Eu pego carona com meu pai de manhã bem cedinho. Ele me deixa no trabalho e depois vai pro dele.
É muito provável que a gente não se veja por vários dias. Mas quando a gente raramente se encontra, durante a semana, é na mesa do café da manhã, às 05h45, e depois no carro, às 06h10 no máximo. Mais do que isso, ele grita um "Bora, filha" apreensivo.
Na carona, ou estou lendo algo, ou cochilando, ou tagarelando (sim, tem dias que estou até inspirada pra jogar conversa fora tão cedo da manhã). Muda, sonolenta ou tagarela, ele gosta de me ver bem de qualquer jeito. Estou lá de copilota, toda zen, quando, do nada, ele implora:
- Ô, Filha, sobe seu vidro aí!
E para completar, resmunga:
- Tá toda assanhada. Nossa!
Eu acho graça e imediatamente cumpro ordens. Subo o vidro, mas nem tanto, e dou uma ajeitada no meu cabelo curto e bagunçado pelo vento.
Faço isso, não porque me importo com minha imagem no espelho àquela hora da manhã. O importante é ver meu pai bem ao me ver menos mal.
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