Chegou meio deprimida, disse o boa noite de costume pra mãe, sentou por alguns minutos na cama arrumada e deixou que a música dos fones a absorvesse. Achou incoveniente a velocidade do pensamento, a mil por hora sem placa, e a direção? Começou pensando em sua própria sorte e depois se estendeu imaginando como andava seu irmão e a amiga.
Jantou com fúria na ingestão e como sempre encontrou algum prazer naquilo, como se tivesse valido a pena mais aquele dia de batalha mesmo sem ela como guerreira. Buscou compensações pra tanta lamentação e encontrou uma long neck perdida na geladeira. Achou que agradaria a gelada companhia fora de contexto, na semana, sem festa, sem amigos.
Foi ao quarto abandonado e concentrou pela primeira vez a atenção no violão empoeirado do irmão, ao lado, a guitarra e a caixa de som muda. Lembrou que havia um microfone e teve certeza que onde quer que ele estaria, também deveria agora ser domínio dos ácaros. Enfim, adormecia, ali, o cenário do abandono do que verdadeiramente gostavam eles de fazer: fazer parte da música.
O irmão brincava com as cordas, quase fazendo todo mundo crer que as notas falavam. E ela; ela cantava sozinha, fazendo a mãe opinar dizendo que a filha só gostava de música triste.
E então a cerveja acabou e ela resolveu acabar logo com aquele texto nostálgico e também mais sem sentido de todos que já tinha tentado deixar bem escrito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário