[3] paredes
Porque janelas e portas abertas não são suficientes pra ver o mundo e as pessoas lá fora, tive que demolir uma das quatro paredes.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
Coberta de amor
Voltei a ler romances deitada na cama, esqueci meu lençol estendido no varal - como também havia esquecido a mágica sensação de proteção maternal ao ser meio despertada com minha mãe me cobrindo com lençol - com amor. Um belo incentivo; vou ler toda noite. :)
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
O que se passa na nossa cabeça?
Eu não sei o que se passa na cabeça de iniciantes no volante, mas, na minha - há um ano atrás- acho que algo não funcionou muito bem.
Eu dirigia e, se algum cachorro grunhisse na rua, na minha cabeça, a causadora daquilo era eu. Imaginava os animais - nem de longe as pessoas - vulneráveis ao meu desempenho de caloura na direção de um carro.
Os sons de um latido um pouco mais dengoso, de um grunhido, de uma manha que fosse vencendo a barreira dos vidros e brechas do meu carro, e pronto! Lá estava a minha mente imaginativa desenhando um mar de cachorrinhos e gatinhos fofinhos, indefesos e machucados por mim. Uma onda de vítimas da minha inexperiência pelo caminho.
Qualquer pessoa normal, ao pegar na direção pela primeira vez, imagina os veículos da faixa ao lado se chocando com seu carro, se vê atropelando alguém, ou o carro descendo numa ladeira e batendo no que tiver atrás, entre outras tragédias. Já eu não, na minha cabeça, eu seria apenas a vilã do reino animal inteiro.
E eu confesso que, até hoje, com 1 ano e 1 mês de habilitação, suspeito da minha culpa nos grunhidos dos bichinhos da rua. Acho bem provável a minha mente me perguntar, ao ver um vira-lata passando com sua perna manca: "Foi você?". Morreria na dúvida!
Eu dirigia e, se algum cachorro grunhisse na rua, na minha cabeça, a causadora daquilo era eu. Imaginava os animais - nem de longe as pessoas - vulneráveis ao meu desempenho de caloura na direção de um carro.
Os sons de um latido um pouco mais dengoso, de um grunhido, de uma manha que fosse vencendo a barreira dos vidros e brechas do meu carro, e pronto! Lá estava a minha mente imaginativa desenhando um mar de cachorrinhos e gatinhos fofinhos, indefesos e machucados por mim. Uma onda de vítimas da minha inexperiência pelo caminho.
Qualquer pessoa normal, ao pegar na direção pela primeira vez, imagina os veículos da faixa ao lado se chocando com seu carro, se vê atropelando alguém, ou o carro descendo numa ladeira e batendo no que tiver atrás, entre outras tragédias. Já eu não, na minha cabeça, eu seria apenas a vilã do reino animal inteiro.
E eu confesso que, até hoje, com 1 ano e 1 mês de habilitação, suspeito da minha culpa nos grunhidos dos bichinhos da rua. Acho bem provável a minha mente me perguntar, ao ver um vira-lata passando com sua perna manca: "Foi você?". Morreria na dúvida!
domingo, 22 de novembro de 2015
Aos dias de semana também perfumados de amor.
Das pequenas alegrias da vida: aproveitar o seu horário de almoço para, ao menos uma vez na semana, almoçar com o namorado(a). Voltar ao expediente com a mistura, em suas mãos, do cheiro natural da pele dele(a) junto ao perfume que ele(a) costuma usar.
No trabalho, você faz suas tarefas e, quando menos espera, sente o cheiro dele(a), a lembrança de que você esteve com ele(a), o tipo de saudade que te enche de saúde, de amor. Entre uma demanda e outra, você cheira suas próprias mãos, só pra sentir o perfume dele(a).
E simplesmente assim o seu dia a dia se transforma. A rotina muda, ganha uma fragrância surpreendente e mais que bem-vinda.
Uma segunda - ou terça - ou quarta - ou quinta - ou uma sexta-feira em que você esteve com ele(a); tá certo que por apenas algum tempo da sua hora de almoço ou café da manhã ou jantar, mas que foi aproveitado até o último minuto. Sentimento bom de sobra ignora frios e calculistas cronômetros.
Que bom, meu Deus, que é sempre tempo de amar, por mais que uma realidade de horror e violência nos rodeie; por mais que o mal conspire contra.
Como não amar essas pequenas alegrias?
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Do lado de dentro, do lado de fora
Quem acompanha este meu blog sabe que eu sumi por um bom tempo.
Este ano, finalmente, tive a felicidade de conhecer pessoalmente uma pessoa muito querida, a mãe de uma das minhas amigas. Ela acompanha o Três Paredes faz um tempo, lê, comenta, curte no Facebook (criei faz um tempinho, me segue lá!). Mas nunca a tinha visto fora desse mundo louco digital. Sobre o encontro, foi só emoção. Ela contou que meus relatos ajudaram muito numa fase difícil pela qual estava passando. Meus olhos se encheram d'água, os dela também. Enfim, foi a coisa mais linda esse dia. E ela fez um comentário que eu já esperava:
- Olha, que bom que agora você tem o seu carro! Mas vou te dizer uma coisa: senti muita falta dos seus textos no blog, das suas observações andando de ônibus por essa cidade.
E respondi: - Pois é, eu também!
Então; acontece que eu consegui comprar meu carro no comecinho desse ano. Desde então, não conto com o transporte público da minha cidade ( sinceramente, nesse aspecto, não sinto a menor falta).
Deixei de pegar ônibus e morreu grande parte das minhas inspirações, frutos de observações diárias de gente que é gente mesmo, de raça, de fé.
Do para-brisa do meu carro, no banco de motorista, minha atenção é toda voltada para a frente, o lado de fora, e eu no lado de dentro.
Quando andava de ônibus, eu estava do mesmo lado que todo mundo, no lado de fora. Ah, mas tem a espera do sinal vermelho, eu posso observar gente também estando do lado de dentro! Não, não é a mesma coisa. Aliás, não é nada parecido.
Agora estou do lado de dentro, atrás dos vidros fechados e do medo da violência. Do lado de dentro de um automóvel que me dá conforto, mas que é frio, puramente material e solitário (sozinha no carro quase todo dia da semana).
Este ano, finalmente, tive a felicidade de conhecer pessoalmente uma pessoa muito querida, a mãe de uma das minhas amigas. Ela acompanha o Três Paredes faz um tempo, lê, comenta, curte no Facebook (criei faz um tempinho, me segue lá!). Mas nunca a tinha visto fora desse mundo louco digital. Sobre o encontro, foi só emoção. Ela contou que meus relatos ajudaram muito numa fase difícil pela qual estava passando. Meus olhos se encheram d'água, os dela também. Enfim, foi a coisa mais linda esse dia. E ela fez um comentário que eu já esperava:
- Olha, que bom que agora você tem o seu carro! Mas vou te dizer uma coisa: senti muita falta dos seus textos no blog, das suas observações andando de ônibus por essa cidade.
E respondi: - Pois é, eu também!
Então; acontece que eu consegui comprar meu carro no comecinho desse ano. Desde então, não conto com o transporte público da minha cidade ( sinceramente, nesse aspecto, não sinto a menor falta).
Deixei de pegar ônibus e morreu grande parte das minhas inspirações, frutos de observações diárias de gente que é gente mesmo, de raça, de fé.
Do para-brisa do meu carro, no banco de motorista, minha atenção é toda voltada para a frente, o lado de fora, e eu no lado de dentro.
Quando andava de ônibus, eu estava do mesmo lado que todo mundo, no lado de fora. Ah, mas tem a espera do sinal vermelho, eu posso observar gente também estando do lado de dentro! Não, não é a mesma coisa. Aliás, não é nada parecido.
Agora estou do lado de dentro, atrás dos vidros fechados e do medo da violência. Do lado de dentro de um automóvel que me dá conforto, mas que é frio, puramente material e solitário (sozinha no carro quase todo dia da semana).
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
E, na fila do self-service...
A adolescente chegou na parte das carnes assadas na hora, olhou para o carinha da chapa e perguntou:
- Cruas ainda?
Ele disse sim, ela pensou rápido e foi diretamente para a balança, murmurando um "Foda-se!".
Nem aí, ela foi pra mesa almoçar apenas arroz, feijão e macarrão espaguete por cima.
Fiquei imaginando as pessoas no restaurante olhando para o seu prato, incomodadas com aquilo e perguntando:
- E a proteína, de onde você tira?
Já eu...perguntaria:
- E as cores, onde estão? Vai uma saladinha aí; não?!, como não?
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
conversa de banheiro feminino
Uma conversa mais ou menos assim no banheiro feminino da academia:
Amiga descolada: - Convida ele pro seu aniversário!
Moça apaixonada pelo "ficante": - Sou nem louca
como você, ele nem me pediu em namoro ainda...
E uma das ouvintes da conversa alheia, uma mulher já
"senhora", se manifestou:
- Desculpa me meter, mas me tira só uma dúvida: ainda
precisa pedir em namoro hoje em dia?
A moça imediatamente respondeu que sim, que com ela é tudo
como nas antigas, que o ficante tem que pedi-la em namoro num jantar, que
depois ele precisa ser apresentado à família dela...
A moça finalizou com um: "Eu não tô procurando
namorado, tô procurando uma pessoa pra passar o resto da minha vida com
ela".
Ela disse que, por enquanto, está só curtindo, que não vai
estragar tudo como da última vez: com um mês de romance já apresentou o
namoradinho pra família inteira e para todos os seus amigos. Segundo ela, essa
rapidez estragou tudo. Só não sabemos o que houve, o foco do papo era outro.
Por esse outro, ela disse que está apaixonada. Será que é
com esse que ela vai passar o "resto da vida" dela? A moça deixou
claro logo no início da conversa: "pelo resto da vida", mas depois
pensou melhor, acha que não é bom criar expectativas nesse começo.
A essa altura do papo, a amiga descolada levantou uma questão: "- Mas, cá pra nós, esses
relacionamentos que a gente não dá nada por eles são os melhores, não são
não?"
E a opinião foi unânime ( até a senhorinha da conversa
concordou). Então, nada de expectativas antes da hora.
sexta-feira, 17 de julho de 2015
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Tinha um animalzinho no meio do caminho.
Tinha um animalzinho no meio do caminho. No meio do caminho tinha um animalzinho. Os simpatizantes com bichinhos de rua vão se enxergar neste relato. Afinal, quem nunca ficou apreensivo ao ver gato, cachorro, jumento, cavalo (etc) no meio da pista prestes a serem atropelados?
Outro dia eu estava dirigindo quando um vira-lata surgiu repentinamente correndo na minha frente, quando notou o perigo em que se meteu fez gesto de "vou ou não vou?", acabou que não foi e me olhou com uma carinha de dar dó, como quem espera humildemente que alguém o julgue num juízo final. Certeza que pensou: "Chegou minha hora!".
Essa imagem alfinetou em cheio minha alma e senti uma misericórdia inundar meu coração naquela manhã corrida de semana. Felizmente, consegui reduzir a velocidade a tempo de ele poder continuar sua travessia. O vira-lata foi embora agradecido e eu com o coração do tamanho de um caroço de feijão ao lembrar do olhar que ele me olhou.
Outro dia também tinha uma gatinho preto e pequeno no meio do caminho, no meio do caminho tinha esse gatinho e uma condutora preocupada, não porque ele estava bloqueando minha passagem, e sim porque estava me impedindo de seguir adiante sabendo que ele estava ali tão suscetível. Ao invés de apenas contorná-lo e seguir meu rumo, parei de frente pra ele e fiquei buzinando. Em vão! Ele mais parecia um gato empalhado me encarando, devia ter gênio forte ou ingenuidade mesmo de filhote.
Vi que não adiantaria continuar meu barulho em defesa dele e prossegui, mas tamanha foi minha satisfação ao flagrar pelo espelho retrovisor um senhorzinho (que vinha caminhando na hora da minha tentativa frustrada) pegar o gatinho para livrá-lo do perigo. Depois fiquei pensando que eu poderia ter descido do carro para ajudar o gatinho genioso. Ainda bem que o senhor complementou meu gesto.
Acho que solidariedade contagia, compaixão se transmite para quem está pronto para recebê-la.
Outro dia eu estava dirigindo quando um vira-lata surgiu repentinamente correndo na minha frente, quando notou o perigo em que se meteu fez gesto de "vou ou não vou?", acabou que não foi e me olhou com uma carinha de dar dó, como quem espera humildemente que alguém o julgue num juízo final. Certeza que pensou: "Chegou minha hora!".
Essa imagem alfinetou em cheio minha alma e senti uma misericórdia inundar meu coração naquela manhã corrida de semana. Felizmente, consegui reduzir a velocidade a tempo de ele poder continuar sua travessia. O vira-lata foi embora agradecido e eu com o coração do tamanho de um caroço de feijão ao lembrar do olhar que ele me olhou.
Outro dia também tinha uma gatinho preto e pequeno no meio do caminho, no meio do caminho tinha esse gatinho e uma condutora preocupada, não porque ele estava bloqueando minha passagem, e sim porque estava me impedindo de seguir adiante sabendo que ele estava ali tão suscetível. Ao invés de apenas contorná-lo e seguir meu rumo, parei de frente pra ele e fiquei buzinando. Em vão! Ele mais parecia um gato empalhado me encarando, devia ter gênio forte ou ingenuidade mesmo de filhote.
Vi que não adiantaria continuar meu barulho em defesa dele e prossegui, mas tamanha foi minha satisfação ao flagrar pelo espelho retrovisor um senhorzinho (que vinha caminhando na hora da minha tentativa frustrada) pegar o gatinho para livrá-lo do perigo. Depois fiquei pensando que eu poderia ter descido do carro para ajudar o gatinho genioso. Ainda bem que o senhor complementou meu gesto.
Acho que solidariedade contagia, compaixão se transmite para quem está pronto para recebê-la.
terça-feira, 5 de maio de 2015
Quando eu adoro quebrar minha cara.
Minha mãe assiste às novelas, a cada capítulo, prevendo e anunciando o que vai acontecer na cena. Na novela e na vida real eu tomei emprestada essa mania de premonição.
Semana passada, eu estava dirigindo quando vi um carro tomando a frente de outro. O carinha até sinalizou sua pretensão de mudança de faixa, mas foi de forma abusiva, meio que obrigando o outro a permitir.
O sinal ficou vermelho. O motorista à minha frente, o que foi obrigado a dar espaço, desceu do carro indo de encontro ao condutor "dono do pedaço". Com toda minha inclinação a premonições trágicas - o que é compreensível nas atuais condições do nosso país - aguardei uma cena de intolerância, beirando à violência física e/ou moral e/ou psicológica, se projetar logo mais diante de todos ali. Felizmente, não foi previsível como eu imaginava, minhas expectativas pessimistas não foram correspondidas.
O que se viu naquela manhã de semana embaraçada, preguiçosa e banhada de Sol esperançoso por dias melhores foi a cena real:
Dois amigos de longas datas (que não se viam há tempos, foi o que pareceu) aproveitando a espera imposta pelo sinal fechado - em plena rua de acesso a BR - para se darem abraços e batidinhas nos ombros do tipo "Pô, que bom reencontrar você!"
Adorei minha cara de adivinhadora barata sorrindo horrores. Espero quebrar esta minha cara mais vezes.
Semana passada, eu estava dirigindo quando vi um carro tomando a frente de outro. O carinha até sinalizou sua pretensão de mudança de faixa, mas foi de forma abusiva, meio que obrigando o outro a permitir.
O sinal ficou vermelho. O motorista à minha frente, o que foi obrigado a dar espaço, desceu do carro indo de encontro ao condutor "dono do pedaço". Com toda minha inclinação a premonições trágicas - o que é compreensível nas atuais condições do nosso país - aguardei uma cena de intolerância, beirando à violência física e/ou moral e/ou psicológica, se projetar logo mais diante de todos ali. Felizmente, não foi previsível como eu imaginava, minhas expectativas pessimistas não foram correspondidas.
O que se viu naquela manhã de semana embaraçada, preguiçosa e banhada de Sol esperançoso por dias melhores foi a cena real:
Dois amigos de longas datas (que não se viam há tempos, foi o que pareceu) aproveitando a espera imposta pelo sinal fechado - em plena rua de acesso a BR - para se darem abraços e batidinhas nos ombros do tipo "Pô, que bom reencontrar você!"
Adorei minha cara de adivinhadora barata sorrindo horrores. Espero quebrar esta minha cara mais vezes.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
Tem algo de muito errado nos conformados.
Parece-me que os conformados não têm consciência de suas condições existenciais. Se já chegaram a um determinado patamar, se dizem em situação estável, que já sabem o que querem da vida. A questão é "Até quando aquilo vai satisfazê-los?"
Vamos trabalhar na profissão que escolhemos aos 19 até o resto de nossas vidas? Vamos sobreviver com aquele mesmo salário por anos e anos? Temos total convicção no "até que a morte nos separe"? Nossa ideia-padrão de felicidade nunca vai mudar?
A essência de nós sofre mutação a cada instante, como crianças grandes com o caráter em formação. Todo dia é dia de conhecer um lado diferente da gente, por isso muito se fala em autoconhecimento, dicas e formas de buscá-lo.
É assustador reconhecer, mas vamos ser francos: nem você se conhece direito. Saber de suas comidas, suas roupas, suas flores, suas coisas favoritas é fácil, agora vai entender sua mente, da qual muitas vezes você já se viu perdendo o controle.
Daí você procura um psicanalista e vai de encontro a mais dúvidas a respeito de si. O especialista te faz perguntas e acaba que Freud não explica nem você se explica. Mas a quem mesmo você deve explicações?
Cada vez mais me convenço que o fantástico disso tudo é sermos um mistério para nós mesmos. Por isso não me conformo com os conformados. Pra mim, não está bom do jeito que está. Bato o pé, reclamo, sinto dores de cabeça como efeito colateral de quem busca soluções a cada dificuldade. Amanhã vou ser diferente, amanhã coisas novas ou reinventadas vão me fazer bem. Amanhã ou logo hoje, quem sabe.
Os conformados que me perdoem, mas cito agora uma frase que escutei na rádio dia desses: "A vida é sua, estrague-a como quiser" (Antônio Abujamra).
Vamos trabalhar na profissão que escolhemos aos 19 até o resto de nossas vidas? Vamos sobreviver com aquele mesmo salário por anos e anos? Temos total convicção no "até que a morte nos separe"? Nossa ideia-padrão de felicidade nunca vai mudar?
A essência de nós sofre mutação a cada instante, como crianças grandes com o caráter em formação. Todo dia é dia de conhecer um lado diferente da gente, por isso muito se fala em autoconhecimento, dicas e formas de buscá-lo.
É assustador reconhecer, mas vamos ser francos: nem você se conhece direito. Saber de suas comidas, suas roupas, suas flores, suas coisas favoritas é fácil, agora vai entender sua mente, da qual muitas vezes você já se viu perdendo o controle.
Daí você procura um psicanalista e vai de encontro a mais dúvidas a respeito de si. O especialista te faz perguntas e acaba que Freud não explica nem você se explica. Mas a quem mesmo você deve explicações?
Cada vez mais me convenço que o fantástico disso tudo é sermos um mistério para nós mesmos. Por isso não me conformo com os conformados. Pra mim, não está bom do jeito que está. Bato o pé, reclamo, sinto dores de cabeça como efeito colateral de quem busca soluções a cada dificuldade. Amanhã vou ser diferente, amanhã coisas novas ou reinventadas vão me fazer bem. Amanhã ou logo hoje, quem sabe.
Os conformados que me perdoem, mas cito agora uma frase que escutei na rádio dia desses: "A vida é sua, estrague-a como quiser" (Antônio Abujamra).
sábado, 25 de abril de 2015
Sou paga pra isto.
Meu trabalho é corrigir textos de material didático do ensino médio. Sou paga pra passar o dia todo lendo.Para alguns, sacrifício, para mim, exercício prazeroso de reconstrução de saberes. Claro, tem o lado tedioso da coisa. Ler por horas e horas é cansativo, tornando-se uma dura batalha contra desconcentração, barulhos inevitáveis no ambiente de trabalho, cansaço mental, problemas pessoais, entre outras coisas.
Naturalmente, surgem dúvidas que eu só posso tirar com quem escreveu. Meu trabalho é dizer para os professores-pesquisadores-autores(mestres, doutores, pós-doutorandos) que determinada frase não ficou clara, por exemplo. É comum eles seguirem o instinto de ensinar e fazerem desse momento uma verdadeira aula para uma leiga no assunto. Explanam, explicam, rabiscam no papel e, no final, intrigados, dizem: "- Pronto! Como colocamos isso no papel?"
Numa dessas situações, entreguei uma folha em branco para o professor que, vale lembrar, não é escritor e não tem vocação para a escrita. Acredite, isso é comum entre os professores, o que não é absurdo ao meu ver. Assim como ler, escrever não é uma habilidade que nasce com a gente, precisamos desenvolvê-la um pouco a cada dia.
Com a folha em branco em mãos, o professor gostou do método, tinha conseguido organizar a fala traduzindo-a para a escrita. Mas até chegar a esse ponto, a ansiedade de se fazer entender sem o recurso oral paira no silêncio inquietante da sala. É você frente a frente com a língua portuguesa, tendo que encará-la como um problema matemático incomum, nada exato.
É preciso raciocínio, paciência, suor mental, é virar costureiro frasal.
Naturalmente, surgem dúvidas que eu só posso tirar com quem escreveu. Meu trabalho é dizer para os professores-pesquisadores-autores(mestres, doutores, pós-doutorandos) que determinada frase não ficou clara, por exemplo. É comum eles seguirem o instinto de ensinar e fazerem desse momento uma verdadeira aula para uma leiga no assunto. Explanam, explicam, rabiscam no papel e, no final, intrigados, dizem: "- Pronto! Como colocamos isso no papel?"
Numa dessas situações, entreguei uma folha em branco para o professor que, vale lembrar, não é escritor e não tem vocação para a escrita. Acredite, isso é comum entre os professores, o que não é absurdo ao meu ver. Assim como ler, escrever não é uma habilidade que nasce com a gente, precisamos desenvolvê-la um pouco a cada dia.
Com a folha em branco em mãos, o professor gostou do método, tinha conseguido organizar a fala traduzindo-a para a escrita. Mas até chegar a esse ponto, a ansiedade de se fazer entender sem o recurso oral paira no silêncio inquietante da sala. É você frente a frente com a língua portuguesa, tendo que encará-la como um problema matemático incomum, nada exato.
É preciso raciocínio, paciência, suor mental, é virar costureiro frasal.
quarta-feira, 15 de abril de 2015
O ansioso e um bom livro.
Pegar um bom livro, sentar e lê-lo de verdade não é para ansiosos, melhor, é para ansiosos em tratamento. Ler é terapia, é exercício árduo e diário, ou pelo menos deveria ser.
O ansioso não consegue ler sem se perder em pensamentos que nada têm a ver com a trama que se desenrola na obra em mãos,
o ansioso não consegue ler um capítulo que seja sem olhar quantas folhas faltam para acabá-lo, parece até que o obrigaram a ler.
o ansioso sai de um parágrafo para o outro sem a mínima lembrança do que leu há poucos segundos atrás,
o ansioso tem olhos com a síndrome contemporânea da pressa, olhos que engolem letras, por isso o ansioso é capaz de jurar que determinada palavra que leu é outra, de outro significado,
o ansioso faz leitura de relance, engana-se fácil assim. Seus olhos o traem.
O ansioso não quer saber de suspense, quer saber antes do tempo certo o que vai acontecer mais adiante na trama,
o ansioso, enquanto lê, pensa no tempo que está se ausentando das redes sociais - da sua vida publicável.
O ansioso leitor prefere ler sites, que aí ele se dá a liberdade de ficar pulando de aba em aba, sem se concentrar em nenhuma delas,
o ansioso, sem que perceba, vai aposentando seus livros na estante, muitas vezes ainda envoltos em plásticos,
o ansioso dificilmente consegue terminar de ler o livro,
o ansioso passa um longo intervalo de tempo sem tocar no tal livro e esquece quem é quem na história, não se lembra dos nomes dos personagens, não se envolve com eles.
O ansioso lê com a cabeça em outro lugar, no que tem que fazer amanhã, no que deixou de fazer hoje, pensa em qualquer coisa, menos na escrita a sua frente,
o ansioso não se alimenta da história contada, não devora as experiências alheias, ao invés disso, abocanha as unhas, os dedos inteiros, e assim nutre os seus receios.
Resumindo, o ansioso, além de sofrer de ansiedade, sofre do mal de não conseguir ler um bom livro.
É preciso exercício, autocontrole, e ao mesmo tempo o descontrole de viajar sem sair de onde está.
sexta-feira, 10 de abril de 2015
A Resposta para o post "Atenção! Mulher no volante."
NA SAÍDA DO ESTACIONAMENTO - PARTE II
Eu: - Ô, Tiozinho*...Lembra do senhor de ontem? O que tava com carro atrás do meu!
* Não o chamo assim, chamo pelo seu nome, que é bem caricato e que eu faço questão de NÃO substituí-lo por um outro fictício sem graça. Então fica "Tiozinho" mesmo!
Tiozinho torce os olhos forçando a memória: - Aaaah, aquele é o pa-trão!
Eu: - Acredita que ele ficou me ensinando a tirar meu carro da vaga?
Tiozinho franze a cara toda, dizendo: - Liiiga não! Patrão é daquele jeito com todo mundo! ( e o tiozinho faz uma atuação de hiperativo, imitando o chefe lidando com os clientes)
Eu: - Aah, tá explicado então! Pensei que fosse preconceito com mulher na direção! (risos)
Tiozinho: - Que nada, minha filha! Ele era coronel do exército, é aposentado, por isso é desse jeito...
Eu: - Aah tá! E ele vem sempre aqui?
Tiozinho: - Não, mas quando vem...
E o Tiozinho finaliza o papo com: "Quer um patrão desses pra você?"
MORAL DA HISTÓRIA:
sento e choro, a pessoa preconceituosa comigo dirigindo sou Eu!
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Atenção! Mulher no volante.
Hoje, na saída do estacionamento, onde eu ponho e tiro meu carro todo dia (vale frisar, todo dia), tinha um carro atrás do meu.
"Tem um carro atrás do meu", avisei pro funcionário mais velho do estacionamento, e também o mais simpático. Perguntou qual era e foi atrás da chave, mas quem apareceu foi o próprio dono do veículo, um homem nos seus 50 anos, magro, alto, do cabelo branco.
Tirou o carro com uma rapidez sem precedentes, quando vi, ele já estava de pé, do meu lado esquerdo, falando alto o passo a passo pra eu sair da minha vaga. Pensei "Ele nem suspeita que faço isso todo dia sozinha, sem ajuda". Ele julgou que era minha primeira vez fazendo aquilo:
"Do jeito que você tá aí, você sai. Isso, reto!
Quando chegar na coluna, já pode ir fazendo o giro, a direção vai depender do lado que você vai sair daqui...."
Achei aquela solidariedade desnecessária engraçada. Fiquei sem graça de ignorar a ajuda e meio que passei a fingir que precisava dela. Para ser mais convincente, tentei me colocar novamente na posição dos meus primeiros dias na direção ( desde outubro do ano passado).
Achei o gesto bonito, mas admito que a primeira coisa que refleti foi: "Eis aqui uma espécie de 'pré' conceito: mulher, cara de menina, volante, mulher..."
Se não foi isso que passou pela cabeça dele, o que mais o faria pensar que eu precisava de ajuda? Não me deu nem chance de mostrar meu potencial para a manobra de sair de ré da vaga sem ele dar pitaco (ô, dica!).
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Aquele que me ensinou a pedalar
Aquele que me ensinou a pedalar minha primeira bike (Caloi), meu pai, me deixou ir sozinha no meu primeiro carro como quem tira a mão atrás da bicicleta sem que eu perceba - para que eu me surpreenda com minha capacidade.
"-Tá uma Zelinha*", foi o que ele me disse, quando me viu entrar na garagem apertada da nossa casa pela primeira vez sem as suas orientações.
* O nome dele é Zélio.
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Foi o que me disseram
Me contaram que um homem pegou o jornal,
viu a manchete sobre a tragédia de Eduardo Campos e disse:
"- Político bom é político morto!"
E, em seguida, me disseram que, antes dele ser político, ele é um ser humano.
Foi agradável de ouvir!
viu a manchete sobre a tragédia de Eduardo Campos e disse:
"- Político bom é político morto!"
E, em seguida, me disseram que, antes dele ser político, ele é um ser humano.
Foi agradável de ouvir!
ôLoco!
Corto um limão ao meio no jantar, aí a mãe surge na cozinha, olha aflita para as duas metades sobre a mesa e sai resmungando:
- Não sabe cortar um limão do jeito certo! Ô geração doida! Tudo doido!
Aí a gente pensa: "Não viu foi nada ainda!"
- Não sabe cortar um limão do jeito certo! Ô geração doida! Tudo doido!
Aí a gente pensa: "Não viu foi nada ainda!"
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Quando a felicidade é grande...
É pedir demais a gente viver, por um segundo que seja, achando tudo lindo?
Esses dias, estive interrogando algumas pessoas, meio que investigando se eu era a única estranha a ter sensações estranhas.
A pergunta era: “ Já se pegou pensando que tá tudo tão bem, tão feliz, a ponto de se sentir de tocaia, só aguardando algo de muito ruim acontecer?”
A maioria respondeu que sim. Qualé o meu, o nosso problema? É pedir demais a gente viver, por um segundo que seja, achando tudo lindo?
O comercial de margarina (com a família feliz reunida) não nos educa para lidarmos com as dificuldades, no entanto, nosso “desconfiômetro” está sempre ligado. Parece dizer “Olha, toma cuidado. Tá feliz demais!”
A verdade é que não basta tudo ser ou parecer feliz. Sentimos necessidade de sair da tocaia para desafiar qualquer problema que seja. Por incrível que pareça, isso faz nos sentirmos vivos. Não queremos final feliz, nem em filme, nem na vida. Preferimos finais alternativos. Ou melhor, não queremos fim.
terça-feira, 29 de abril de 2014
Solidariedade não é uma esmola qualquer.
De onde essas pessoas tiram vontade de viver? A gente pensa que não, mas, pra eles, motivos há de sobra.
O último post do TwentyWeeks, “Super-heróis Invisíveis”, por Madsen Lima, me sensibilizou ainda mais em relação às pessoas de rua que contam com nossa generosidade.
Observando um mendigo deitado numa calçada, todo coberto por um pano surrado, me ouvi perguntando alto: De onde essas pessoas tiram vontade de viver? A gente pensa que não, mas, pra eles, motivos há de sobra.
Outro dia, entrei e saí da padaria, passando muito mal. Ao entrar, considerando meu atual estado, não liguei muito para a senhora encostada na parede, segurando muletas e pedindo ajudinha. Meio que a ignorei, mas não pude deixar de reparar na sua presença. Devo ter apenas balançado rápido a cabeça negativamente.
Tentei me acalmar e esperar o tempo que meu organismo precisava para voltar a ficar tudo nos conformes. Não sou de procurar médicos, banco a forte. Esperaria, sim, meu corpo se recuperar por si só. Então, saí da padaria depois de tentar comer uma salada de frutas e de insistir em beber água, que pra mim era só uma água gelada que eu não conseguia engolir.
Passei pela mesma senhora, que desatou a falar todo seu discurso novamente. Olhei para minha mão agarrada a uma garrafa d’água que não conseguia consumir, voltei atrás, olhei para a senhora e o gesto, meio involuntário, foi estender a garrafa para ela pegar.
Para minha surpresa, iniciou-se um longo discurso de agradecimento. Tão longo, que eu não sabia se ficava parada ali, quase desmaiando, aguardando ela terminar de falar, ou se eu seguia em frente. Foi o que fiz. Fui embora pensando “Mas eu não fiz nada, é só uma água!”. E a senhora continuou agradecendo:
“- Ô, minha filha, agradeço muito! E tá geladinha, oh! Vou poder misturar com a água que eu já tinha aqui e que vai ficar fria agora.”
Falou isso e uma porção de outras coisas decretando que eu era alguém muito abençoada. Fiquei refletindo sobre ter pensado que era só uma água. Pareceu um menosprezo ao que era tão importante para a moradora de rua.
Com isso, encerro este post com a ideia de que devemos valorizar mais nossos gestos de solidariedade. Também entender o porquê do que fazemos pela gente mesmo e do que fazemos pelos outros, para os outros.
domingo, 13 de abril de 2014
Tá com um tempinho aí?
Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com
Nessa coisa de tempo corrido, de dedicar muito tempo ao trabalho, onde foi parar o conceito de família, a ideia de estar mais junto desta? Por onde anda a qualidade de vida?
Esta semana, estava lendo uma crônica da Revista Vida Simples, quando o tema prendeu minha atenção. Na conclusão da experiência relatada, o autor Denis Russo cita a tal “vida moderna”. Leia um trechinho:
Só que aí a tal “vida moderna” decide reorganizar o espaço das cidades. E traça avenidas, rachando os bairros, rasgando as famílias, distribuindo as pessoas ao longo de artérias de transporte, por onde fluem matérias-primas, recursos humanos, bens e serviços. E, com isso, quase sempre, os avós vão parar longe dos netos.
E num bairro triste os avós aguardam a visita das crianças e os pais tentam encontrar uma creche para os filhos. (…)
Fonte: Vida Simples, p.64, ed. 143, abril 2014.
Me parece que a questão preocupante não é apenas espacial; tem mais a ver com o Senhor Tempo. Ou a gente que deveria ser Senhor dele? Bom seria declararmos que temos o tempo e não que ele nos tem.
40, 44 horas semanais, é comum nosso trabalho durar esse tempo todo; quando não, mais. Por isso, nem nos surpreende ler que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros dedicam 40,8 horas por semana à profissão, sendo que 33,7% das pessoas passam das 44 horas e 19,1% superam as 48 horas semanais. Na Alemanha, são 38 horas. Na França, 35.
É provável que você já tenha ouvido esse tipo de comentário nas reuniões e confraternizações do seu trabalho: “Ah, aqui somos uma família, afinal, passamos mais tempo no trabalho do que em nossas próprias casas”.
Outro dia, estava voltando pra casa e já era umas 22h30. Quase chegando ao meu destino, ouvi o motorista dizer ao celular, implorando até: - Oh, não deixa ela dormir, tá? Quando eu chegar em casa, ainda vou brincar com ela!
Aquilo me tocou. Pensei “Poxa! A que ponto chegamos?”. Nessa coisa de tempo corrido, de dedicar muito tempo ao trabalho, onde foi parar o conceito de família, a ideia de estar mais junto desta? Por onde anda a qualidade de vida?
Será mesmo que tudo se resolve com a dica de melhor administrar o pouco tempo que nos resta, inclusive aquele após o expediente?
quinta-feira, 3 de abril de 2014
O senhor de 77 anos que não faz questão de certas coisas.
A topic lotada, enquanto alguns passageiros se incomodavam com um senhor em pé, perto das portas traseiras. "Procure um lugar lá na frente, pro senhor sentar" Ao que ele respondeu:
"- Ah, mas tá muito difícil chegar até lá. Tem problema não, fico por aqui mesmo".
Esse senhor desce logo, ainda bem, e fica outro senhor de cabeça branca num dos degraus. Este resmunga:
"- Eu já tenho 77 anos, minha filha, lá vou atrás de canto pra sentar!" (Fala, em tom de quem tem experiência de vida suficiente pra aguentar coisa pior do que seguir viagem em pé).
"- Ah, mas tá muito difícil chegar até lá. Tem problema não, fico por aqui mesmo".
Esse senhor desce logo, ainda bem, e fica outro senhor de cabeça branca num dos degraus. Este resmunga:
"- Eu já tenho 77 anos, minha filha, lá vou atrás de canto pra sentar!" (Fala, em tom de quem tem experiência de vida suficiente pra aguentar coisa pior do que seguir viagem em pé).
segunda-feira, 31 de março de 2014
E com você, tudo na mesma?
Aquela típica busca de entender onde você foi parar e como foi parar ali. Por que parou? Parou por quê? Já tá bom do jeito que tá e nada te angustia?
Certa vez uma grande amiga, que eu não via faz um tempo, por acaso encontrou comigo na rua. Sabe como é, né, isso de perguntar se o outro está bem e como andam as coisas. Até aí, tudo bem.
Mas a forma dela de me questionar potencializou o efeito de uns pensamentos que eu vinha tendo sobre a importância, a necessidade de mudar. Ela perguntou:
- E você, amiga? As coisas continuam na mesma?
A pergunta me incomodou horrores. Fiquei até com vergonha de confirmar. Criei coragem e disse “sim”. Sim, mesmo trabalho. Sim, mesma rotina. Sim, mesmos hábitos.
Amigos de verdade sabem de suas fraquezas. E por serem de verdade, querem que você siga em frente, sem medo. Eles não querem te ver estacionado, feito um carro esquecido num estacionamento enorme de shopping. Vai ver, na volta, o proprietário do veículo não conseguiu lembrar onde o deixou, mesmo com o local todo sinalizado para evitar esse tipo de confusão.
A primeira pergunta a se fazer para si é: “Onde eu me deixei estacionado?” Aquela típica busca de entender onde você foi parar e como foi parar ali. Por que parou? Parou por quê? Já tá bom do jeito que tá e nada te angustia?
Esbarrar por aí com minha amiga produziu um efeito sem precedentes. Um tempinho depois desse bem aventurado encontro, me mexi, me meti numa série de mudanças que têm contribuído para o resgate da minha alegria de viver.
Hoje, já me sinto mais viva. O sangue circula cada vez mais forte em meu corpo. O olhar não está mais perdido. Meu olhar se fixa nas oportunidades e novidades que são proporcionadas no tempo certo. Agarro tudo com unhas, garras e dentes.
Acho que não é suficiente apenas os outros te fazerem perguntas. O questionamento principal deve partir de você mesmo. E de si para si. Já está mais do que na hora de rever alguns conceitos.
quarta-feira, 26 de março de 2014
Abrindo exceções.
Gordice! Decidir abrir uma exceção e comer churros, jurando que a massa leva leite e ovos,
e perguntar já meio conformada:
- Leva leite e ovos, né?!
"- Não, não. Pelos menos a nossa, não.
Até porque esses ingredientes não ajudam na hora de fritar."
- Sérioooo?!
Quis nem saber, pedi com recheio de chocolate.
Alegria da noite. Ganhei a noite.
terça-feira, 25 de março de 2014
Você funciona no status offline?
Desprovida de celular, alguém me mostrou o caminho. Estava sendo reeducada a me reconectar com o mundo real, concreto e, definitivamente, offline.
Era sexta à noite, quando fui encontrar com a amiga num barzinho. Fui de ônibus. Não levei o celular – com internet. Marquei o ponto de encontro e avisei que ficaria incomunicável a partir dali. Claro, fiz questão de explicar o porquê. Falei do perigo de assaltos no meu bairro e na cidade toda.
Vários sujeitos, em suas bicicletas, já me abordaram pedindo meu celular. Cansei. Minha estratégia agora é deixar o objeto de desejo em casa ou levar um celular a mais na bolsa, facilmente localizável para não se perder tempo: pegar e entregar rapidinho em mãos, nas mãos do oportunista.
Então, saí de casa sem celular mesmo. Consequentemente, sem Whatsapp, Instagram, Facebook, YouTube, Line e, olha só, sem a função básica de ligar e/ou receber chamada.
Esperei, esperei, esperei pela minha amiga, e nada. Ela tinha me dito que chegaria às 19h30. Por não ter relógio de pulso e sem celular, eu não poderia acompanhar o tempo passando. Na verdade, sem qualquer distração online, eu poderia ver claramente o tempo me passando pra trás.
Porém, tive a brilhante ideia de perguntar a hora para o atarefado garçom. Brilhante nada. Ele também não tinha relógio nem celular no bolso. Eu já estava fazendo aquela cara de “e agora?”, quando o gentil garçom aponta e aperta os olhos para o relógio da pracinha, que fica em frente ao barzinho. “- Ali, oh! 20 e..!”
Fiquei meio impressionada com a perspicácia dele de contar com o relógio alternativo. Desprovida de celular, alguém me mostrou o caminho. Estava sendo reeducada a me reconectar com o mundo real, concreto e, definitivamente, offline.
Sem internet, sem companhia, lá estava minha pessoa solitária numa mesa de bar. Não havia a distração de dar uma olhadinha no Facebook, muito menos de saber notícias da amiga desaparecida. Falando sozinha, fiquei me perguntando sobre o que teria acontecido com ela. Pensando “Não pode. Alguma coisa aconteceu!”, passei a imaginar mil causas e coisas. Nem preciso dizer que pensei nas piores.
Contratar uma Agência de Notícias sobre a tal amiga da Elaine, nem pensar. Receber do Correios uma cartinha dela, listando seus nobres motivos e me pedindo perdão, muito menos. Ir para a delegacia mais próxima, também não era para tanto.
Afinal, tem o trânsito dessa cidade e, claro, qualquer outro imprevisto. Só que, sem sinal de fumaça, sem internet, eu não tinha como me inteirar dos fatos. Coloquei minha imaginação para voar. Tentei amenizar minha visão apocalíptica da coisa procurando relaxar e colocando toda a culpa no trânsito.
Sem o celular nas mãos, comecei a observar as pessoas ao redor. O que vi foi a esmagadora maioria conectada à internet. Amigos ao lado, porém rostos enfiados em telas de celulares. Também via gente “sozinha” na mesa, sorrindo ou com cara de concentração para o celular. E eu ali, conectada com a solidão numa mesa de bar. Aprendendo a agir naturalmente com essa coisa de “levar um bolo”.
Meu celular em casa. Meus contatos de Facebook e Whatsapp em casa, no meu quarto, e eu só. Engraçado, não senti falta das redes sociais, apenas da função de ligar para saber o que diabos havia acontecido com minha amiga.
Quando paguei minha conta, satisfeita por ter sobrevivido a uma noite sozinha comigo mesma, a amiga esperada surgiu. Angustiada, explicou o motivo da confusão toda. Disse que pensou seriamente em ligar para o barzinho. Pediria para me localizarem. Precisava que alguém me colocasse na linha telefônica.
No fim das contas, tudo deu certo. Apesar da amiga implorar para eu nunca mais fazer isso. Isso de me tornar incomunicável por algumas horas.
E você? Sobrevive a uma noite off-line assim? Cuidado. A dependência tecnológica pode te pegar de jeito!
terça-feira, 18 de março de 2014
Ameaça de Mãe.
O privilégio de ouvir sua mãe gritar da cozinha:
- Bananada tá pronta! Vai ficar preta, hein, se não vier logo.
E eu nem pedi.
Coisas de mãe. É amor.
- Bananada tá pronta! Vai ficar preta, hein, se não vier logo.
E eu nem pedi.
Coisas de mãe. É amor.
domingo, 16 de março de 2014
Não há vergonha em começar do zero
Por elainepacheco, também publicado em twentyweeks.com/
Se não foi desta vez o que tanto queríamos, o tal sonho, se este não passou de um castelinho de areia, o jeito é recomeçar reconstruindo-o.
A praia foi uma sala de aula despojada. Enquanto conversávamos “papo-cabeça” de gente que só quer ser grande mas não é, o nosso pequeno professor Arthur, inquieto, tentava construir o seu castelinho de areia. Um só, não. Vários.
Ao alcance de suas minúsculas mãozinhas estavam suas ferramentas: o balde, a pá, uma espécie de peneira de areia e outros que não consigo detalhar, porque me perdi no sorriso típico de criança, aquele bem acompanhado de brilho no olhar e de olhinhos redondos quase fechando.
Há uma maleta de plástico para guardar todas essas ferramentas, da qual o pequeno não tira o olho se você gentilmente se oferecer para carregá-la. O menino, esperto que só ele, sabe tomar de conta de sua preciosidade. Inclina de leve a cabeça pro lado, na direção onde está sua mão que leva os brinquedos. Vai que você, adulto cabeça de vento, larga em algum canto e esquece, né.
Ele mantém sua vigília firme e forte até escolhermos uma barraca e uma mesa. Daí começa a atuar a engenharia do pequeno na minha mente que vê metáfora em qualquer coisa ao redor.
Primeiro, ele tenta construir o Castelo num canto nada óbvio: a nossa mesa. Sua mãe só podia alertá-lo que ali não era a base ideal pra esse tipo de construção. Teria que ser na própria areia da praia.
Ele resolveu aceitar a orientação sensata da mãe e sentou próximo da gente, onde as ondas do mar ainda não haviam tocado os grãos de areia. Ficou ali sem saber por onde começar até pedir ajuda.
Sem cerimônias, a mãe afunda as mãos na areia e vai formando um pequeno monte no formato de um vulcão. Ele observa e imita. Libera sem cautela a areia que traz apertada dentro da palma da mão. Joga-a ao vento num surto de risadas.
Assim, seu castelinho de areia vai ficando cada vez menos parecido com castelo. Para ele, virou um bolo de aniversário. Colocou um galho no ápice do monte, fazendo de conta que era uma velinha, e cantou “parabéns”.
Feita a festa, o aniversariante olha pra gente com cara de sapeca e se joga no bolo de areia. Mergulha de barriga no que era pra ser um castelo de areia. Sai destruindo tudo movido por uma gargalhada que há muito tempo eu não ouvia. Isso enquanto escuta a gente se lamentando: “-Mas você destruiu o castelo! Vai ter que fazer tudo de novo”
Depois da farra demolidora, o menino parece reconhecer a necessidade de reconstruir aquilo que se foi e afirma com manha: “- Eu não consigo” E eu digo, sem pensar duas vezes: “- Claro que consegue! É só fazer de novo!”
E assim ele fez. Fez e refez, refez e fez o bolo de aniversário, porque criança sabe celebrar a vida todo dia. É assim que precisa ser. Todo dia, uma nova conquista feita com nossas próprias mãos.
Se não foi desta vez o que tanto queríamos, o tal sonho, se este não passou de um castelinho de areia, o jeito é recomeçar reconstruindo-o.
Não há vergonha alguma em começar do zero. Se bem que não existe isso de reiniciar do zero. Afinal, das tentativas anteriores, muitos aprendizados ficaram.
Não há vergonha alguma em começar do zero. Se bem que não existe isso de reiniciar do zero. Afinal, das tentativas anteriores, muitos aprendizados ficaram.
domingo, 9 de março de 2014
Sob a vigília do Amor
Por que nós, filhos, nos encarregamos de manter distância daqueles que estão sempre na vigília do nosso bem-estar?
Tenho andado com umas tosses horrorosas, daquelas carregadas que assustam pessoas a quilômetros. Confesso minha acomodação quanto a ir ao médico verificar o que, afinal, é isso. Talvez indisposição para chás de cadeira oferecidos pelas clínicas.
Acontece que, em casa, meus pais têm reparado nos meus urros. Me mandaram logo ir atrás de remédio.
"- Ah, meu corpo naturalmente resolve, expulsa isso", teimosa, eu tento sustentar o argumento.
Daqui a pouco, meu Pai aparece. Vem com maestria na arte de invadir a fronteira invisível que estabeleço entre meu quarto e o restante da casa, que é espaço mais deles do que meu. Porque nós, filhos, às vezes nos encarregamos de criar e manter distâncias daqueles que estão sempre na vigília do nosso bem-estar.
Será isso necessidade de provar que somos independentes? Provar pra quem? Para eles ou para nós mesmos?
Sabe-se lá. Só sei que meu Pai, com a doçura de quem cuida, surgiu com um copinho desses na mão:
O perfeito farmacêutico me explica tudo melhor do que a bula. Tanto explica, como me serve de lembrete de 12 em 12 horas. "- Já tomou outro copinho, filha?!"
Aí, me lembro que já tenho 26. E então noto que esse número não tem a menor relevância pra eles. Continuo sendo a filhinha pra tomarem de conta.
Percebo que colegas de trabalho, amigos, namorados, paqueras podem me deixar pra trás e desaparecerem da minha vida. Mas os meus pais, não. Estarão comigo até o fim de suas vidas. Se é que existe fim para certas coisas, para certas pessoas.
Tenho andado com umas tosses horrorosas, daquelas carregadas que assustam pessoas a quilômetros. Confesso minha acomodação quanto a ir ao médico verificar o que, afinal, é isso. Talvez indisposição para chás de cadeira oferecidos pelas clínicas.
Acontece que, em casa, meus pais têm reparado nos meus urros. Me mandaram logo ir atrás de remédio.
"- Ah, meu corpo naturalmente resolve, expulsa isso", teimosa, eu tento sustentar o argumento.
Daqui a pouco, meu Pai aparece. Vem com maestria na arte de invadir a fronteira invisível que estabeleço entre meu quarto e o restante da casa, que é espaço mais deles do que meu. Porque nós, filhos, às vezes nos encarregamos de criar e manter distâncias daqueles que estão sempre na vigília do nosso bem-estar.
Será isso necessidade de provar que somos independentes? Provar pra quem? Para eles ou para nós mesmos?
Sabe-se lá. Só sei que meu Pai, com a doçura de quem cuida, surgiu com um copinho desses na mão:
O perfeito farmacêutico me explica tudo melhor do que a bula. Tanto explica, como me serve de lembrete de 12 em 12 horas. "- Já tomou outro copinho, filha?!"
Aí, me lembro que já tenho 26. E então noto que esse número não tem a menor relevância pra eles. Continuo sendo a filhinha pra tomarem de conta.
Percebo que colegas de trabalho, amigos, namorados, paqueras podem me deixar pra trás e desaparecerem da minha vida. Mas os meus pais, não. Estarão comigo até o fim de suas vidas. Se é que existe fim para certas coisas, para certas pessoas.
Quando deixamos de acreditar em nós mesmos?
A gente se basta. Temos mil e um potenciais para usá-los como ferramentas de uma máquina de mudanças. Alguém me responde quando foi que deixamos de acreditar em nós mesmos?
Texto meu também publicado em: http://twentyweeks.com/
Terminou o Carnaval. Querendo ou não, terminou. Se os planos para 2014 listados no fim do ano, por algum motivo, se enclausuraram no papel, é tempo de resgatá-los, como quem estende a mão e fala: - Venham, sem medo! Acho que isso é o que chamam de sair da zona de conforto. Vamos parar de fingir que tá tudo bem, por favor. É hora de nos colocarmos em primeiro lugar, de sermos egoístas. Egoísmo* saudável, claro, e sem precisar passar por cima de ninguém, a não ser de você mesmo.
Você desse jeitinho aí, com todos seus medos monstruosos feito bichos de sete cabeças. Você, com todas essas vozes pessimistas ecoando dentro de si. Você dependendo de você. Você, apenas. A consciência disso não deveria nos amedrontar tanto. A gente se basta. Temos mil e um potenciais para usá-los como ferramentas de uma máquina de mudanças. Alguém me responde quando foi que deixamos de acreditar em nós mesmos?
Se você não acredita em você, não há cristão no mundo que deposite alguma confiança na sua pessoa. Se acreditar e investir em si mesmo significa correr riscos; se é derramar litros de lágrimas da dor que causa o medo; se quer dizer não saber com precisão como será o amanhã, que seja! Que se pague esse preço! Creio que custa caro batalhar para ser você mesmo nesse mundão confuso.
Dia desses, por curiosidade, me incluí numa roda de um grupo de oração católico. Foi na garagem da casa da amiga querida. Uma atmosfera de energia do bem concentrada no amor pairava por ali. Eu pude sentir isso tão forte que um arrepio me veio do couro cabeludo ao dedão do pé.
Todos, em conjunto, acreditando na força da fé por dias melhores. Ao fim das orações, um senhor deu seu depoimento e comentou com pesar, sobre muitos e muitos anos de trabalho na área de risco da Viação Aérea de São Paulo (VASP), até que um dia procurou seu chefe, muito decidido a sair dali. Houve certa relutância do mesmo, mas deu certo. Em sua despedida a maioria se dirigia a ele profetizando que passaria por maus bocados, com a força da expressão popular daqui, ele iria “comer areia”.
Uma pessoa o abraçou com admiração dizendo: - Parabéns! Você está fazendo o que eu nunca tive coragem de fazer.
Se você não acredita em você, não há cristão no mundo que deposite alguma confiança na sua pessoa. Se acreditar e investir em si mesmo significa correr riscos; se é derramar litros de lágrimas da dor que causa o medo; se quer dizer não saber com precisão como será o amanhã, que seja! Que se pague esse preço! Creio que custa caro batalhar para ser você mesmo nesse mundão confuso.
Dia desses, por curiosidade, me incluí numa roda de um grupo de oração católico. Foi na garagem da casa da amiga querida. Uma atmosfera de energia do bem concentrada no amor pairava por ali. Eu pude sentir isso tão forte que um arrepio me veio do couro cabeludo ao dedão do pé.
Todos, em conjunto, acreditando na força da fé por dias melhores. Ao fim das orações, um senhor deu seu depoimento e comentou com pesar, sobre muitos e muitos anos de trabalho na área de risco da Viação Aérea de São Paulo (VASP), até que um dia procurou seu chefe, muito decidido a sair dali. Houve certa relutância do mesmo, mas deu certo. Em sua despedida a maioria se dirigia a ele profetizando que passaria por maus bocados, com a força da expressão popular daqui, ele iria “comer areia”.
Uma pessoa o abraçou com admiração dizendo: - Parabéns! Você está fazendo o que eu nunca tive coragem de fazer.
Com isto, encerro esse texto sem mais.
*e·go·ís·mo
(francês égoïsme)
(francês égoïsme)
substantivo masculino
Amor exclusivo à pessoa e aos interesses próprios.
"egoísmo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
quarta-feira, 5 de março de 2014
Esqueceram do Love me do!
Esqueceram nas cachoeiras:
Pronto! Essa é a parte que você sai cantando Beatles ("Love, love me do..."), pulando de pedra em pedra com as chinelas na mão. E é Melissa, tá?
Pequena Pipoca. Pipoca Pequena.
Jazz & Blues, em Guaramiranga. Aí, eu procuro o mesmo pipoqueiro do dia anterior, quando ele me vem com essa, já se achando de casa:
- Pipoca pequena? Pequena igual a você?!
- Isso mesmo!
[cara de quem já é bem resolvida quanto a isso]
(Das coisas que só acontecem comigo, acho!)
- Calça esse chinelo, Menina!
Pés descalços no pé da Serra de Baturité.
Nem todo carnaval tem seu fim. Esse vai permanecer no coração das lembranças. >.<
Por que ela é sua amiga?
- Por que ela é sua amiga, manhê?
O pequeno dela, cheio de porquês, fez a gente parar pra pensar. Mas ele mesmo respondeu:
- Porque você encontrou com ela no supermercado!
Não foi, não é bem assim, mas vamos simplificar também.
Por que sou amiga dela?
Porque somos parceiras pra todas as horas.
Elaine P. -- com Gerlaine.
O pequeno dela, cheio de porquês, fez a gente parar pra pensar. Mas ele mesmo respondeu:
- Porque você encontrou com ela no supermercado!
Não foi, não é bem assim, mas vamos simplificar também.
Por que sou amiga dela?
Porque somos parceiras pra todas as horas.
Elaine P. -- com Gerlaine.
Quanto mais queremos algo, mais difícil é conquistar.
também publicado em http://twentyweeks.com/
Você decide que quer muito uma coisa, porém tudo que te leva para realizar tal coisa começa a dar errado. Relaxa! Isso é apenas jogo duro que as coisas que mais queremos na vida fazem questão de fazer. Elas são assim mesmo, nos desafiam como quem chama para uma queda de braço. Aí, você se impõe falando com destreza: “Quero só ver quem é mais forte, oh tamanho Obstáculo!”.
Outro dia, inspirada pela história do Gênio Indomável, decidi investir no meu potencial para o canto. E olha que essa história da minha cantoria perdura desde o colegial, quando me comparavam com a Sandy da Sandy & Júnior, e até hoje (acho que isso não é ruim).
Voltando do trabalho em um dos dias que tentei me matricular, a escolinha já estava fechada. O diminutivo “escolinha” é por conta da simplicidade da escola e das pessoas que trabalham lá. - Ok, tranquilo! Fica pra outro dia, pensei. Só que foram surgindo outros compromissos e esse outro dia não chegava nunca. Até que coloquei na cabeça que iria tal dia - Desse dia não passa, eu disse pra mim, e não passou.
Fiz de tudo! Escapuli mais cedo de uma reunião que resolveu se estender, ignorei meu sono, liguei na véspera do dia agendado pra confirmar minha ida. Fiz de tudo mesmo, até paciência tive para o engarrafamento que peguei no início e no meio do caminho. Eis uma lentidão de trânsito como nunca tinha visto antes. Uma coisa de louco. “Parece uma coisa”, me pego falando alto.
Caminhei apressada até a escolinha e me deparo com o Fernando (o cara com quem combinei fazer minha matrícula) fechando a grade que protege a porta e uma singela vitrine musical. Segurei o gesto, dizendo que cheguei um tanto atrasada, mas que era sorte ainda encontrá-lo ali.
Sorte não, talvez um sinal de que eu tinha que mexer meus pauzinhos naquela hora para fazer aquilo acontecer. Eu disse que demorei, mas que estava ali. Ele riu, foi compreensivo e esperou minha reação depois de dizer:
- O computador demora horas pra dar sinal de vida, depois que desligo. E eu já desliguei.
- Sem problemas, eu disse. Espero o tempo que for, mas sairei daqui matriculada.
E saí, mas antes o Fernando ainda me veio com essa:
E saí, mas antes o Fernando ainda me veio com essa:
- É, o computador tá bem lento mesmo. Quando a dificuldade é grande, é porque é pra ser.
Eu o ouvi falando isso e, não sei se pelo costume do “não” mal encaixado no ditado, pensei ter escutado: “é porque NÃO é pra ser”. Não acreditei que ele estava me falando aquilo, perderia uma aluna com uma afirmação dessas? Me recusei a acreditar, rindo nervosa. “Como é? Não é pra ser?”
Para minha surpresa, ele defendeu sua ideia contrária à da maioria:
- Quanto mais dificuldades, mais porque é pra ser!
Engraçado. Parece mesmo que quanto mais queremos uma coisa, mais essa coisa se faz de difícil, e é difícil de fato. No entanto, o resultado a gente não perde por esperar (lutar). No fim da batalha é só emoção; se é que esse embate tem fim.
Se tá difícil pra você também, é porque é pra ser. Melhor: você vai fazer ser. E tome tento!
Glossário:
escapulir: sair sorrateiramente;
parece uma coisa: algo relacionado com o karma
e tome tento: prestar atenção;
Glossário:
escapulir: sair sorrateiramente;
parece uma coisa: algo relacionado com o karma
e tome tento: prestar atenção;
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Com todo respeito, ou não.
- Ô cabelo lindo, Moça!
(a moça sorri)
- Mas, assim, com todo respeito!
(a moça sorri de novo)
- Agora, assim, só não sei até onde vai todo esse respeito. (riso alto)
Este foi um senhor aposentado e feliz da vida num supermercado. Ele estava paquerando de brincadeira, ou não, uma das jovens funcionárias, enquanto ensacava suas próprias compras no caixa.
Nunca tinha visto sujeito mais satisfeito com a vida.
domingo, 23 de fevereiro de 2014
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Rascunhando canções, rascunhando invenções.
Um sábado resumido a inventar letrinhas e melodias sobre Felicidade. Pra que melhor?
Se é clichê?
Eu não sei. Pode ser.
Só sei que é muito bom fazer isso.
Em breve, cantoria e mais cantoria!
Corno assumido, solteiro feliz.
Hoje, me sobe na topic um homem satisfeito com a vida de solteiro.
Chegou com sorrisão aberto, contando as "news" para o amigo motorista:
- Rapaz, a mulher me botou chifres!
- E tô achando é bom a vida de solteiro.
- Não lavo mais louça, nem roupa.. Na casa da minha mãe, de manhã, o café tá na mesa!
- A mulher tinha preguiça até de jogar roupa suja na máquina! Nam!
E digo mais: contou que deixou Tudo pra ex-mulher. Dois carros, casa, porque ela merece. Isso, ele disse que ela merece.
Fiquei rindo por dentro. Afinal, é falta de educação prestar atenção na conversa alheia. Mas ele parecia não estar se importando muito não que as pessoas ouvissem. Falava alto, sorriso no rosto.
Incomum: carregou os chifres com certo orgulho. Corno assumido e, hoje, solteiro bem resolvido.
Chegou com sorrisão aberto, contando as "news" para o amigo motorista:
- Rapaz, a mulher me botou chifres!
- E tô achando é bom a vida de solteiro.
- Não lavo mais louça, nem roupa.. Na casa da minha mãe, de manhã, o café tá na mesa!
- A mulher tinha preguiça até de jogar roupa suja na máquina! Nam!
E digo mais: contou que deixou Tudo pra ex-mulher. Dois carros, casa, porque ela merece. Isso, ele disse que ela merece.
Fiquei rindo por dentro. Afinal, é falta de educação prestar atenção na conversa alheia. Mas ele parecia não estar se importando muito não que as pessoas ouvissem. Falava alto, sorriso no rosto.
Incomum: carregou os chifres com certo orgulho. Corno assumido e, hoje, solteiro bem resolvido.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Provas de Amor
Uma das demonstrações de afeto do meu pai pra mim.
Não me deixa esquecer do meu potássio matinal.
Na saída de casa, banana no braço do sofá. Não é possível que eu esqueça!
Pior que é! Na empolgação de registrar esse carinho, deixei a banana lá.
É o amor! Fazer o quê?
^^'
Não me deixa esquecer do meu potássio matinal.
Na saída de casa, banana no braço do sofá. Não é possível que eu esqueça!
Pior que é! Na empolgação de registrar esse carinho, deixei a banana lá.
É o amor! Fazer o quê?
^^'
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