Porque janelas e portas abertas não são suficientes pra ver o mundo e as pessoas lá fora, tive que demolir uma das quatro paredes.
sábado, 23 de junho de 2012
Uma visitinha e, logo depois, um dilúvio.
Pouco antes do "dilúvio" repentino, um passarinho veio da janela aberta do meu trabalho e tentou se abrigar no cantinho da minha mesa. Não pude presenciar essa situação pra lá de agradável e linda, linda demais; isso porque eu havia acabado de ser convocada para uma reunião em outra sala. Mas, claro, minhas amigas e colegas de trabalho me contaram tim-tim por tim-tim, pois já tenho até fama de "passarinha", de tão apaixonada por eles.
O passarinho tentou comunicar que algo incomum estava por vir, que algo forte e devastador viria diretamente do céu para a cidade, lavando-a como quem enxágua uma calçada fazendo uso de uma vassoura nervosa. Um temporal sem sereno antes como aviso prévio, assolou nossa cidade hoje. Sabe aqueles fenômenos sobre os quais você fica se perguntando: " Quando e como começou essa tempestade num copo d'água mesmo?" Neste caso, numa cidade nada preparada para acolher (escorrer) uma grande quantidade de água ao mesmo tempo, tempestade num copo mesmo, literalmente.
Então, o passarinho tentou avisar; fez sua trajetória de voo mais improvável, entre as quatro paredes de um ambiente de trabalho fechado, quase lacrado, não fosse a janela aberta só por um instantinho.
Contaram-me que a danadinha da ave foi parar no cantinho da minha mesa, em cima das impressões, quietinha na dela, na certa fazendo dali seu abrigo enquanto o Sol era encoberto. Com certeza, sabendo que naquele lugar há o amor de quem passa o dia trabalhando, mas não deixa de perceber cada canto de pássaro entoado em várias direções.
O passarinho estava lá até que alguém resolveu fazer uma fotografia sua. Assustou-se e acabou sendo resgatado no outro lado da sala. O herói do dia, o colega de trabalho, fez da sua palma da mão uma pista de voo, dando a dica pro bichinho:
- Vamos! Voa! Vai!
Nada, nem sinal da avezinha bater as asas. Não queria ir de modo algum. Então, o colega de trabalho deixou-a no batente da janela. Ficaria ali até que a coragem de voltar pro céu sombrio, que antecede a tempestade, voltasse. Talvez não botasse fé na força das árvores contra a força da água. O passarinho só temia o que teria de enfrentar lá fora.
Quando retornei da reunião, me relataram tudo e corri imediatamente até a janela na esperança de encontrá-lo. Já não estava mais. Pena que eu é que não estava na hora para protegê-lo.
Depois da visitinha, mais inesperado ainda foi o temporal que tomou conta das ruas e avenidas praticamente o dia inteiro. Até o painel, daqueles que exibem temperatura e hora, foi ao chão, vencido pela água aos montes.
O temporal passou, só não passaram minhas preocupações: "Será que todo mundo tá bem? O passarinho também? Espero tanto que sim!"
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