais" porque, apesar de ainda morar lá, você sente que não é mais apropriado chamá-la de sua. Afinal, são os quatro fins de semana de cada mês, juntando milhares de feriados do calendário ( exceto o Natal, por favor!) sem estar em família de sangue, mas sim entre as famílias de amizade, de namoro, do namorado, ou mesmo do trabalho.
Aí você aparece em casa, voltando do fim de semana + feriado curtidos na companhia dos amigos e do namorado. Você se materializa na sala e fala " Oi, Pai! Oi Mãe!" na maior cara lisa, lisa não, cara de pau mesmo, como se isso, sempre a escolha pelos amigos e namorado, fosse muito normal.
Quando a gente vai ficando um pouco mais velho, vai se afastando discretamente do lugar "debaixo da asa" dos pais. E quando agrava a sensação de " Meu Deus, o tempo! Passa rápido. Preciso aproveitar a vida já!", você não sai mais discretamente das asas. Chama atenção demais esse processo, já que seus pais estão sempre atentos a você. Então, eles fazem comentários do tipo:
- E as novidades, Filha? Não vai contar? Passa esse tempo todo longe da gente, e quando chega, se tranca, não vem conversar!
E aí você percebe que é o filho mais horrível do mundo! O remorso te ataca com unhas e dentes, - da mesma forma que seus pais defendem você -. Com unhas e dentes, eles viram onças mesmo.
Você fica um tempinho lá na sala de TV, onde eles sempre ficam, talvez menos pra assistir à programação da Globo e mais só pra esperar você desapegar do quarto e ir lá fazer ao menos um resumo de como anda sua vida, como foram os dias de trabalho ou de diversão, - com os amigos + namorado.
Você tinha decidido que não faz mais sentido assistir a novelas ou telejornais, mas seus pais nunca deixam esse hábito; esse hábito que se transforma em uma das formas de você se aproximar deles.
No meu caso, se eu optar pela novela, vou encontrar com minha mãe na sala. A gente, indignada, vai contestar o autor, pensar em deixar de assistir por conta dos vilões que estão dominando. Vamos também adivinhar o que é clichê de acontecer nos próximos capítulos. Eu fico impressionada com os anos de experiência da minha mãe como telespectadora de novela. Ela sempre acerta o que acontece depois, mesmo sem consultar as revistas do gênero "Minha Novela".
Agora, se for telejornal, vou encontrar com meu pai, fazendo o comentário que ele faz todos os anos:
- Olha isso! Você viu, Filha?! Coitadas dessas famílias! Que chuva devastadora!
Então, é isso mesmo. Depois de se sentir o filho mais ingrato do mundo, você decide que vai voltar a assistir às novelas sempre que puder, e também às notícias, sentado no sofá ao lado e bem pertinho do seu Pai.
Bem, se, no seu caso, seus pais não curtirem novela ou telejornal, você analisa bem quais as preferências e hábitos deles e tenta se incluir. Faça-se presente. Esteja sempre presente na vida dos seus pais, porque não é sempre que haverá essa abençoada oportunidade.
Agora eu vou, como diz minha Mãe, "desenfurnar" desse quarto, desligar isso aqui e jogar Damas & Ludos com Eles; aproveitar que não é novela dessa vez.
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