Esses dias, indiretamente, uma pessoa muito linda, linda mesmo, por dentro e por fora (se me permitem o clichê) tem me ensinado algo também muito lindo. Ela nem sabe que deu uma aula sobre a vida pra mim, mas faço questão de confessar e divulgar o bem que ela me fez.
Não a conheço de longas datas, não há convívio, não é minha amiga, ou pelo menos ainda não ( torço que seja), mas sabe aquelas pessoas transparentes que você consegue distinguir cada pedacinho da alma só de olhar bem nos olhos? Ela é uma.
Trabalha na sala em frente à minha. Ainda bem que, lá no meu trabalho, as paredes são de vidro; assim pude perceber a animação do setor naquele dia e o motivo da alegria. Lembrei de que a terça-feira dessa semana, dia 13 de dezembro, não era uma terça como todas as outras. Era o aniversário dela.
Como pude esquecer, se enquanto ela me dava carona, uma semana atrás, deu-se um silêncio momentâneo e do nada ela pensou alto, com uma empolgação quase incomum de se ver por aí: “ – Dia 13 é meu aniversário!” E pra minha surpresa, completou: “ – Dá um frio na barriga. Fico tão ansiosa”. Achei esquisito; não que ela seja esquisita, só achei diferente, porque eu nunca liguei muito pra datas, na verdade, nunca dei bola para uma data específica, a do meu aniversário.
Veja só, ano passado, cheguei pela manhã no trabalho, entrei na sala meio desconfiada e disse um “Bom dia!" normal e a sala de mulheres devolveu o meu “Bom dia!" normal também com o mesmo “Bom dia!" normal. Mas eu sabia que elas sabiam que era meu aniversário, da mesma forma que eu sabia que para elas tudo é motivo de festa, motivo da cota de refrigerante, bolo e salgado. Mesmo assim, respeitei o mistério do dia e fiquei na minha matutando: “ Elas vão aprontar alguma, ora se não!”
Passaram-se longos minutos até que libertaram o riso e sumiram comigo num abraço coletivo. Fui questionada pela indignação de uma delas: “ Como pode, menina, você aparece assim tão normal no seu dia?!”
Sempre achei normal, afinal todo o mundo faz aniversário uma vez por ano, todo mundo já nasceu um dia, o dia tal, do mês tal, ano tal, em que as mães deram à luz a um serzinho. Será que nunca dei importância por não me achar uma “luz”, não assim uma indivídua Brastemp?
Sei lá, só sei que a pessoa linda me fez enxergar o dia especial que é o Dia em que a gente veio ao mundo. Só sei que, enquanto voava sobre meus “tecos-tecos” apressados pelo corredor, parei um momento e reparei que o departamento da frente era só palmas e “parabéns pra você”(pra ela). Quando a vi - de pé, agitando as mãos no ar como quem pede aplausos e pulando como uma pipoquinha baiana- dissolveu-se a imagem decorada da minha agenda de afazeres do dia que circundava minha cabeça. Fiquei pensando: “ É, é essa vontade de celebrar minha existência que eu devo ter.”
Não pensei em mais nada, só mesmo em ir lá na mesa colorida dela dar um abraço pra lá de verdadeiro, de pura admiração. Ela transmitiu uma energia tão positiva pra mim. Entendi então o sentido da expressão que diz "dar à luz". Iluminada ela, pois além de adorar seu próprio aniversário, adora Deus.
Ontem, na carona, ela me deu mais uma lição, refletindo assim: " - Com tantas tragédias no mundo, comemorar mais um ano de vida é uma benção."
Agora sim, juro que sempre vou reafirmar com ansiedade: “ Dia 20 de janeiro está chegando! Meu Aniversário!" Juro que sempre vou celebrar cada ano de minha existência nesse mundinho de nosso Deus. E que venham os cabelos brancos!
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