quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Risco alheio


Trecho de Babylon(Zeca Baleiro)

"não tenho dinheiro pra pagar a minha ioga
não tenho dinheiro pra bancar a minha droga
eu não tenho renda pra descolar a merenda
cansei de ser duro
vou botar minh'alma à venda
eu não tenho grana pra sair com o meu broto
eu não compro roupa por isso que eu ando roto
nada vem de graça nem o pão nem a cachaça
Quero ser caçador ando cansado de ser caça"

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Achados e perdidos


Tava indo por ali,
foi quando eu perdi.
Senti falta de algo
não eram os óculos?
Não, porque eles já não estão
Eram minhas peças de roupas?
ainda bem que não!

Perdi, só sei que esqueci
Compro, gasto, perco objetos
esta perca tão desnorteadora
de todo alguém perdido
É assim, se quiser me encontrar
Procure-me nos achados e perdidos.

coisas deixadas,
apego material conflitante
é . até queria ser desapegada
acreditar no dito:
"embaixo da terra,
você não leva nada"
...

Ah. Não!
Onde estão meus cabelos?
Achei o shampoo,
Achei o brilho labial,
só falta os lábios.
Achei o oxigênio,
só falta as narinas.
Achei o calor do sol,
só não consegui ver a luz,
Achei o meu amor,
mas perdi meu coração.

Ainda penso, questiono
Mas esqueci minha cabeça
Alguém pensa sem cérebro?
- Por obséquio,
alguém viu um cérebro por aí?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

É você


Sonâmbula, acordada, em transe
os pensamentos fervilham
É você, meu amor
Incrível como é intenso
sem tento ,
sentimento pacific-a-dor.
Príncipe real,
Deus da imperfeição
Fique sempre aqui,
migrando da minha mente ao coração,
num ciclo rítmico sufocante,
e ao mesmo tempo cheio de fôlego.
Príncipe que encanta,
Deus da realidade,
me ame com seus defeitos,
me incomplete com suas perfeições
pra que eu possa te cobrar mais beijos
Você tem o dom de transformar
segunda-feira em sexta- feira
Eu quero toda feira
ao lado de tua beleza
Seu belo nunca vi em niguém, acredite.
Amo- te verdadeiramente.

domingo, 14 de setembro de 2008

Volta Sabiá..


Meu sibilar, meu sabiá
Não deixe que os sons se percam na distância
Corte esta ausência
Alça o teu vôo e vem nos agraciar com a pureza de tua beleza
Vem de encontro. Prometo! Ninguém vai te aprisionar na gaiola
pois os tempos e pensamentos são outros
Volta para estes ares
Traz vida em teu encanto
emite o canto
e faz a natureza falar

Vem anjo!
Vamos voar com você

Todo o mal
você pode aliviar
sabia, sabiá?

Volta!
O velho mundo acabou
renovou- se como por um milagre
O Criador se deu ao trabalho
de dar mais uma prova de seus dons

Só você sabe o quanto Ele não suporta mais
ver a fumaça vinda da Amazônia
e de tantos outros cantos
com vestígio do verde

Volta!
Vem e alimenta esta sede
Estamos sedentos
do amor pela natureza.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O vazio

Notícia que deixa apenas o Vazio...
Mas ainda insisto em querer entender
o porquê de tudo isso.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Seguimos


Longe daqui, seguimos adiante.
Corpos dispostos a sentir
toda e qualquer sensação
Pode ser triste, leve, sem noção
Basta o amor estar perto
Pra dizer ao certo,
qual decisão nessa imensidão

Sem depressão, nem dor
Livres do mal e do bem,
apenas libertos num eixo de equilíbrio
acima dos céus. Espera tem fim.
Seguimos adiante, na busca de paixões,
combustível vital para os anjos e mortais.

Sangue jorra, vida a fora
E damos continuidade
nessa trajetória que
não vai findar tão cedo.

Sem desleixo, seguimos
entre erros e acertos
mais distante, adiante

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Riscos que não são meus


Bandeira

"Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio pra sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso, seja lá o que isso for
Eu não quero aquele, eu não quero aquilo,
Peixe na boca do crocodilo
Braço na Vênus de Milo acenando tchau.
Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro, este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o Tejo me escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o rio Nilo,
Quero tudo ter estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo, água e sal
Nada tenho, vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quando
Vida, vida noves fora zero
Quero viver, quero ouvir, quero ver
(se é assim, quero sim... acho que vim pra te ver)"


Zeca Baleiro (Perfil)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Virou manchete

Josué jurou ter sido abduzido. Reza a lenda que Josué da Silva Neto teria sido levado por seres não identificados, mais propriamente conhecidos como extra- terrestres, alienígenas, ET's. Enfim, alguma coisa rotineiramente vista pelas regiões onde São Judas perdeu as botas, vestimentas e corpo inteiro.
Neste interiorzinho, tudo é só mato. E quando viram, pela primeira vez, aquele grande círculo depilador das raízes dos vegetais que jaziam ali, a notícia correu como rastro de pólvora. As línguas treinadas para notícias escandalosas desenbestaram- se país a fora. Foram parar no principal telejornal do sudeste. Os jornalistas até optaram por excluir a apresentação de uns dados sobre a fome no mundo. O grande destaque foi: “O misterioso desaparecimento - senhora diz que marido foi abduzido por seres extra- terrestres”.
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Pois é, Josué tanto foi abduzido, como teve a oportunidade de reaparecer para contar com mínimos detalhes o que lhe ocorreu. Diz ele que ao caminhar na estrada, o clima não estava lá muito favorável, sentia o corpo fervilhar no fogão a lenha do planeta. Avistou, então, algo que não reconheceu de imediato. Só consegue lembrar do momento em que pisou na terra sem sentir as folhas roçarem nas pernas. Olhou ao redor, e viu que estava no meio de um círculo perfeitamente redondo. Olhou para o céu, ouviu o canto de um pássaro habitante da região. Logo, sentiu a vista ofuscar com um grande clarão solar. Seu corpo se desvaneceu em suor e tudo ficou escuro.
Josué viajou pela plano negro ocular. Inconsciente, começou a enxergar manchas que se transformavam em silhuetas verdes e fantasmagóricas. Não estava sozinho, via agora com precisão as criaturas de grandes olhos, braços mais longos que o corpo e altura um pouco maior que a de um jogador de basquete.
Um absurdo: Josué não estranhou aqueles seres. Como todo bom habitante da região de S. Judas, pegava amizade fácil e se mostrava bastante hospitaleiro para com os novos companheiros de prosa. Diz Josué que conversou bastante com as tais criaturas cheias de gosma. Afirma ter sido colocado numa poltrona constituída de um material intergalático. Ficou horas a contar suas famosas histórias: fantasmas que 'buliam' nos punhos da rede na qual dormia, chupa- cabras que invadiam suas cercas, dentre outras memoráveis.
Seus recém-amigos esbugalhavam suas infinitas órbitas, sempre atentos a cada capítulo contado com entusiasmo. Infelizmente, os alienígenas camaradas lhe noticiaram que chegava a hora de partir. Josué de volta pra casa. Espetáculo feito aos olhos das lentes objetivas do câmera-man, a pensar com alegria o quanto aquilo daria audiência.
Josué da Silva transformou-se numa celebridade vinda direto do disco para as manchetes.