quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

" Branca?! "

- Sim, é branca a minha mochila!

- Bonita ela, mas é branca!

- Eu sei que suja rápido (...) Se sujar, quando tiver bem suja, eu lavo!


Tá, tá, não vou mentir que, antes de bater o martelo pela compra dela, pensei bem nisso, no esforço que eu precisaria fazer para mantê-la sempre com aparência de nova e lim-pinha. Eu sabia que mentira seria eu jurar pra mim mesma que a lavaria toda vez que surgisse uma manchinha de nada. Logo, só prometi mentalmente que nunca a tiraria dos meus ombros para colocá-la no chão, pensando em aliviar o peso sobre mim. Não pensei nisso para prevenção da sujeira a qual ela estaria sujeita, porque é normal coisas ou pessoas brancas de pureza se corromperem ao longo do caminho e se sujarem também. Do contrário, seríamos ingênuos e bobos até o fim de nossas vidas. Não perceberíamos duplos sentidos nas coisas; não enxergaríamos maldade em nada. Enfim, seríamos uns indefesos.

Então, só fiz a promessa de manter minha mochila branca-suja sempre suspensa nos meus próprios ombros, porque o legal é sempre levar com a gente nossas bagagens, tanto as boas quanto as ruins. Não podemos simplesmente ignorar o peso pesado dos maus bocados se são esses que nos preparam pra vida. Não é só jogar a mochila de lado, e deixar os problemas esperando até você criar coragem para carregá-los novamente.

Somos todos uns brancos meio sujos; que nem minha mochila transparecendo as manchas que deixei cair sem querer querendo, como o sorvete que cai na blusa e a gente só nota o estrago depois.

Mas há ainda os que preferem preto, porque disfarça bem as imperfeições. Mal sabem estes que o bonito é mostrar o que não é perfeito com o destaque que dá o plano de fundo branco. Assim, os outros notam rapidinho o que falta em você e o que tem neles pra complementar o seu "você".

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