Ontem, dei a volta ao mundo em busca de novas amizades. Saí da minha casa, um bairro bem, bem distante de qualquer endereço dessa cidade, acreditando, confiando que existe gente do bem nesse mundo. Não sei se é sorte ou pura coincidência ou obra de um ser divino, mas eu sempre me esbarro com gente que vale a pena confiar.
Eu sou facinha de confiar no lado bom das pessoas. A minha família, os meus amigos sabem muito bem disso. Por isso mesmo vivem no meu pé, me alertando que isso pode ser perigoso. "Elaine, cuidado! Tá um perigo essa cidade!"
Ontem à noite, no ônibus, estava a minha mochila colorida acomodada em meu colo. Eram quase 10 horas da noite, e o ônibus longe da minha casa percorrendo caminhos perigosos. Eu estava ali buscando me sentir mais segura sempre sentando ao lado de alguém, quando a pessoa ao meu lado tinha que descer na próxima parada.
Foi quando sentei ao lado de uma mocinha morena, aparentando ter seus 15 anos. Cabelo preto encaracolado, batom na boca e sombra nos olhos. Fui pedir uma informação, segurando um mp4 na mão. Ela tirou minha dúvida com a maior simpatia, direcionou o olhar pro objeto que eu tinha na mão e disse:
- Cuidado, tá? Melhor você guardar isso. Aqui é bem perigoso.
Olhei discretamente ao redor e agradeci pelo carinho de me lembrar de certas coisas. A menina-mocinha sinalizou sua descida e, antes de partir de vez, falou novamente pra mim que eu tomasse cuidado: "E cuidado!"
Bem, assento ao lado novamente sem ninguém, parti para minha próxima companhia desconhecida (até então). Desta vez, era uma mulher já feita. Gordinha com o "look" e a autoestima bem trabalhada, além de tatuagens visíveis espalhadas pelo corpo cheio. Ela viu uma feirinha de moda pela janela e daí começou a puxar assunto, conversando comigo. Em poucos minutos, parecíamos amigas de infância.
De moda rentável com clientela de turistas na cidade, ela pulou de assunto a fim de relatar seus dissabores a respeito do amor. Estava indo conhecer outra pessoa, deixando claro, para início de conversa, que tem namorado, que ele já a traiu uma vez e, por vingança, ela fez o mesmo. Acredita que homem não sabe fazer esse tipo de coisa direito, mulher, sim. Ela perdoou o atual namorado e quis propor relacionamento aberto. O carinha não topou e prometeu que não iria mais traí-la. Ela: - Ok. Mas se você trair de novo, eu traio também e você nem fica sabendo, porque mulher sabe fazer isso direito.
Ela falava, falava, eu a interrogava, interrogava e ria bastante de sua espontaneidade. Mas ela tinha que descer na próxima parada. Claro que antes disso, na intercalação dos assuntos, ela já havia me alertado da falta de segurança naquelas áreas. Fez questão de frisar que o terminal, onde era meu destino, era ainda mais cheio de gente perigosa. Pediu várias vezes que eu tivesse cuidado, dentre tantos outros conselhos de quem acaba de adotar uma amiga.
Minha nova amiga teve que descer para encontrar com o carinha a fim dela, mas antes perguntei seu nome e disse o meu. Me pergunte se eu me lembro agora do nome dela e eu direi não. Mas lembro de cada risada que demos juntas. Lembro com riqueza de detalhes da importância que foi sua breve presença na minha estrada de errante por esse mundo - pequeno para alguns, grande para outros-.
Depois dessa e de outras situações cotidianas que se somam a esta, estarei sempre alerta. O cuidado dos outros, o cuidado com os outros, o cuidado com o mundo perigoso, é bom tê-los sempre. Embora nem por isso precisamos ficar parecendo uns neuróticos apavorados. Apenas cautela com tudo na (da) vida.
Porque janelas e portas abertas não são suficientes pra ver o mundo e as pessoas lá fora, tive que demolir uma das quatro paredes.
domingo, 26 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Sobre ter sua própria voz.
Houve um tempo em que eu esquecia de cantar. A música vivia em minha cabeça, em meu coração, mas minhas cordas vocais pareciam travadas, quase enferrujando até.
Houve um momento em que a tempestade veio de surpresa. Eu estava na rua, o guarda-chuva esquecido em algum canto obscuro da casa. Eu já ia longe e não havia abrigo seguro por perto onde eu pudesse esperar. Aí, eu pensei: "Quer saber? Eu vou é debaixo d'água mesmo. Não vou nem derreter."
Eu vi o caos se desenhando e se materializando na minha frente. Eu era o próprio caos. Minha cabeça e os pensamentos dentro dela giravam sem parar. Meu auto-controle havia partido para o espaço sem me deixar um tchau sequer. Ainda meio resistente a qualquer tipo de conselho, eu resolvi ouvir a voz, a minha própria voz. Decidi que jamais deixaria alguém novamente me mandar calar meu canto. Eu não parei de cantar, desde então. Cantava só para mim mesma no início. Eu própria encarregada de me trazer paz. A ansiedade corroendo meu peito, e a minha voz acariciando meus medos.
Mas eu não podia contar só comigo mesma. Deixei minha família, meus amigos, novos amigos, essa gente toda me resgatar. Eu passei a olhar pra eles e até para os "estranhos" na rua com mais amor. Eu me tornei a curiosidade em pessoa. Quase tudo para mim agora é novidade. É fora do comum.
Eu não canso de ouvir histórias da boca das pessoas. Eu admito que sou pequena para me tornar grande com elas. A gente se ensina e aprende com o outro; um fluxo incessante que nos leva adiante.
Essas pessoas podem escolher caminhos opostos aos meus e, talvez, a gente nem mais se cruze por aí. Apesar disso, o tempo em que estiveram aqui foi mais que necessário, foi parte do que tenho me tornado hoje.
Hoje, ouvi: "Ei, te ouvir cantar me dá tranquilidade"
Hoje e sempre, resolvi que não vou parar mais de cantar.
Houve um momento em que a tempestade veio de surpresa. Eu estava na rua, o guarda-chuva esquecido em algum canto obscuro da casa. Eu já ia longe e não havia abrigo seguro por perto onde eu pudesse esperar. Aí, eu pensei: "Quer saber? Eu vou é debaixo d'água mesmo. Não vou nem derreter."
Eu vi o caos se desenhando e se materializando na minha frente. Eu era o próprio caos. Minha cabeça e os pensamentos dentro dela giravam sem parar. Meu auto-controle havia partido para o espaço sem me deixar um tchau sequer. Ainda meio resistente a qualquer tipo de conselho, eu resolvi ouvir a voz, a minha própria voz. Decidi que jamais deixaria alguém novamente me mandar calar meu canto. Eu não parei de cantar, desde então. Cantava só para mim mesma no início. Eu própria encarregada de me trazer paz. A ansiedade corroendo meu peito, e a minha voz acariciando meus medos.
Mas eu não podia contar só comigo mesma. Deixei minha família, meus amigos, novos amigos, essa gente toda me resgatar. Eu passei a olhar pra eles e até para os "estranhos" na rua com mais amor. Eu me tornei a curiosidade em pessoa. Quase tudo para mim agora é novidade. É fora do comum.
Eu não canso de ouvir histórias da boca das pessoas. Eu admito que sou pequena para me tornar grande com elas. A gente se ensina e aprende com o outro; um fluxo incessante que nos leva adiante.
Essas pessoas podem escolher caminhos opostos aos meus e, talvez, a gente nem mais se cruze por aí. Apesar disso, o tempo em que estiveram aqui foi mais que necessário, foi parte do que tenho me tornado hoje.
Hoje, ouvi: "Ei, te ouvir cantar me dá tranquilidade"
Hoje e sempre, resolvi que não vou parar mais de cantar.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Keep Calm,
Uma grande amiga, em sua despedida da empresa onde trabalho, me deu esse recadinho do Escritor que eu amo, Carpinejar.
Nunca vou despregá-lo do meu computador.
Enquanto esse amor não vem:
Keep calm, viva a vida.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Para boa entendedora, meia alface basta!
Estava almoçando, ontem, no refeitório da empresa, aí uma senhora, já de certa idade, comentou com a amiga em tom crítico:
- Mas, olha, eles colocam pra gente alface queimado!
Achei o comentário fora do comum e aí foi que fiquei mais ligada na conversa alheia. Acho que ela quis dizer que parte da alface estava estragada, e não queimada.
E a senhorinha começou a cortar, com garfo e faca, a parte da alface que julgou de se jogar fora. Ela mal iniciou o processo de descarte, de cortar e deixar no cantinho do prato, e eu não pude me conter. Tive que intervir com risadinha meio sem jeito:
- Senhora, é que esse aí é outro tipo de alface. Tem verdinho claro, o mais comum, e tem esse da folha escura. Não tá estragado não, tá? Pode confiar. Sou vegetariana.
Ela fez que compreendeu, mas não pude acompanhar se a alface de cor escura foi aceita depois. Desconfio de que ela continuou rejeitada no cantinho do prato, tadinha.
- Mas, olha, eles colocam pra gente alface queimado!
Achei o comentário fora do comum e aí foi que fiquei mais ligada na conversa alheia. Acho que ela quis dizer que parte da alface estava estragada, e não queimada.
E a senhorinha começou a cortar, com garfo e faca, a parte da alface que julgou de se jogar fora. Ela mal iniciou o processo de descarte, de cortar e deixar no cantinho do prato, e eu não pude me conter. Tive que intervir com risadinha meio sem jeito:
- Senhora, é que esse aí é outro tipo de alface. Tem verdinho claro, o mais comum, e tem esse da folha escura. Não tá estragado não, tá? Pode confiar. Sou vegetariana.
Ela fez que compreendeu, mas não pude acompanhar se a alface de cor escura foi aceita depois. Desconfio de que ela continuou rejeitada no cantinho do prato, tadinha.
sábado, 11 de janeiro de 2014
A CALOPSITA FOLGADA
DAS CENAS INUSITADAS QUE EU CAPTO POR AÍ.
A CALOPSITA FOLGADA
Eu pensei que, por amar demais os animais, não faria carinha de nojo pra uma cena que vi esta semana.
Eu, num restaurante self-service, me sirvo, escolho uma mesa para almoçar sozinha (só que não, impossível se sentir só com os personagens ao redor!)
Aí, o que vejo:
Duas amigas, já nos seus 40 anos, comendo tranquilamente, enquanto uma calopsita desfila de um prato pro outro, beliscando a comida das donas; adentrando nos pratos sem qualquer cerimônia.
Até então, a ousada ave só ia até as beiradas do prato. Mas houve um momento em que encheu os olhos e foi até a metade do prato. "Não é possível que a dona não se incomode agora!", pensei.
Para meu, nosso alívio, ela envolveu a calopsita com a mão cheia e afastou-a mais para a ponta. A ave ficou desfilando na mesa, penteando suas penas no ar e comendo, comendo.
Olhei para a garçonete e vi que ela estava fazendo cara de "eca" semelhante à minha e, logo em seguida, rindo horrores da cena inusitada. Nós rimos juntas, olhando uma pra outra. O senhorzinho, da mesa ao lado, babava pelo pássaro mais do que pelo salmão grelhado deitado em seu prato.
Acredite, a proprietária do restaurante e ninguém mais chegou para as donas da ave para pedir que elas se retirassem dali. Ou elas e a calopsita, ou só a calopsita.
A tal calopsita ficou lá, pousando de pássaro fofinho, que atrai admiração e nojinho alheio.
A CALOPSITA FOLGADA
Eu pensei que, por amar demais os animais, não faria carinha de nojo pra uma cena que vi esta semana.
Eu, num restaurante self-service, me sirvo, escolho uma mesa para almoçar sozinha (só que não, impossível se sentir só com os personagens ao redor!)
Aí, o que vejo:
Duas amigas, já nos seus 40 anos, comendo tranquilamente, enquanto uma calopsita desfila de um prato pro outro, beliscando a comida das donas; adentrando nos pratos sem qualquer cerimônia.
Até então, a ousada ave só ia até as beiradas do prato. Mas houve um momento em que encheu os olhos e foi até a metade do prato. "Não é possível que a dona não se incomode agora!", pensei.
Para meu, nosso alívio, ela envolveu a calopsita com a mão cheia e afastou-a mais para a ponta. A ave ficou desfilando na mesa, penteando suas penas no ar e comendo, comendo.
Olhei para a garçonete e vi que ela estava fazendo cara de "eca" semelhante à minha e, logo em seguida, rindo horrores da cena inusitada. Nós rimos juntas, olhando uma pra outra. O senhorzinho, da mesa ao lado, babava pelo pássaro mais do que pelo salmão grelhado deitado em seu prato.
Acredite, a proprietária do restaurante e ninguém mais chegou para as donas da ave para pedir que elas se retirassem dali. Ou elas e a calopsita, ou só a calopsita.
A tal calopsita ficou lá, pousando de pássaro fofinho, que atrai admiração e nojinho alheio.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Quando algo/alguém te tira do caminho.
Quando o ônibus desvia de sua rota habitual, nós, passageiros, ficamos meio atônitos. Meio é pouco pra expressar nossa reação. Parece até que nos falta o chão. Vai soar como exagero meu, mas, em momentos como esse, mais parece que nos rebolaram repentinamente numa nave espacial ou num foguete - para nos mandarmos para bem longe.
O ônibus se mete em ruas, ruelas e becos desconhecidos, que estavam sempre ali e ignoramos. Não nos cabia passar por esses cantos. Um imprevisto teria que acontecer para direcionarmos nossos olhares para a novidade. Novidade que assusta, a princípio.
O motorista contorce a direção, e os passageiros também se contorcem tontos, com olhar de medo mirando para o caminho estranho que se apresenta fora das janelas. Começam a segurar nos cantos do veículo com mais força. Agora não é o medo de cair com as freadas, é o medo do desconhecido.
A reação da maioria é gritar para o trocador e motorista, alertando que precisavam descer em tal canto. Para recobrarem a zona de conforto de onde os tiraram, correm para a porta de saída, só pra garantir. Garantia de quê? De que vão descer no caminho previsto, de que vão ver e viver as mesmas coisas - todo santo dia -.
No final das contas, ou melhor, dos desvios, as pessoas acabam se encontrando. No começo, é normal se sentir perdido. Podem até nos despachar numa parada onde nunca pisamos, mas, com paciência, tudo dá certo.
Lembrando que, para chegarmos ao mais ou menos certo, porque não existe o certo pra tudo na vida, temos que nos aventurar, nos jogar em muitos erros antes. Muitas vezes, precisa que algo fuja do roteiro rotineiro. Assim, acordamos. Passamos a olhar com outros olhos a nova realidade que se exibe. Nesse caso, não temos escolha. Seguimos em frente ou desistimos de vez.
A verdade é que precisamos de um empurrãozinho, como uma topada, meio traumática, mas que nos faz avançar, de um jeito ou de outro.
O ônibus se mete em ruas, ruelas e becos desconhecidos, que estavam sempre ali e ignoramos. Não nos cabia passar por esses cantos. Um imprevisto teria que acontecer para direcionarmos nossos olhares para a novidade. Novidade que assusta, a princípio.
O motorista contorce a direção, e os passageiros também se contorcem tontos, com olhar de medo mirando para o caminho estranho que se apresenta fora das janelas. Começam a segurar nos cantos do veículo com mais força. Agora não é o medo de cair com as freadas, é o medo do desconhecido.
A reação da maioria é gritar para o trocador e motorista, alertando que precisavam descer em tal canto. Para recobrarem a zona de conforto de onde os tiraram, correm para a porta de saída, só pra garantir. Garantia de quê? De que vão descer no caminho previsto, de que vão ver e viver as mesmas coisas - todo santo dia -.
No final das contas, ou melhor, dos desvios, as pessoas acabam se encontrando. No começo, é normal se sentir perdido. Podem até nos despachar numa parada onde nunca pisamos, mas, com paciência, tudo dá certo.
Lembrando que, para chegarmos ao mais ou menos certo, porque não existe o certo pra tudo na vida, temos que nos aventurar, nos jogar em muitos erros antes. Muitas vezes, precisa que algo fuja do roteiro rotineiro. Assim, acordamos. Passamos a olhar com outros olhos a nova realidade que se exibe. Nesse caso, não temos escolha. Seguimos em frente ou desistimos de vez.
A verdade é que precisamos de um empurrãozinho, como uma topada, meio traumática, mas que nos faz avançar, de um jeito ou de outro.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Solicitação de RG com direito a bullying
Aí, você vai pedir 2ª via da sua identidade, e o carinha faz piada com o nome da sua rua e, no fim de tudo, ainda pergunta sua altura, dizendo ser necessário saber e acrescentando:
"Sei que não é muita, mas.."
E ainda inclui mais 2 centímetros, alegando que é pra me deixar feliz. Que gentil!
(Das coisas que só acontecem comigo)
"Sei que não é muita, mas.."
E ainda inclui mais 2 centímetros, alegando que é pra me deixar feliz. Que gentil!
(Das coisas que só acontecem comigo)
Na depressão pós-foto 3x4
E por mais que você tente ficar linda na sua temida foto 3x4, aquele trocinho de imagem prova que todo seu esforço foi em vão.
Pra completar, a moça da loja, que bateu a bendita fotinha, olha pra sua cara maquiada em vão, e fica meio que pressionando pra que você escolha a versão menos horrorosa do seu rosto.
Versão que vai parar na sua identidade. É dose!
Pra completar, a moça da loja, que bateu a bendita fotinha, olha pra sua cara maquiada em vão, e fica meio que pressionando pra que você escolha a versão menos horrorosa do seu rosto.
Versão que vai parar na sua identidade. É dose!
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