quarta-feira, 23 de maio de 2012

Quando gente do bem chega perto.

O entregador na moto, que tem Bob Marley estampado na camiseta, com certeza, é um cara legal;
A mulher que seria apenas uma "estranha", se não fosse o "bom dia", o sorrisão simpático dela, a conversa comigo sobre o noticiário na TV, como se fôssemos amigas de longa data, é uma mulher alto-astral, comunicativa e cheia de benevolência;
A moça, que há muito tempo atrás deu de cara com minhas lágrimas no ônibus e me perguntou se eu tava precisando de ajuda, é uma moça com vontade de fazer o bem, olhando bem a quem.

Esses e muitos outros tipos de pessoas semelhantes, podemos, sim, viver encontrando-os por aí. Bem aventurado é a gente, que percebe essa gente do bem a quilômetros de distância; e faz de tudo pra quebrar essa distância.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Papel de Pai

- Pai, tô tão feliz com meu blog!

Então, ele me pergunta novamente o que seria um blog; e de novo, já perdi as contas, eu tento explicar, do jeito mais entendível que posso, o que é essa "modernidade", - no ponto de vista dele -.

Essa situação sempre acontece em outros aspectos, já que a realidade vivida pelos filhos é sempre diferente daquela dos pais. Acho que é por isso que, mais à frente, quando tivermos filhos também, chegaremos mais ou menos perto de entender nossos pais, de nos colocarmos em seus lugares. Talvez só assim daremos razão a eles, ou, ainda assim, talvez não, confusos e birrentos que somos.

Mas, sem dúvida, tudo o que nossos pais falam é único e exclusivamente para o nosso bem; "Para nossa alegria!".

Brincadeiras à parte, precisamos admitir que Mãe pressente quando algo vai bem ou não, e que Pai, ao ouvir nosso recado de saída pra encontrar os amigos ou namorado, faz muito bem em chamar pelo nosso " Juízo!". E para que eles fiquem um pouco tranquilos, temos de ser bem convincentes, lembrando-os de que o tal Juízo permanece muito bem acomodado em nossa caixola.

Então, depois de expressar, com meu jeito bobo de ser, o orgulho e carinho pelo tresparedes.blogspot.com; e depois de traduzir pra ele meu vocabulário de internauta (blog! post!), o Pai, que amo de montão, me responde assim:

" - Tá ganhando quanto com isso, Filha?"

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Pessoas, Livros e Canções

Há qualquer momento, pode está certo, será postada aqui mais uma lembrança de infância. A minha caixinha de memórias mais parece um baú aberto, sempre com a tampa escancarada. Eu vou até ele e às vezes nem me dou conta que já fui lá revirar alguns itens simbólicos. As pessoas costumam contemplar retratos. Já eu faço isso raramente, porque minhas recordações já se fazem muito vivas. Desse jeito, eu nem preciso de fotografias para me transportar para a época tal, situação tal, sentimento tal qual do momento relembrado.

As coisas e fatos recordados passam como um filme projetado dentro de mim, não como imagens rapidamente sequenciadas e envelhecidas pelo tempo, e sim lentamente e de forma clara e atual numa resolução quase perfeita, se não fossem algumas cenas embaçadas em que não consigo visualizar rostos e lugares bem definidos.

Não só de imagens são feitas as minhas lembranças. Coleciono diálogos da vida real e das vidas contadas nos livros. A minha história nesse mundo de nosso Deus e povo é permeada de trechos de canções com os quais me identifico. Assim como se encontram lá na linha do tempo do Facebook, essas letras, notas e tons ficam registrados em mim, chegando até mesmo a compor meu caráter. Meu pai comenta um tanto abismado que eu conheço todas as músicas da face da Terra, que eu só sei viver o tempo todo ouvindo música. É, quanto a essa última afirmação não acho que seja exagero dele não, mas, quanto à teoria de que conheço todas as músicas, é humanamente impossível.

Com isso, todo dia eu aprendo algo com composições musicais alheias e com os livros e com as pessoas conhecidas e anônimas e com meus próprios deslizes, enfim, com as muitas coisas da vida. Coisas que me rodeiam e que rodeiam os outros. Observo esses outros enquanto caminho na rua ou em pé na parada de ônibus ou da janela do veículo. Fico curiosa com suas histórias de vida. Não quero saber o que eles fazem, suas profissões; quero saber como eles são, se são severos, sensíveis, sinceros. Se são pais, avós, noivos. Se são o que os outros querem que eles sejam ou se puramente eles mesmos. Penso que essas pessoas todas dariam bons personagens de um Romance ou inspirações para poemas.

Dia desses, peguei a carona matinal do meu Pai. Ele parou no sinal. Mesmo mal acompanhada pela sonolência acomodada comigo no banco, percebi o sorriso do senhor moreno de bigodinho branco. Ele não sorria pra mim; sorria pra vida. Comentei dando uma risadinha:

- Olha, pai. Acabei de ver um senhor todo sorridente a essa hora.

Notei que meu pai tem o mesmo hábito de observar gente, quando ele respondeu:

- Ah, sim. Ele fica nessa avenida o dia todo. Agora ele está ali, porque tem sombra lá. Mais tarde, ele vai estar em frente a um barzinho, em pé. Ele muda de posição de acordo com a localização do Sol. Ele passa o dia assim, sem nada pra fazer. Com certeza é aposentado e não gosta de ficar em casa. Aí ele vem pra cá, acompanhar o movimento. Fica olhando os carros passando...

Meu pai observou isso tudo dele e eu só consigo me perguntar até agora, curiosa como sou: " Ele estava sorrindo ao pensar em algo? Pensando em alguém? Achando algum motorista engraçado? Notando alguma situação divertida que não consegui ver com ele?"

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Faça uma blogueira feliz!

E lá vem a "blogueira" com as histórias do cotidiano dela de novo! Sério, já duas pessoas me abordaram me chamando de blogueira.

Sou blogueira mesmo nos tempos livres que me restam. Quando não estou de férias do trabalho, o tempo que usufruo com afinco é geralmente da meia-noite até uma e meia, duas da manhã. Não que o tempo seja generoso comigo só a partir da meia-noite, mas, não sei explicar, minha cabeça parece que fica a todo vapor de madrugada, quando eu já deveria ter sumido com todos os carneirinhos, quando meus neurônios já deveriam estar se esbaldando no travesseiro velho, mas aconchegante.

Fico aqui, escrevendo, escrevendo, e quando lembro que existe contagem de tempo nesse mundo, quando penso que no dia seguinte será difícil esconder as olheiras e o cansaço mental, já é tarde demais. E o pior é que não vejo mal nenhum nisso, simplesmente porque enquanto estou aqui, invertendo orações, tentando organizar a ordem dos pensamentos, criando comparações de um diferente simples, procurando colocar as vírgulas nos lugares certos, duvidando do meu conhecimento do significado das palavras; enquanto isso tudo, juro, posso dizer que sou uma das criaturas mais realizadas desse mundo.

Se interessar ao meu leitor, o processo é mais ou menos assim:

1) Penso em alguma coisa, qualquer coisa. Hum..isso seria interessante compartilhar, quem sabe?;
2) Ah, tem isso que poderia. Pensando melhor, não, não, muito pessoal; deixo só no word mesmo, na pasta " Meus textos";
3) Essa outra situação aqui é que merece ser contada;
4) Esqueço que existe papel e, mesmo que eu quisesse escrever à mão, perdi o hábito de sempre deixar caneta na bolsa. Não faço ideia de onde encontrar uma caneta em casa;
5) Vou decidida fazer login no Blogger. Em seguida, " Nova postagem";
6) Eis que vem o pensamento: " Será que vale a pena mesmo?" "Será que vou fazer o bem a alguém com esse texto?"
7) Finalmente, começo a "costurar" palavras. Vou analisando fio por fio e desconfiando a todo momento do meu vocabulário, da ortografia.

São constantes as visitas ao Dicionário da língua portuguesa. Fico feliz quando Ele quase diz pra mim:

- Você estava certa. É assim mesmo que se escreve, garota!

Embora haja todo esse esforço, não ponho minha mão no fogo quanto à assertividade das coisas que escrevo aqui. A Língua Portuguesa tem seus segredos e armadilhas, por isso sou tão seduzida por ela.

8) Depois dessa costura toda e dessa desconfiança de conhecimentos, a maior alegria é clicar no " Publicar", compartilhar o link e esperar.

Então, a segunda maior alegria é verificar o "Painel" e vê escrito lá " 1 comentário". Isso porque a troca de experiências é um dos maiores presentes para quem escreve e para aquele que lê.

E pra finalizar de vez mais um texto publicado, confesso que sou viciada em verificar as "Estatísticas" de visualizações.

Caso tenha interesse, leitor, aqui vai o Ranking de visualizações desde o ano em que criei o blog (Maio/2008), que já foi intitulado de " Entre Riscos e Rascunhos". São apenas "visualizações", quer dizer, não sei se é de leitura mesmo. Afinal, o internauta pode ter esbarrado na página sem querer e nem leu. Mas é melhor não pensar nisso para o bem do ego de uma aspirante a escritora(hahaha).

Eis o Ranking ( Post = nº de visualizações de página):
1º) Círculo imperfeito = 39
2º) E aí, como é = 33
3º) Vamos ver Novela e Telejornal = 26
4º) O que nem a ciência explica = 23
5º) Pai e Mãe e Filho = 21

Então, é isso aí! Faça essa "blogueira" aqui feliz: leia, comente, elogie, critique, que a gente está nessa vida mesmo é pra tentar fazer, se não muito, ao menos um pouco melhor.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O que nem a ciência explica.

O que explica; como se explica certas coisas? Sabe, há tantos acontecimentos para os quais não há explicação óbvia e nenhuma outra.

Ontem estávamos ouvindo Led Zeppelin nas alturas. Da cozinha, a mãe falou que já era hora de dencansar o juízo. Como assim música cansa o juízo? Coisas da minha mãe. Então ela pediu que pelo menos baixássemos o volume. Bem, achei meio impossível ouvir Led Zeppelin baixinho, melhor seria desligar logo o som. Mas, não, eu resolvi reduzir o volume mesmo. De repente, depois de girar o "botão" do aparelho, baixando assim o volume, dei um passo pra trás e ao mesmo tempo algo girou o botão com uma força capaz de produzir um som assustadoramente alto. Ok, o aparelho está sem o controle, logo não era brincadeirinha de ninguém. Estávamos conversando de frente para o troço e não havia uma quarta pessoa conversando de frente para o som que nem a gente. Definitivamente não havia ninguém que pudesse contrariar o pedido da minha mãe de que ouvíssemos Led Zeppelin baixinho mesmo. Não era irregularidade de altura da própria música, e não havia possibilidade alguma do aparelho aumentar o seu volume por livre e espontânea vontade.

Enfim, não há explicações para o que aconteceu, como também não há para o fato de eu sentir às vezes, muito raramente, ainda bem, a chegada de alguém até mim. Desde criança, sinto aproximações, uma espécie de energia que emana de um corpo não identificado e invisível. Sempre espero que seja minha mãe, vindo me contar as histórias absurdas do bairro onde moramos, ou meu pai vindo conferir com certo alívio que a filha está em casa. Mas, não, não são eles nem meu irmão, são as visitas estranhas que recebo periodicamente. São presenças calorosas, de tão vivas que parecem. Movo meus olhos na mesma direção das chegadas como quem consegue enxergar silhuetas transparentes. Aí, decido não "quebrar" a cabeça com isso. Simplesmente decido não buscar explicação; e fico na minha até a sensação se esvair.

Outra vez, era de madrugada, todos dormindo e eu acordada, sentada na escrivaninha do quarto ouvindo uma música que me emocionou ao extremo. Eram letras e melodias tão incríveis, que naturalmente minhas lágrimas seguiam impacientes seus cursos ondulantes pelas bochechas e queixo. Foi então que senti o deslocamento de muita energia concentrada. Moveu-se por trás de mim e se colocou ao meu lado, na minha esquerda. Não, eu não estava tendo pesadelo; estava muito bem acordada, isso sim.

Relatei essas mesmas coisas a um amigo cético e ele concluiu que eu devo ter alguma doença. Tá, mas tenho saúde e disposição de sobra e acho que meu único "distúrbio mental" é pensar demais ou ser sensível demais com certas coisas.

Acho que meu amigo precisa entender que nem tudo a ciência explica. Nem tudo que acontece nesse plano é explicável.