sexta-feira, 23 de março de 2012

Trauma é isso?

Nunca mais quis andar, do meu jeito naturalmente apressado, por aquele caminho. Aquele do episódio que detalhei bem aqui " da primeira vez em que fui assaltada".

Aquela rua, aquela descida feito ladeira, onde eu voava deslizando de patins ou de bicicleta quando menina.

Aquela curva da esquina à direita da casa da minha infância, da adolescência reclusa, da minha adultância mundo à fora, acho que, lá, não mais e nem nunquinha na vida vou estar novamente. Ela perdeu a graça; a gracinha de quando eu caminhava tranquila por ela, às vezes sentindo doer o pescoço, de tanto estabelecer contato com a Lua por meio do olhar deslumbrado.

Estou decidida. Não apareço mais por lá. Seria isso o que chamam de trauma?

Quando volto pra casa, sempre passo em frente a essa rua, pensando " sei que é mais rápido por aqui, mas não quero encontrar com ladrão de novo não". Fico com a estranha sensação do acontecimento se repetir toda vez que eu decidir ir por ali. O ladrão vai avançar de novo na minha direção e arrancar violentamente todos os pensamentos que eu tiver pensando na hora. Vou tremer na base.

Então, ignoro aquela opção de trajeto e passo direto pela avenida principal e bastante movimentada. A calçada é muito estreita, vou pelos cantos da pista. E é dessa forma, meio insegura, que me sinto mais segura. Prefiro a infelicidade de motorista maluco vindo na minha direção a de um ladrão roubando meu equilíbrio emocional e psicológico.

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