Porque janelas e portas abertas não são suficientes pra ver o mundo e as pessoas lá fora, tive que demolir uma das quatro paredes.
sábado, 22 de junho de 2013
O meu humor negro.
Imagina você descendo do seu último ônibus lotado do dia, a minutos da sua casa, aí vem um desses caras chatos de programas televisivos te dar como brinde a pergunta " Qual o seu maior sonho?" Pior, exigindo de você uma resposta rápida para um questionamento tão complexo. Pior ainda: você ter que passar por isso com um cara apontando pra você uma super câmera profissional como quem empunha uma arma. E você ali enquadrado na cena como um pateta.
O que acabo de descrever não é apenas uma situação hipotética. Já aconteceu de verdade comigo. Só que não na situação de descer de um ônibus cheio até a tampa, o que seria mais terrível ainda. Nesse dia eu estava indo ao Pão de Açúcar comprar um lanche para levar pro trabalho. Eu estava indo a pé, já que era tão perto. Quando eu já alcançava a metade de uma praça, virei alvo de uma entrevista "relâmpago". No meu caso, o cara chato de programa televisivo que citei no início desse texto não era um cara, era uma repórter que parecia muito apressada. Olhei para o seu microfone e vi que tinha um adesivo grudado nele com o nome do programa. Não me lembro mais qual era, mas sei que tinha a palavra "sonho" no meio.
Apesar das minhas diversas formas de dizer que não queria dar entrevista. Apesar de confessar pra repórter que me sentia mais à vontade escrevendo do que falando (pior ainda falando com câmeras). Apesar de refletir e concluir em voz alta que não tinha uma resposta pronta naquele segundo. Apesar disso e daquilo outro (eu fui criativa), a repórter insistiu, exigiu, me obrigou a lhe dar uma resposta. Pensei em sair correndo dali. Pensei bem e imaginei que, se eu fizesse isso, de uma pateta eu iria evoluir para a retardada que fugiu correndo. Já que a repórter não me deu outra alternativa, dei respostas que ela queria ouvir. E lá estava eu falando sobre paz, bla,bla, blá, blablá. Uma porção de clichês. É, pedir paz pareceu o pedido mais sensato naquela situação em que me meti, ou melhor, que me meteram.
Certo! Depois de me livrar da repórter e de sua entrevista forçada; e depois de conseguir chegar ao Pão de Açúcar, pensei: "Bom, só o que falta agora é uma promotora de merchandising me abordar com um:
" O que faz você feliz?"
Nesse caso, eu me mataria ali mesmo, juro. Um minuto de silêncio para o meu humor negro agora.
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