sexta-feira, 22 de maio de 2015

Tinha um animalzinho no meio do caminho.

    Tinha um animalzinho no meio do caminho. No meio do caminho tinha um animalzinho. Os simpatizantes com bichinhos de rua vão se enxergar neste relato. Afinal, quem nunca ficou apreensivo ao ver gato, cachorro, jumento, cavalo (etc) no meio da pista prestes a serem atropelados?

   Outro dia eu estava dirigindo quando um vira-lata surgiu repentinamente correndo na minha frente, quando notou o perigo em que se meteu fez gesto de "vou ou não vou?", acabou que não foi e me olhou com uma carinha de dar dó, como quem espera humildemente que alguém o julgue num juízo final. Certeza que pensou: "Chegou minha hora!".

   Essa imagem alfinetou em cheio minha alma e senti uma misericórdia inundar meu coração naquela manhã corrida de semana. Felizmente, consegui reduzir a velocidade a tempo de ele poder continuar sua travessia. O vira-lata foi embora agradecido e eu com o coração do tamanho de um caroço de feijão ao lembrar do olhar que ele me olhou.

   Outro dia também tinha uma gatinho preto e pequeno no meio do caminho, no meio do caminho tinha esse gatinho e uma condutora preocupada, não porque ele estava bloqueando minha passagem, e sim porque estava me impedindo de seguir adiante sabendo que ele estava ali tão suscetível. Ao invés de apenas contorná-lo e seguir meu rumo, parei de frente pra ele e fiquei buzinando. Em vão! Ele mais parecia um gato empalhado me encarando, devia ter gênio forte ou ingenuidade mesmo de filhote.

   Vi que não adiantaria continuar meu barulho em defesa dele e prossegui, mas tamanha foi minha satisfação ao flagrar pelo espelho retrovisor um senhorzinho (que vinha caminhando na hora da minha tentativa frustrada) pegar o gatinho para livrá-lo do perigo. Depois fiquei pensando que eu poderia ter descido do carro para ajudar o gatinho genioso. Ainda bem que o senhor complementou meu gesto.

   Acho que solidariedade contagia, compaixão se transmite para quem está pronto para recebê-la.

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