Porque janelas e portas abertas não são suficientes pra ver o mundo e as pessoas lá fora, tive que demolir uma das quatro paredes.
domingo, 18 de dezembro de 2011
O Papai Noel condenado à forca
Eu acho muita graça dessas gracinhas de Natal. Em cada beco, avenida, casa pequena, casa grande, casa mais humilde, casa mais nobre, em todo canto sinais de que as pessoas estão cada dia mais carentes, não só de espírito natalino, mas de tudo que preencha o próprio, o nosso espírito. Mas afinal, em qual estado de espírito a gente anda se encontrando, ou pior, se perdendo? Difícil dizer ao certo.
Aqui em casa também, todo ano tem a tal carência comum na época próxima ao Natal. Meus pais põem enfeite até onde não cabe mais. Não deu pra pendurar na árvore, então pendura no prego cravado no ápice da porta da sala, onde agora tem uma cabeça de um desses bons velhinhos de boneco; só a cabeça mesmo, sabe-se lá onde foi parar o resto do corpo, talvez os membros e o tronco estejam espalhados na vizinhança.
A cabeça sabemos que está na porta, correndo o risco de ser esquecida e permanecer lá o ano inteiro. Eu não a esqueço, pois a minha imaginação fértil fica buscando mil e uma explicações para compreender, afinal, o que essa imagem de cabeça separada do corpo de Papai Noel representa para os meus pais ou para as possíveis visitas. Para mim, mais parece um Papai Noel que fugiu dos padrões morais e perdeu a personalidade do bom e velho "bom velhinho". Saiu dos contos de Natal pra virar vilão na vida real. Terá feito alguma perversidade com alguma criancinha, meu Deus? A cabeça, assim, arrancada do corpo, deduzo que, com as próprias mãos, alguém fez o "olho por olho, dente por dente" contra o tal Papai Noel.
Foi tão malfeitor assim que o levaram para a forca? Imagino uma morte martirizada tal como a do Tiradentes. Aquele Papai, dono da cabeça pendurada na minha sala, teria vivido seus últimos momentos como um autêntico herói ou o cortaram em pedacinhos para servir de exemplo a outras versões malvadas de Papais Noéis?
Toda vez que chego em casa, me pego olhando para a cara de gente boa de velhinho do Bem, de óculos, bochechas cor-de-rosa, rosto fofinho, barba longa e branca como neve. O vento vem do jardim balançando a pobre cabeça saudosa do corpo. Ele ainda me parece vivo.
Não fico me perguntando se existe Papai Noel, me pergunto mesmo é: "Será que existe um Papai Noel do Mal? Assim como: "Será que existe um padre, ou seja lá como é chamado alguém que exerça uma profissão de fé, que não seja de todo do Bem?" Existe sim, afinal não é do ser humano a qualidade de santíssimo ou 100% do Bem em todos os atos e pensamentos.
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